Imagine a situação: você está na reta final dos preparativos da sua viagem e descobre que um dos membros da família, muito querido e que necessita de cuidados especiais, não poderá embarcar com você. Estou falando do seu pet (animalzinho de estimação) … e de uma história que aconteceu comigo.
Acostumada a viajar muito e mãe de uma Chihuahua, que amo de paixão, resolvi contar um pouco do que já passei nesses cinco anos da existência da Tequila no nosso clã. Vou começar pela pior experiência de todas e assim evitar que você passe pelo mesmo, pois não desejo a ninguém o drama que eu vivi. Para quem não tem um bichinho de estimação, pode até parecer “chilique de perua”, mas quem tem um na família, vai entender perfeitamente o que passei.
Antes de começar a contar a saga de trazer Tequila de volta pra casa, quero deixar bem claro que sou uma pessoa organizada e metódica, do tipo que pesquisa e planeja bem as coisas. Com este episódio, aprendi a procurar “pelo em ovo”, a ser mais insistente e não acreditar somente no que pessoas “experientes e qualificadas” têm a dizer.
Pois bem, Tequila nasceu em março de 2011. Quando eu a comprei, ela já veio com o passaporte e o chip de identificação, itens obrigatórios aqui na Holanda. Eu sabia que em julho eu iria para o Brasil, então tratei de tomar TODAS as providências para que nada desse errado; ou assim eu pensava.
Na época, liguei para o Consulado Brasileiro em Roterdã, para o o VWA (órgão holandês que trata da importação e exportação de animais) e, ao que tudo indicava, todas as providências estavam corretas. Cumpri todos os requisitos necessários e, ao chegar ao Brasil, não houve o menor problema para passar com ela pelo controle.
O pesadelo começou na volta… eu não possuía a informação de que gatos e cachorros que deixam o Brasil com destino à Europa necessitam, além de todos os outros procedimentos para viagens internacionais, de um atestado específico chamado “Sorologia da Raiva”.
Naturalmente que eu não tinha: afinal, ela nascera na Holanda, onde a doença é erradicada – e portanto não havia, teoricamente, necessidade de fazer o exame. Inclusive, eu havia feito esta pergunta específica para a agente do órgão holandês, que me garantiu que por tratar-se de férias, o exame não era necessário.
Pois bem: poucos dias antes do retorno para casa, fiz todos os procedimentos que considerava adequados e dirigi-me ao Aeroporto do Galeão (RJ) a fim de pegar a autorização para viajar.
Lá, fui informada de que não poderia embarcar com a minha cachorrinha. Fiquei devastada, chorei, implorei, usei de todos os argumentos e a resposta foi enfática: não é possível. Não é permitido.
Assim aprendi, na raça e com sofrimento, como proceder e agora compartilho com você o passo a passo para que você nunca viva essa experiência dolorosa…
Chipe o seu animal: mesmo que você não pretenda viajar, pois o chip é uma ajuda em caso de perda, já que todas as informações – suas e do bichano – ficam armazenadas em um banco de dados e garantem a legitimidade do animal e a do dono. Não é preciso ter pedigree para implantar o chip. O procedimento é rápido e, praticamente, indolor.
Providencie o passaporte: ele não só é o documento obrigatório no caso de uma viagem internacional, como é uma espécie de livrinho com todas as informações de consultas, vacinas, testes imunológicos, etc. É muito parecido com uma caderneta de vacinação infantil, só que mais completo.
Mantenha as vacinas absolutamente em dia: no caso da vacina antirrábica, então, nem se fala. Se você atrasar um dia sequer a data de reforço, o atestado de Sorologia da Raiva perde a validade.
Colete o maior número de informações possível: as leis e procedimentos diferem de país para país e podem mudar com as políticas vigentes. Ironicamente, quando voltei com ela para a Holanda e apresentei o tal atestado, que me custou tanto dinheiro quanto lágrimas, fui informada que ele não era necessário. Fiquei atônita e furiosa! Mais tarde, pesquisando, descobri que não era uma exigência holandesa, mas da União Europeia. Daí a pessoa do órgão local não saber me informar.
Entre em contato com a companhia aérea com a qual pretende viajar: sim, este item é de máxima importância. Imagine você com a passagem comprada, descobrir que a companhia não aceita animais na cabine, por exemplo. Cada companhia tem suas regras e parâmetros.
A KLM, por exemplo, aceita animais de até 7kg na cabine (incluindo o peso da bolsa ou caixinha em que ele irá acondicionado), porém só aceita dois animais por voo. O ideal é ligar e avisar que você levará consigo seu pet assim que comprar a passagem a fim de garantir que ele embarcará com você.
Prepare-se para o voo seguindo passo a passo as recomendações da companhia aérea: as exigências costumam ser muitas e qualquer coisa fora do padrão pode atrasar ou impedir o seu embarque com o bichinho. As companhias disponibilizam em seus sites todos os critérios para viagem com pets.
