Como se locomover em Barcelona.
Sabe aquele trânsito caótico de diversas capitais mundiais? Aposto que você logo pensou em Nova Iorque, Nova Delhi, São Paulo… mas aqui na capital da Catalunha o fluxo de veículos nem de longe se compara ao dessas cidades que citei como exemplo. E isso de estar completamente parado é coisa rara por aqui.
É claro que existe engarrafamento, especialmente nos horários de pico, mas não é nada colossal e acontece apenas quando a movimentação de pessoas é mais intensa. Fora dele, o trânsito costuma ser relativamente tranquilo e também menos selvagem!
Eu acredito que há dois principais motivos para isto.
O primeiro é porque Barcelona tem bem menos habitantes do que essas cidades acima. Havendo menos gente, obviamente há menos carros. O segundo motivo é que aqui o sistema de transporte público é supercompleto, cobre muito bem todos os cantos da cidade e também a região metropolitana. Trens, metrô, ônibus e tram (bonde, VLT de Barcelona) estão todos conectados.
Além de ser muito prático, o transporte público é também uma opção bastante segura. Sendo assim, muita gente é adepta de deixar o carro em casa e se deslocar em coletivos durante a semana.
Se você está vindo morar aqui e é daqueles que não conseguem viver sem carro, talvez seja bom começar a rever seus conceitos. Por aqui, a onda de não ter automóvel também já é uma tendência crescente.
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O importante a ressaltar é que apesar de o trânsito não ser um bicho de sete cabeças, encontrar estacionamento pode acabar sendo. Há opções de estacionamentos pagos, como o Saba (os valores estão disponíveis aqui), de parar na rua e usar o parquímetro, ou mesmo encontrar uma vaga de graça na rua – às vezes é possível ter sorte.
É bom levar em consideração também que muitos prédios são antigos e por isso não têm vagas de garagem, o que pode te trazer um gasto a mais: o aluguel ou compra de uma vaga.
Uma curiosidade: desenhado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí no início do século passado, o famoso edifício Casa Milà (também conhecido como La Pedrera) foi o primeiro projeto de prédio com garagem aqui em Barcelona.
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Cabify e Uber aqui não são tão usados como em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo. O Uber iniciou suas atividades faz somente uns três meses. O táxi acaba sendo mais utilizado, apesar de que, dependendo do horário e de onde você esteja, não seja tão fácil encontrar um. Eu conto nos dedos (de uma mão) as vezes que peguei um deles ou usei Cabify/Uber por aqui. Mas isso também é questão de preferência.
O que posso dizer é que o transporte público é o preferido da população, e sobre ele talvez fosse possível fazer um texto inteiro. Como já disse, eles cobrem a cidade inteira e muitas áreas adjacentes. Há vários tipos de passes disponíveis, e um que vale muito a pena é o T-10. É um bilhete de dez viagens, que pode ser usado em metrô, ônibus, tram e algumas linhas de trem. Atualmente custa 10,20 euros – ou seja, cada viagem sai por 1,02 euros. É possível, dentro de 75 minutos, fazer baldeação em diferentes meios pagando somente uma passagem. Mas atenção: é necessário alternar o tipo de deslocamento: por exemplo, metrô e ônibus. Caso contrário serão cobradas duas ou mais passagens.
Outras duas opções também muito usadas são as motos e as bicicletas. Há muita gente que opta pela primeira em vez do carro, já que é mais fácil encontrar onde estacionar. Quando digo motos, não fique pensando naquela quantidade de motoboys de São Paulo, que andam super acelerados e colocando a vida de todos em perigo. Aqui o pessoal é bem mais tranquilo. Raramente vejo alguém furando sinal ou andando em alta velocidade.
O dilema das motos e scooters são os furtos. Não é raro saber de alguém que estacionou e, quando voltou, seu veículo já não estava mais lá. Algo que é muito utilizado por aqui são as redes compartilhadas de scooters. É possível alugá-las por trajeto em aplicativos como Yugo, e-cooltra e Muving.
As bicicletas são bastante queridinhas por aqui. Muita gente tem sua própria bici, como se diz em castelhano. E aí se vê todo tipo de modelos, desde bikes ultramodernas (destas de ciclismo de estrada), passando por aquelas magrinhas estilo italiano, também pelas vintage e até uns cacarecos caindo aos pedaços. Cada um escolhe a que lhe convém.
E quem prefere usar a rede municipal de bicicletas compartilhadas – o Bicing – também estará bem servido. Este serviço está disponível apenas para residentes da cidade e suas estações estão amplamente espalhadas, o que o torna uma ótima opção de deslocamento. Paga-se uma tarifa anual de 47 euros e é possível usá-lo em viagens de até 30 minutos. Passado esse tempo, você será tarifado por minuto. Eu sou usuária e o considero bastante prático.
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As ciclovias em geral são boas. Ainda há o que melhorar, mas é possível trafegar sem grandes estresses. Um fator importante é que os automóveis costumam respeitar bastante as bicicletas, o que gera uma maior segurança para quem está pedalando.
E, por fim, não vamos descartar a opção de andar a pé. Nessa cidade tão bonita, com tantos atrativos, com tanta gente diferente, segurança, calçadas amplas, rampas para cadeiras de rodas e carrinhos de bebê e, ainda, carros que respeitam os pedestres, poder deslocar-se a pé é um privilégio!