A metrópole mais cool e moderna da China tem uma vida frenética que pulsa 24 horas por dia e infinitas opções de entretenimento, restaurantes estrelados e um mercado de luxo extenso. Será que tudo isso cabe no bolso?
Não, a China não é lugar da pechincha e da bolsa baratinha. Só porque tudo é produzido aqui e tem a tal da etiqueta, nem onde as falsificações xing ling são achadas a cada esquina, nada é baratinho. Pelo menos não em Shanghai.
Eu, como todos os brasileiros que já conversei sobre o assunto, tinha essa mesma visão antes de meu marido começar a fazer infinitas viagens para cá em 2017. Uma das primeiras conversas que tivemos a distância foi sobre o preço (altíssimo) dos produtos e o custo de vida em geral, até para podermos ter noção de onde estávamos “amarrando nosso burro”, caso viéssemos todos para cá.
Mesmo assim, quando pisei a primeira vez em Shanghai, para o Look and See (reconhecimento que as empresas oferecem em média de uma semana para o expatriado conhecer melhor o local, escolher a moradia e as escolas) fiquei abismada com os valores. Como assim uma pré-escola (internacional) custar o mesmo valor de uma faculdade de medicina do Brasil? Ou então o metro quadrado de um imóvel bom (não excelente) de três dormitórios ser similar ao pedaço mais caro de São Paulo e, ainda assim, não achar disponível para locação?
Eu sei, eu sei. Não dá pra ficar comparando lé com cré, mas é inevitável nas primeiras vezes tirar como base os valores que se está acostumado, pelo menos para mim esse era o processo natural. No entanto, uma coisa que aprendi (ou talvez acostumei) aqui, após muitas surtadas com os preços exorbitantes especialmente para quem é estrangeiro e leva a vida como tal, é parar com esse tipo de pensamento destrutivo: “Nossa, mas no Brasil eu pagaria menos da metade desse preço…” Agora estou vivendo em outro país que vive em plena ascensão econômica e um boom de desenvolvimento absurdo, por isso, a realidade vai ser outra e isso, claro, vai se refletir nos valores. Não tem choro.
Veja também: Custo de vida na Escócia
Então, isso é algo que tem que ficar claro quando você encara a mudança para Shanghai: o custo de vida é alto SIM, se você quer levar vida de estrangeiro. Se você já é mais de “se jogar” no mundo deles, com certeza, irá gastar bem menos.
Eu explico: se você quer ir só a restaurantes internacionais, comprar só produtos importados, no supermercado, roupas, usar a internet com VPN (uma rede particular que permite conectar-se em outro local físico, e ter acesso a serviços como Google, YouTube, Facebook, WhatsApp, Instagram e outros que são bloqueados aqui) assistir a canais de outros países, inclusive do Brasil, isso é possível em uma megalópole como Shanghai, no entanto, o seu gasto será bem mais elevado, afinal, os produtos são trazidos de outros países, correto?
Se você não liga em não viver nos bairros onde a maioria dos estrangeiros moram, é livre de preconceitos com a culinária chinesa, garanto que terá um custo de vida bem menos salgado.
Restaurante Chinês é a metade do preço do western, o produto no supermercado é infinitamente mais barato do que os trazidos de fora, morar em um bairro mais afastado e longe da “bolha dos estrangeiros” pode ser uma opção. O problema é que você cai em outra questão que, na minha humilde opinião, pega bastante aqui: não conseguir se virar caso não saiba falar o básico do mandarim. Apesar de Shanghai ser uma das cidades de crescimento mais rápido do mundo, chineses que falam inglês ainda é artigo de luxo por aqui, mas isso é papo para outro post.
Eu assumo, que ainda não consegui me jogar horrores na culinária chinesa, nem parei de comprar os produtinhos que me agradam de outros países no mercado e muito menos vou deixar de morar perto dos amigos estrangeiros, que é onde me sinto bem e segura já que meu mandarim não passa de contar até 10; por isso, meu bolso “sofre” um bocado por aqui.
Então, vamos ao que interessa que são os números em si. Tomei como base os valores da região onde moro – Lujiazui – que é o centro financeiro da cidade e pesquisei com amigos de outros bairros (de expatriados) e tirei uma média. Mas lembrando, NOVAMENTE que tudo vai depender de onde você vai morar e como vai levar sua vida aqui.
Aluguel
Uma informação importante quando você pensa em seu mudar para cá, é saber exatamente o local onde vai trabalhar e tentar assim conciliar escola dos filhos, moradia, etc. O trânsito aqui é caótico e não tem horário que dê trégua.