Atenção para um detalhe: o que se aplica a uma empresa, pode não se aplicar à outra. E é bom, também, conferir a cada viagem se as regras permanecem as mesmas.
Evite voos com conexões: tenha em mente que voos longos e com conexões são exaustivos até quando está tudo correndo bem, sem atrasos ou imprevistos. Se para os humanos, que entendem o que está acontecendo, viagens já são cansativas, imagine para o bichinho que sente o estresse de estar confinado em uma bolsa por horas.
Além disso, pode acontecer de, em determinado trecho, o animal não ser permitido na cabine. Outra história que aconteceu comigo… Há alguns anos, não havia voo direto Amsterdã-Rio de Janeiro. Então, planejei um voo com conexão em São Paulo.
Chegando lá, descobri que a Gol não aceitava animais na cabine e tive que despachar minha cachorrinha junto com a bagagem. Imagine a tensão de saber que ela ficaria horas sozinha esperando o próximo voo, depois de já ter ficado 12 horas dentro de uma caixinha. Felizmente, deu tudo certo e ela foi entregue em segurança, mas gerou uma tensão desnecessária em um final de uma viagem que, em condições normais, já era bem cansativa.
Programe sua viagem com a maior antecedência possível: tenha em mente que o processo para quem viajará pela primeira vez é burocrático, demorado e requer um grande aprendizado. Prepare-se para a ocasião com, pelo menos, 3 meses de antecedência. No caso do exame de Sorologia da Raiva, o animal só poderá embarcar depois de 90 dias da data da coleta do sangue.
Para quem está com tudo em ordem e tem toda a documentação necessária, ainda assim é preciso um período mínimo de dois a três dias, pois o animal terá que passar por um veterinário, que expedirá um atestado de saúde. Em posse deste atestado, o dono deve ir a um posto do Vigiagro a fim de expedir o Certificado Veterinário Internacional. Somente com a combinação passaporte + chip + CVI o animal poderá embarcar para a Europa.
Não desista de levar seu bichinho com você por conta dos preparativos: de maneira alguma quero colocar empecilhos e tentar convencer você a viajar sem seu amigo fiel. Pelo contrário, por ter passado por diversas dificuldades, procuro informar as pessoas, pois sei que ficar sem o pet também é muito ruim. E viajar com ele pode ser muito divertido! Depois que se aprende o caminho das pedras, o restante da estrada é só curtição…
E toda história pode ter um final feliz… Somente como “marinheira de primeira viagem” (literalmente!) tive problemas. De lá pra cá, Tequila já teve o passaporte carimbado inúmeras vezes e sempre com ótimas lembranças de viagem. Embarque sem medo!
Dúvidas frequentes e links úteis:
Como obter o passaporte e chipar o animal de estimação?
14 Comments
Exelente artigo, parabéns!!
Fica com Deus, Abraço.
Oi, Daniel! Muito obrigada pelo seu retorno. Fico feliz que tenha gostado. Um grande abraço e fique com Ele, também.
Que maravilhoso artigo Regina ,bom saber .queria levar minas gatas pra Holanda mas quando liguei pra KLM de São Paulo me passaram o contato de uma empresa alegando que não despachavam mais na cabine e apenas com essa empresa via Cargo , fiquei assustada com isso pq exigiam além do chip e vacina , um período de quarentena e exames e o valor de uns 5,500,0 pelo serviço de despacho !!!
Oi, Lidiane! Estranha a informação que lhe passaram… informe-se bem, pois muita gente dá orientação incorreta. O que lhe falaram de quarentena deve ter sido para se referir ao período de 3 meses entre a coleta do sangue para a sorologia da raiva e a liberação para os bichinhos deixarem o país. O Vigiagro é a melhor fonte para você se consultar sobre todos os procedimentos, pois é o órgão responsável por emitir a autorização de viagem. Boa sorte no processo! Grande abraço!
Oioi, adorei seu texto. Minha cachorrinha tem 9 meses mix chiuauhua e piquenes. (lindinha ). Moro na Holanda e qdo for visitar meus pais no Brasil quero leva lá e amei suas dicas. Ela tem o chip, o passaporte e esse exame de sorologia da raiva pede no veterinário mesmo né. Qual o nome em holandês por favor. Pq fui em uma veterinária e ela não sabia qual exame era. kkkk
Resumindo….a cachorrinha faz o exame de sorologia da raiva na Holanda e no Brasil vai no veterinário pra pegar o atestado de volta e vai no vigiagro para ter o atestado internacional?
Estava aflita já pq a empresa aérea não passou essas informações. Obrigada.
Oi, Viviana! Obrigada pela leitura. Vamos lá: bom, desconfie de tudo que falarem. O ideal é achar a informação escrita. O site da KLM fornece um link com todas as informações básicas, mas é bom verificar com os órgãos competentes (Vigiagro e VWA) para ver se nada mudou.
