Como é o vaivém urbano na China?
Eu ja mencionei isso antes, mas vou repetir: Shanghai é a cidade mais conveniente do mundo.
Em todos os sentidos da vida cotidiana, a China oferece muitas facilidades. E aqui entra o sistema e possibilidades de transporte, que não ficam atrás quando o assunto é conveniência e facilidade de acesso.
A China é o pais mais populoso do mundo e quando me mudei para lá, estava pronta pra encarar um caos urbano jamais visto. Como alguém que emigrou diretamente de São Paulo, imaginava que talvez a China fosse igual ou pior que a metrópole brasileira. Mas mesmo sendo maior em tamanho e muito mais super povoada, eu errei feio. O fluxo vai muito bem na China, obrigada.
As motocicletas e afins
Comecemos pelo que julgo ser o maior impacto das ruas: as famosas motocas, scooters ou bicicletas elétricas. Há um mundo paralelo de mini motocicletas alternativas andando pelas ruas chinesas. Avós com seus netos equilibrados na garupa, entregadores com caixas prestes a cair e estrangeiros exibindo seus fones de ouvido enquanto o vento bate na cara.
Andar pelas faixas de motos e scooters se torna um estilo de vida e uma forma extremamente fácil de se locomover. O preço também chama a atenção pois por ¥ 2.000, 2.500 (algo em torno de R$ 1.200) compra-se um bom veículo que pode chegar a 60km/h.
Para os estrangeiros as regras também se aplicam. É preciso registrar a compra na polícia local e obter uma placa oficial da cidade. Mas, é claro, isso também é fácil. Eu me rendi a scooter elétrica no meu sexto mês morando na China e até hoje me questiono porque não comprei uma antes.
É realmente muito bom andar por aí, com a vantagem de estar em um país seguro onde até mesmo posso dirigir sozinha à noite. Basta calibrar os olhos para os cruzamentos insanos e ignorar um pouco o amor que os chineses tem pela função da buzina.
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Transporte Público
Para os que ainda não migraram para as margens das ruas com as suas motos elétricas, obviamente a China dispõe de um ótimo sistema de transporte público.
O metrô de Shanghai, por exemplo, é um dos maiores do mundo. As linhas ligam todas as regiões da cidade, literalmente, até mesmo àquelas que já são praticamente outra cidade de tão longe. O que eu gosto de chamar de ABC Shanghainense.
Atualmente o cidadão chinês pode optar por manter a versão virtual do cartão do metrô e carregar com débito diretamente da conta bancária, o que é mais uma facilidade para nós.
Infelizmente como a China não é mágica, há a miríade das estações gigantes com mais de 12 saídas, onde fica muito fácil se perder ou sair no lado totalmente oposto do desejado.
Nos horários de pico os metrôs também são bastante lotados, mas chega a ser engraçado observar os vagões e plataformas lotadas em um país como a China. As pessoas fazem fila pra entrar, o que eu obviamente reparei logo de cara.
Mas parece que mesmo seguindo tantas regras sociais, os chineses não tem regras e isso é uma utopia cômica, na minha opinião. Eu já vi chinês fazendo suas necessidades básicas em plena plataforma de metrô, não vou mentir. Foi só uma vez, mas me marcou o suficiente pra eu querer compartilhar isso e atestar o quão louca a vida na China pode ser, até num simples embarcar de metrô.
Outros transportes
Não me surpreende que o Uber não seja permitido na China. Mas como nada se cria, tudo se copia, a China logo tratou de criar o seu próprio Uber nacional. Na China, o serviço de car sharing chama-se Didi e funciona exatamente igual ao Uber portanto, sem maiores explicações aqui.
Duas coisas que me chamam muita atenção como usuária. Primeiramente, as filas. Eu tenho a impressão que a quantidade de carros servindo ao Didi, não chega nem perto da quantidade de pessoas precisando do serviço. Em dias de chuva ou de muito agito na cidade, as filas no Didi são desanimadoras. A mensagem na tela: “você é o número 67 na fila, com tempo de espera de aproximadamente 59 minutos”, me faz desistir na hora. Acho que esse foi um dos maiores motivos para eu decidir comprar uma scooter.
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Mas há outra opção para aqueles que não dirigem, estão com preguiça de pegar o metrô mas, ao mesmo tempo, muito longe do destino final para arriscar ir a pé: as bikes alugadas. Andei vendo que essa realidade tentou a vez no Brasil. Na China, não há vida urbana sem elas.
As “laranjinhas” e “azulzinhas” estão, literalmente, em todo canto. No Alipay, responsável pelas bikes azuis e, na minha opinião, as mais confortáveis, paga-se ¥18 (R$10) por mês pelo acesso ilimitado. Na Mobike, pelas laranjas, paga-se ¥20 (R$11). Eu diria que é um dos dinheirinhos mais bem investidos do meu dia-a-dia. Às vezes, pela facilidade ou até mesmo vencida pela preguiça, confesso, desbloqueio uma bike pra ir até a esquina. Acontece!
O chinês se movimenta com facilidade porque não tem a desvantagem que eu, como estrangeira, tenho. Apesar de não me atrapalhar em absolutamente nada e eu achar até engracado, difícil mesmo é acostumar-se com os nomes até começar a se localizar na cidade. Entre Changshou e ChangshU, Wuding e WuNing, ChangPing e ChangNing, ZhongSHan e ZhongTan fica meio difícil dominar as ruas e direções. Mas nada que um bom Baidu Maps não resolva afinal, é da China que estamos falando e Google Maps, nunca nem vi.