A metrópole é basicamente dividida em Puxi e Pudong (é cortada pelo Rio Huangpu), então, vai ser bem complicado e sacrificante você trabalhar por exemplo em Pudong e morar em Puxi, provavelmente vai demorar anos-luz para chegar em casa, a não ser que vá de metrô.
A maioria das pessoas que conheço trabalham em Pudong e também moram por aqui. A faixa de aluguel/mês de um apartamento nas duas principais áreas onde vivem expatriados (Lujiazui e JinQiao) de 2 dormitórios variam de CNY 16,000.00 (aprox. R$ 8,873.00) a CNY 40,000.00 (aprox. R$ 23,000,00) e de três dormitórios de CNY 25,000.00 (aprox. R$ 14,000.00) até CNY 70,000.00 (aprox. R$ 39,000.00).
Você pode conferir mais clicando aqui.
Transporte
A ótima noticia é que o sistema metroviário é excelente. Além de limpo e moderno, atende aos quatro cantos da metrópole com um valor bem em conta, a partir de CNY 3,00 (aprox. R$1,60).
Também é possível pegar táxi, mas aconselho o DiDi (o Uber daqui). O preço é bem similar com o que estamos acostumados no Brasil e você não precisa se comunicar com o motorista, o que se torna uma tarefa bem complicada até mesmo com o tradutor em mãos.
De ônibus, não tenho experiências positivas, pois cada um tem um itinerário próprio e é bem difícil de entender, mas a faixa é de 1 a 2 yuanes.
Roupas
A maioria das redes gigantes de fast shop como Zara, H&M, Forever 21 tem em todos os lugares e o preço, na minha opinião, é um pouco mais em conta comparado ao Brasil.
Escolas
A anuidade de uma escola internacional também varia muito de acordo com a idade. Para uma criança de cinco anos, por exemplo, os valores chegam aproximadamente de CNY 90,000.00 (aprox. R$50,000.00) a CNY 220,000.00 (aprox. R$122,000.00) /ano.
Internet
Por questões políticas, a China bloqueia a maioria dos produtos Google, como mencionei acima, e se você quiser ter acesso aos mesmos, terá que instalar um VPN, além da própria internet. Há VPN’s de graça e outros empresariais que chegam a bagatela de CNY 15,000.00/ano (aprox. R$8,400.00).
E não menos importante! Manicure e pedicure
Mais uma vez, a variável aqui é grande, mas nos bairros internacionais a faixa é de CNY 90,00 (aprox. R$50,00) mão e CNY 100,00 pé (aprox. R$55,00).
Sobre as compras de supermercado e restaurantes em geral, vale uma outra coluna só para falar sobre esse assunto, ok?
Até a próxima e boa sorte!
10 Comments
Grato! Não achei nada tão recente. Ajudou demais!
Que bom que as dicas foram úteis. Fico feliz em poder ajudar!
Aluguel e escola caríssimos! Estou analisando uma vaga de ir para Shanghai. Tens noção qto anual a média para viver na bolha dos estrangeiros?
Qts eles ganham em média ao ano para pagar todas essas despesas?
Olá Igor! A média de um imóvel nos bairros mais voltados para estrangeiros varia de $15.000,00 yuan até casas no valor de $75.000,00 yuan/mês, mas tudo vai depender de uma série de fatores, como localização, metragem, estado do imóvel, etc.
Geralmente as empresas “arcam”, ou dão uma boa ajuda no aluguel e nos estudos dos filhos de expatriados, mas também vai depender da política da sua empresa.
Obrigada pelas dicas foram muito uteis para acalmar a ansiedade de uma nova expatriação. Tavez no proximo ano irei morar ai hoje moro na India, acho que a adaptação em qualquer lugar do mundo vai ser fácil depois de ter passado por esta experiência fantastica na India.
Ate breve
Que legal Fernanda! Deve ser uma super experiência morar na Índia também né!
Tem noção qual cidade você vai morar na China?
Abraços!
Obrigada pelas dicas, estou muito perdida precisando de informações de custos de vida. Talvez me mude para Changsha no inicio de 2020. Poderia me informar quais sao os custos de supermercado.
Olá Andresa!
Vai variar muito dependendo dos produtos. Posso te explicar mais detalhadamente.
Se quiser me enviar um email fique a vontade para a gente trocar umas ideias!
abraços!
Ola Andrea, como ficou Shanghai depois da pandemia? Ainda continua por la?
Olá Giulliane,
Não temos no momento nenhuma colunista escrevendo da China para lhe responder.
Agradecemos entretanto pela sua visita.
Equipe BPM