O exame da sorologia você pede no veterinário, mesmo. Observe que tem uma folha no passaporte da sua cachorrinha indicando onde ele deve ser anotado. Se o passaporte for igual ao da minha (emitido na Holanda), é na página 8 e tem, inclusive, o nome do exame: serologische test op rabies. É bom você ficar bem atenta, pois a veterinária que lhe atendeu não conhece muito bem do assunto… E, se for como no Brasil, o teste tem que ser feito pelo menos 90 dias antes da data de embarque.
O ideal é você ter a informação do teste escrita no passaporte (isso só quem pode fazer é o veterinário holandês). Se não for possível, leve o atestado com você. E o resumão tá certinho. Desejo muito boa sorte no processo (é burocrático, mas é fácil) e uma ótima viagem para vocês. Grande abraço!
Olá Regina! Moro em Portugal e viajo sempre com minha cadela uma linda Shi-Tsu. Estou indo para Amsterdam em Dezembro com a familia ( claro que ela esta incluida ) e queria saber se os Holandeses são tão amáveis com cães quanto os Alemaẽs. Posso levá-la aos lugares ? Em restaurantes por exemplo !!! Ahhh!!! Amei sua matéria sobre as mulheres Holandesas! Parabéns !
Olá, Silvana! Muito obrigada pela leitura e pelo seu comentário. Fico feliz que você tenha gostado dos meus textos! Sua linda Shi-Tsu será bem recebida em muitos lugares. A Holanda e seus habitantes são bem tolerantes com cães e muitos restaurantes os recebem com carinho. Em alguns, você tem inclusive um potinho de água para eles. Normalmente, quando não são permitidos, há uma imagem na porta, avisando aos donos. Eles podem circular normalmente no transporte público (sem necessidade de estar em bolsas, por exemplo) e há indicação em alguns parques para controlar onde eles podem circular soltos ou com coleiras. Note, porém, que há algumas restrições para algumas partes com gramado. Ali o acesso pode ser negado, pois as pessoas costumam deitar-se, fazer piquenique etc. Importante saber que nos museus o acesso não é permitido. Então, a solução é entrar em turnos. Desejo-lhe uma boa estadia em Amsterdã. Grande abraço!
Olá Regina! Obrigada por compartilhar conosco sua experiência. Eu trouxe meus dois peludos (2 cães) do Brasil para Portugal em 2015. Toda a documentação foi providenciada e deu tudo certo! Agora vamos nos mudar para a Holanda e não sei se precisa de alguma coisa diferente do que eles já tem… toda as vacinas em dia, sorologia, micro-chip, tudinho em ordem… será que na Holanda eles pedem algo diferente? E também gostaria de saber se preciso avisar algum orgão competente para a chegada deles no aeroporto… você sabe me dizer algo sobre isso? Pois em Portugal tive que avisar com antecedência o departamento responsável para que na hora do desembarque houvesse um veterinário disponível no aeroporto para inspeção dos documentos. Talvez isso porque eu estava vindo do Brasil com eles. Mas agora por já estarmos na UE não sei se precisa…
Agradeço antecipadamente!
Olá, Ana Paula! Muito obrigada pela leitura e pelo comentário. Estou de volta ao Brasil desde dezembro e não entrei com a minha cachorrinha na Holanda nos últimos 3 anos. Até 2014 (última vez que ingressei com ela), o procedimento era sempre o mesmo: o ingresso normal exigido pelos países da União Europeia.
Como você está saindo de Portugal, acredito que será mais fácil ainda (e mais barato, com certeza!). Eu lhe aconselho a ler as exigências no site da companhia aérea que você escolher. Assim, o check-in será mais tranquilo. Duvido que a Holanda faça mais exigências do que Portugal.
Não há necessidade de avisar. Você só apresentará o documento ao passar pelos portões de saída (próximos às esteiras de bagagem). Isso se lhe pedirem. Normalmente, eu avisava que estava passando com minha cachorrinha. E não havia nem conferência de documento. Tudo muito descomplicado e muito mais fácil do que era passar pelo Vigiagro (com todas as exigências) no Brasil. Boa sorte na nova etapa! Abraço!
Ola, obrigada pelas informações.
Eu também tenho uma chihuahua e planejo levá-la ao Brasil nas próximas férias. Já estamos no processo de vacina, documentação e etc. vamos também de klm, porém estou com dificuldades de encontrar uma bolsa dentro da exigência da cia aérea. Pode me informar onde comprou a sua? Obrigada
Olá Monique,
A Regina Oki parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Holanda.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Hola tudo bem?
Vou de férias pra Europa com meu dog de apoio emocional, para embarcar pra lá está tudo ok, gostaria de saber como será meu retorno com ela depois de 15 dias.
Preciso de algum documento da França pra cá.
Ficarei 15 dias em Paris
Olá Cida,
A Regina Oki parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Holanda.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM