A comunicação em Malta.
Comunicar é partilhar; é tornar algo comum; é a capacidade única e mais evoluída do comportamento humano para expressar, através de gestos e palavras, seus sentimentos, seus pensamentos e anseios, sendo assim essencial para a vida em sociedade.
Há vários estudos sobre a origem da linguagem humana, mas é indiscutível que se deu pela necessidade de adaptação do homem ao meio em que vivia e através de sua evolução, quando passou a se questionar a respeito do que ocorria ao seu redor e assim, ele encontrou na linguagem seu meio de comunicação.
Sabe-se que em sua origem, havia uma só língua, porém, os processos migratórios conduziram à separação linguistica, pois cada povo desenvolvia uma forma especifica de comunicação. Quanto maior a circulação dos povos por terras distintas, maiores as mudanças linguisticas, sendo difícil reconhecer a mesma raiz comum a todas as línguas.
Hoje, existem no mundo todo mais de 6.000 línguas diferentes, entre eles, o enigmático Maltês. A língua maltesa, falada apenas nas ilhas de Malta, Gozo e Comino, tem origem no Sículo-Árabe, dialeto árabe que se desenvolveu na Sicília, sul da Itália. Sendo assim, cerca da metade de seu vocabulário vem do italiano e do siciliano, e apenas 20% vem do inglês. Acredita-se que a primeira referência à língua maltesa se deu em 1364, porém passou a ser o idioma oficial do país em 1934, quando o italiano perdeu esse status. Devido também à influência siciliana no Sículo-Árabe, o maltês tem muitas características de contato com muitas línguas, sendo classificado como uma língua com muitas influências externas.
Entre a população, é crescente a substituição da língua maltesa pelo inglês em seu uso diário, principalmente entre a população mais jovem e que vive nas cidades mais turísticas, inclusive sendo obrigatório a aprendizagem de ambas disciplinas (maltês e inglês) nas escolas desde o início da alfabetização. Na mídia, a maior parte das emissoras de rádio e televisão utilizam as duas línguas, embora encontramos alguns canais em italiano, enquanto que a mídia escrita utiliza, em sua maioria, apenas a língua inglesa.
Para os estrangeiros que visitam e residem em Malta, o conhecimento da língua inglesa, mesmo que básico para os que estão de passagem, é suficiente, até porque aprender e se tornar fluente em maltês não é nada fácil; talvez quase impossível. Com o tempo e a convivência podemos identificar algumas palavras chaves e jargões, e até arriscar compreender o contexto de um diálogo, mas nada atém disso.
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É utópico porém, esperar que os malteses falem um inglês britânico, haja vista tamanha influência cultural, o que acaba por vezes dificultando ou distorcendo algumas compreensões. Vemos muitas queixas a respeito da pronúncia do inglês falado pelos malteses, por ser, por vezes tão “italiana”, e peculiar. Ouvi de muitos estudantes e turistas que o inglês de Malta não é bom. Sim, não há comparação ao “robusto” inglês de Londres ou ao “ritmado“ inglês americano; portanto, se a intenção é falar um inglês, digamos mais refinado e autêntico, já os antecipo, não tentem aprendê-lo e/ou desenvolvê-lo em Malta. O chamariz das praias paradisíacas, do clima ameno, das festas intensas e principalmente, do baixo custo, podem não valer tanto a pena.
Malta possui muitas escolas de idiomas, concentradas principalmente em St. Julians e Sliema, e por isso se transformou em uma grande fonte de renda para a população local e para estrangeiros que residem a mais tempo, pois, atém dos cursos oferecidos, o mercado e o comércio imobiliário tem incrementos nas suas demandas e preços, sendo uma atrativa fonte de renda.
