Roteiro de três dias em Pequim
Se eu pudesse definir a maior de todas as vantagens na vida de um expatriado morando na Ásia em uma única palavra seria: VIAJAR. É fácil, pois os preços de hospedagem e passagem são convidativos e os lugares são absurdamente interessantes e lindos.
Em minha humilde opinião, não tem coisa mais prazerosa e gostosa no mundo do que conhecer outros lugares e culturas. Aqui, na China, quando sobra aquela brecha para o feriadão, o povo sai que nem doido procurando o próximo destino: é o maior fluxo de viajantes do mundo, então, nem preciso falar que se deixar para programar a viagem de última hora, a chance de não encontrar passagem, ou se encontrar o preço pode ser SURREAL é enorme, né?
A gente prioriza viajar para outros países e explorar ao máximo essa maravilha de continente que é Ásia, mas, dessa vez, aproveitamos que minha família estava em peso e decidimos ir para Pequim. Apesar de já estar há quase dois anos aqui, eu ainda não conhecia.
Icônica, emblemática e cheia de história, a capital chinesa – que é relativamente nova-, completou 70 anos em setembro e é, simplesmente, fantástica em cada detalhe, mas… prepare seus lindos pezinhos para andar, andar e andar. Como tudo na China, as distâncias são longas e tudo é enoooorme!
Tem criança pequena junto? Não pense duas vezes em levar aquele carrinho quebra-galho. Se para a gente é cansativo, imagina para os pequenos? Mas acredite: é tudo tão lindo que a recompensa final vale a pena.
Leia também: Passeios imperdíveis em Shanghai.
Para chegar:
De Shanghai, uma boa opção é pegar o trem bala. A viagem que liga as duas cidades (apenas com pouquíssimas paradas) leva em torno de 4h e 20 min e o custo da classe econômica (2ª classe, que na minha opinião foi excelente) foi de R$ 321,51. O trem sai da estação de Hongqiao. Dica: leve um lanchinho se você não é muito chegado à culinária asiática. Dentro do trem há apenas opções locais.
Obviamente, para quem não está por perto, a opção do trem cai por água abaixo. A boa notícia é que o preço dos voos dentro da Ásia não é salgado. Vem do Brasil? Já que não tem voo direto para a China, faça uma parada estratégica e, se possível, fique pelo menos duas noites no seu local de conexão. A diferença de horas é gigante e o fuso pega mesmo. O seu sono e humor vão agradecer esse pequeno pit stop!
Um aplicativo que utilizamos muito por aqui, tanto para passagens de trem/avião, quanto para hotéis é o trip.
Utilizamos também os serviços de um guia e foi simplesmente fundamental. Além de indicar os locais certos para não perdermos tempo nas filas das lotadíssimas atrações, ele já comprava todos os tickets e nos indicava os melhores restaurantes locais. Para quem não fala mandarim (como a gente) essa é a melhor, e arrisco dizer que, a única opção pra não ficar mais perdido que barata tonta por lá.
Dia 1 – Cidade proibida + templo do céu
Imagine uma cidade onde ninguém da população podia colocar os pés, a não ser a corte e seus súditos. Durante quase 500 anos e diversas dinastias, 24 imperadores chineses passaram por ali e governaram a tão famosa e luxuosa cidade proibida, hoje umas das atrações mais populares da China, concorrendo apenas com a muralha.
Localizada no coração de Pequim, o complexo chama a atenção do começo ao fim: seja pelo tamanho, pelo luxo, pelos incontáveis detalhes em sua construção e pela história.
É extremamente intrigante imaginar como os imperadores pensavam e tratavam seus súditos e suas mulheres. Havia locais específicos que só eles poderiam utilizar. Qualquer pessoa que ultrapassasse os limites impostos estava sujeita a duras e severas penalidades.
Não deixe de visitar o hall da suprema harmonia, onde se encontra o trono do dragão. Ali, reinaram os imperadores das dinastias Ming e Qing até as primeiras décadas do século passado.
O ideal é deixar um dia inteiro para conhecer a cidade, mas sabe como é. Com criança junto, nossos planos nem sempre saem como o esperado, né?
Quanto? Faixa de $60,00 yuan por ingresso.
Tem áudio guia em português para facilitar nossa vida logo na entrada (não está incluso no ingresso).
Se o dia estiver mais tranquilo de programações, não deixe de conhecer o templo do céu (temple of heaven). Menor que a cidade proibida, mas nem por isso menos importante e formoso, é uma ótima opção para gastar boas duas horinhas por lá (isso, é claro, se as filas te ajudarem).
O complexo foi construído para que os imperadores chineses pudessem realizar cerimônias, preces e sacrifícios pedindo boa colheita aos céus e está rodeado por duas muralhas (interior e outra exterior) em formato retangular para simbolizar a terra e outra redonda representando o céu.
Desde 1998 o templo é reconhecido como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Quanto? $50,00 yuan baixa temporada/ $60,00 alta temporada.
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Dia 2 – Muralha + Shaolin Kung fu Show
Eis que vem o ponto alto da viagem: a emblemática muralha da China. Muito mais impressionante do que bonita é um passeio incrível, mas que toma tempo: fica há aproximadamente duas horas do centro de Pequim e demora um bocado para se conseguir chegar até ela. Com grandes filas, o cable car é a opção mais viável e menos cansativa. Com mais de 21 mil quilômetros de comprimento é considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno.
Não deixe de descer pelo inusitado tobogã. Com freios, dá para descer tranquilamente até com crianças pequenas no colo e a diversão tá garantida!
Dica: Caso vá no verão, opte pela manhã. Após o meio dia, fica insuportável andar no calor que faz por ali e centenas de pessoas disputam um espacinho nas poucas sombras existentes.
Quanto? O preço vai depender do trecho visitado
No finalzinho da tarde e, por indicação do nosso guia, fomos ao Shaolin Kongfu Show. Sabe quando você não espera muito e é totalmente surpreendido? O show mistura artes marciais e dança de uma maneira lúdica e extremamente emocionante. Imperdível!
Dia 3 – Palácio de Verão + Pato de Pequim
Mesmo passando um calor escaldante de quase 40 graus em pleno mês de agosto na China logo pela manhã, fiquei deslumbrada com a beleza do palácio de verão. Sem exageros, o local parece um sonho de tão lindo. É tudo impecável: palácios, pontes, lagos e jardins de tirar o fôlego.
Construído no século 18, foi o refúgio da corte imperial para fugir do calor da cidade proibida e passou por diversas fases, inclusive de depredação quando foi atacado por britânicos e franceses durante a Guerra do ópio.
Após se reerguer do duro ataque, ficou tradicionalmente conhecido como o jardim da preservação e harmonia e tem como pontos imperdíveis o lago kunming e a colina da longevidade.
Quanto? Faixa de $50,00 a $60,00 yuan.
E como ir a Pequim e não experimentar o tradicional Pato?
Até para o mais intolerante à culinária chinesa, essa é uma pedida certeira, acredite. A iguaria de pele tostada e adocicada vem acompanhada de molho de soja e crepes finíssimos chamados de panqueca mandarim. Também vem uma cebolinha a parte no melhor estilo “faça você mesmo”. Então, enrole o seu e… Seja feliz!
Quando ir?
A China é um país de extremos climáticos. Sempre aconselho os viajantes, se possível, virem entre os meses de abril/maio e começo de junho ou final de agosto/setembro e outubro, quando as temperaturas ainda estão amenas – tanto para o lado frio, quanto para o calor.