Há uma crescente procura, principalmente por brasileiros, pelos programas de intercâmbios de inglês em Malta, então é natural cruzarmos com compatriotas e ouvirmos o bom português enquanto caminhamos pelas ruas do país ou dentro das salas de aulas. Assim, mais um prévio aviso ao que planejam chegar a ilha para estudar, e “fugir” de brasileiros: não venham! Melhor, não saiam de casa, porque estamos tão globalizados que nos espalhamos pelo mundo. E depois de muito questionar, criticar e refletir sobre isso, morando fora, vi o quanto é confortante encontrarmos alguém que fale a mesma língua, que tenha a mesma cultura, e que compartilhem de histórias e vivências semelhantes.
Quando decidi, aos 39 anos, voltar a fazer um intercâmbio e retomar meus estudos de inglês, estava em dúvidas entre Australia, Irlanda e Malta, e após muitas pesquisas, esta pequena e ensolarada ilha me atraiu pelas imagens. Não sabia muito sobre o inglês pronunciado pelos malteses, até porque isso é pouco divulgado pelas agências de viagens e pelas mídias de turismo em geral, mas busquei uma escola pequena, com alunos mais maduros e com o menor número de brasileiros possíveis, somente para me concentrar e me dedicar ao inglês. Escolha pessoal encontrada, o que não significa que não convivo com compatriotas; pelo contrário, eles se tornaram a minha família em Malta.
Terminei meu curso de 6 meses como me propus, conheci gente do mundo todo, aproveitei muito as festas e atrações locais e ainda consegui minha certificação. Para mim, a maior vantagem de estudar e viver em Malta é a possibilidade de encontrar, em um pequeno espaço de terra, tamanha diversificação cultural, cada um com seu idioma original e com sua típica língua inglesa.
Como já dizia o filósofo Paul Ricour: “Não pode haver uma totalidade da comunicação. Com efeito, a comunicação seria a verdade se ela fosse total”.
*Bonġu: bom dia em Maltês
8 Comments
Olá, sou Maxyne e penso em fazer intercâmbio no ano que vem e a ilha de Malta me atraiu não só por ser um lugar belíssimo, mas também por se encontrar na Europa.
Gostaria de saber quanto às (inúmeras) escolas de idioma que você mencionou: meu objetivo seria o intercâmbio de estudo de inglês + trabalho, sabe me informar se tem alguma escola que se encaixe nesse perfil? Ou pelo menos sabe quais são as principais escolas do país? Na internet tem alguns resultados, mas não sei se são confiáveis
Olá Maxyne, como está?
Primeira coisa a questionar: você tem cidadania européia? Caso não a tenha, Malta é um país que, diferente da Irlanda, não permite que o estudante brasileiro trabalhe. Assim, embora possa existir programas de intercâmbio com trabalho em Malta, o que sinceramente desconheço, para brasileiros não está disponível, a não ser que deseja fazer “cambio” de trabalho na escola onde estudará, como trabalho voluntário ou estágio, em troca de descontos ou gratuidade no curso de idiomas, porém isso é algo que deverá conversar diretamente com a escola porque não há um programa específico e dependerá da disponibilidade (e da boa vontade) de seus diretores. Digo isso, porque tanto na escola que estudei, quando em outras, conheço alunos que realizaram isso.
Se a sua intenção é um programa idiomas + trabalho, Malta não é a melhor opção.
Agora, sobre como escolher uma escola de idiomas frente a tantas existentes, dependerá de seus outros objetivos, como por exemplo, valores dos cursos, número de alunos em uma mesma sala de aula, quantidade de brasileiros na escola, flexibilidade de horário de aulas, entre outros.
As agencias de intercâmbio no Brasil, costumam indicar sempre as mesmas escolas, porque possuem contrato e comissão, por isso, é importante que você mesmo faça uma pesquisa na internet. Há um site que compila todas as escolas por idioma e país (www.languagecourse.net), onde você também pode fazer diretamente a reserva com a escola e ainda ter um pequeno desconto, além disso, há a possibilidade de reservar a acomodação.
Particularmente, começaria a busca pela localidade da escola, dando preferencia as que se localizam entre as cidades de St. Julians e Sliema, pois há escolas mas baratas, porém que ficam mais longe e até na ilhota de Gozo. As mais famosas e maiores são EF e EC, muito boa qualidade, porém mais caras e com uma quantidade muito grande de alunos. Eu optei por algo menor e com menos brasileiros, International House (IH) e foi bem satisfatória. Há também ESE, Clubclass, IELS, ESE…
Se precisar de outras informações, me escreva.
Abraços,
Marcela
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falo o inglês bem basicão mesmo, é possível ir sme problemas? e a ilha de Sicília, fica próxima? quanto tempo de ferry? quero conhecer esses lugares lindos que o sul da Itália possui! mas nunca viajei pela Europa.
Olá Patricia, tudo bem? Obrigada por comentar.
Malta é uma ilha muito turística, então há sempre muita gente que não fala inglês e aproveita da mesma maneira, ou seja, se é para férias vá sem medo. Apenas sugiro que, caso deseje morar ou ficar por um período maior, busque um curso de idioma.
Apesar de Malta não pertencer a Itália, é como se fosse seu quintal, tamanha a proximidade com a Sicília. Estive aí apenas uma vez e fui de avião que, na ocasião financeiramente compensava mais. São 30 minutos de voo.
De ferry são 4 horas até Catania. Você pode obter maiores informações no site da cia http://www.virtuferries.com.
Viajar pela europa é relativamente fácil pela curta distancia entre os locais e também pela facilidade de locomoção.
Se quiser mais dicas, me escreva.
Abraços,
Marcela
Olá Marcela, parabéns pelo blog!
Tenho interesse em estudar inglês em Malta e alguns pontos ainda me deixam insegura pelo local: 1. O fato de não viver imersa ao idioma inglês, visto que também falam maltês e em alguns casos italiano. Terei contato com o inglês dos turistas e estudantes, os quais não serão referência para o meu aprendizado. 2. O Sotaque dos malteses falando inglês e dos turistas de varias regiões, ou seja, poderá prejudicar e atrasar o aprendizado. 3. Escolas com muitos brasileiros e muitos alunos. O que poderia me dizer sobre estas observações? Obg!!
Olá Aline, obrigada!
Sobre suas observações:
– apesar de Malta possuir o Maltês como co-idioma oficial e muitos de seus cidadãos falarem italianos, como seu contato como estudante não será tão próximo dos malteses, acredito que não influenciará no aprendizado, até porque os malteses falam com estrangeiros apenas em inglês e em serviços públicos e comércios também é apenas esta língua. O maltes é utilizado entre eles.
– Sobre a diversidade de sotaques, acredito que como intercambista isto ocorrerá em qualquer país em que decida estudar. Nós mesmos como brasileiros temos a presença bem forte do nosso sotaque mesmo com a fluência da língua. Acredito que isso não atrapalhará no seu aprendizado. Eu, por exemplo, tive professores americanos, holandeses e ingleses, alias a grande maioria das escolas de idiomas possuem professores multiculturais.
– Agora sobre a escolha da escola, sugiro que se atente a questão da quantidade de brasileiros antes de fechar a matricula. Isto foi um dos requisitos para a minha eleição. Pesquisei bastante e optei por uma escola menor, com menos alunos por classe e com uma pequena quantidade de brasileiros para evitar o máximo, a facilidade da conversação em português. Os próprios sites das escolas disponibilizam esta informação, bem como as agencias de intercâmbios. Eu estudei na IH – International House e recomendo.
Malta, como qualquer outro pais, tem seus pontos fortes e fracos. Para mim, em relação ao aprendizado do idioma, é a grande quantidade de brasileiros que há na ilha neste momento, que por um lado te deixara mais acolhida, mas por outro te impede de soltar-se no inglês. Outro ponto ambíguo é o clima, pelas boa temperatura, tendemos a desfrutar o tempo nas praias e baladas e deixar as aulas e atividades de lado.
Se precisar de outras informações, estou a disposição.
Abraços,
Marcela
Não gostei de Malta para turismo e nem para falar inglês, pois o parco inglês falado no comércio local é muito pouco para quem quer praticar. Não recomendo.