Eu queria muito fazer esse artigo, mas não estava certa de que contaria com a participação e depoimentos da Comunidade Brasileira que vive na Croácia.
Como há alguns anos eu já tinha feito um artigo falando sobre como vim parar aqui na Croácia (clique aqui pra ler), e viralizou de tal forma que cheguei a ficar assustada (mais de 2000 acessos), eu tive essa ideia de dar voz às outras expatriadas que, assim como eu, decidiram sair de seu canto e habitar uma terra até então desconhecida.
Essa coleta de informações foi feita de maneira informal, através de mensagens por grupos no Facebook dos quais fazemos parte, pois minha intenção era de postar o mais simples possível, usando palavras escritas pelos membros da comunidade, a fim de mostrar um pouco da realidade de cada uma, e de também nos conhecermos melhor.
Nem sempre a distância (por mais que seja um país pequeno, já que o Brasil é gigante se comparado à Croácia) e os afazeres de cada brasileiro(a), que aqui vive, permitem a integração e socialização, mas ao menos pelas redes sociais mantemos contato e trocamos experiências sobre diversos assuntos que surgem diariamente.
Enfim, vamos ler os relatos de várias delas agora!
Uma historinha de amor comum
“Minha história é quase como a da maioria: trabalhava em barco e conheci Marino. Resolvemos ficar juntos, casamos e temos um filho. Não tem muita coisa para falar. Uma historinha de amor comum.” Claudete Pedrone Ivic
Foi o destino
“Conheci meu marido croata durante um intercâmbio em Madrid. Era a minha primeira semana lá e a dele também. Estava buscando um apartamento para morar, e ele também. Conhecemo-nos enquanto olhávamos o mesmo apartamento. Imagina: em uma cidade enorme como Madrid, a probabilidade de a gente se esbarrar? Foi destino. Então não nos separamos mais.
Visitamos a Croácia juntos no verão e me encantei com as praias e ilhas. Mas o verão e intercâmbio acabaram ,e tive que voltar pro Brasil.
Relacionamo-nos à distância por 1 ano, quando finalmente decidimos que já não podíamos ficar separados, tínhamos que morar juntos. Vim pra Pula, onde ele nasceu e trabalha. É uma cidade linda, mas que no inverno pode ser um pouco tediosa para quem mora em cidade grande como eu.
Vim e tínhamos o planejamento de voltar para Espanha assim que possível, já que nos comunicamos em espanhol e gostamos muito do nosso período lá. Mas já não sabemos se vamos, porque depois de 9 meses morando aqui, acabei me encantando por Pula também, principalmente no verão.” Marcelle Christino
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Acreditar que o amor cura
“Conheci meu marido trabalhando no barco, namoramos por 3 anos entre barco e terra, e quando decidimos casar, sofremos muita represália. A família dele se dividiu, os irmãos não me aceitaram e até hoje não falam comigo… eles simplesmente não gostam de mim. Me sinto mal pela situação, pois vivemos na mesma casa. Muito ruim não ter feito nada e sentir essa rejeição, se sentir assim só por não ser da mesma nacionalidade é triste. Ele ainda embarca, e ficar aqui sozinha é terrível para mim. Mas continuo tentando me estabelecer por aqui, por ele, pela minha filha, por acreditar que o amor cura, e que não existem limites quando o assunto é família!” Paty Cala
Plano de Deus
“A minha história é de navio também. Eu era do room service e ele, eletricista. Mas o engraçado é que nós trabalhamos juntos em um navio e não chegamos a nos conhecer. Então ele foi para casa de férias, e eu fui transferida para outro barco. Quando ele voltou, foi para o mesmo navio que eu. Destino né?
Me chamou atenção na época o fato de ele ser o único com cabelo comprido, costeletas e ter um All Star ao invés daquelas botas de trabalho. Diz minha avó que foi plano de Deus, porque anos antes ela sonhou que ganharia um neto do outro lado do oceano e ela acredita em Deus.
Enfim, 5 anos depois a gente se casou, e agora a minha avó além do neto ganhou um casal de bisnetos croatinhas também.” Raquel VS
Caminho de Deus
“Sou missionária cristã evangélica e sempre (desde os 18 anos) tive o desejo de ir a uma outra nação falar do amor de Deus. Sempre pensei que iria à África e gostava da ideia, porque sou simples, não sou de seguir moda, não gosto de maquiagem, salto, salão de beleza etc. Daí, Deus me enviou para a Europa!
Em 2010, passei a orar a Deus e perguntar se Ele queria que eu fosse para fora do Brasil ensinar Sua Palavra, falar de Seu amor por todos. Um ano depois, eu tinha uma certeza de que iria. Fui pra um curso de inglês, porque não tinha ideia para onde iria ,e inglês é universal, né?
Em julho de 2011, ouvi de um grupo de missionários sobre a necessidade dessa região, e em outubro de 2011, vim. Conheci a Croácia, Bósnia e Sérvia. Em 2012, estava retornando à Croácia para um período de 2 anos de ministério. Acabei ficando.
Não é fácil explicar experiências espirituais, mas eu tenho certeza de que Deus em tudo estava (e está) me dirigindo a vir e servir aqui, seja no ensino da Sua Palavra, seja através de ações sociais (sou assistente social), seja no “ser”, ser expressão de Deus (quanto me é possível em minha imperfeição). Ah, e nada foi ou é fácil para mim. Deixar sua família, amigos, cultura, língua… tudo isso exige de mim muito sacrifício.
Há quase dois anos me casei com um croata, mas essa é outra história e, também, de amor.” Carla Lima
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Idas e vindas
“Eu conheci meu marido no escritório em que trabalhamos em 2010. Ele ficou no Brasil por um tempo, e foi uma loucura!! Amor demais. E até moramos lá juntos (eu nunca tinha morado com ninguém antes). Então, ele teve que fazer um trabalho no Canadá e disse que não acreditaria voltar no Brasil mais… que voltaria pra cá… Eu fiquei arrasada, tinha meu emprego. Depois fui trabalhar numa mega multinacional (emprego dos ‘sonhos’), e meu coração ficou partido. Eu não sabia o que fazer. Já tinha até aberto mão do relacionamento, achando q não ia dar nada. Depois ele foi A TRABALHO de novo (eu nem acreditava. Vi que era isso mesmo). Foi em julho de 2011. Em dezembro, eu pedi as contas e vim ‘experimentar’ a Croácia. Nunca tinha nem entrado num avião antes. Fiquei aqui e dois meses depois voltei para o Brasil para fazer a documentação para o casamento. Casamos-nos em junho de 2012. Amo demais e minha história é de amor, também, mas um outro amor…” Ana Pastorcic
Melhor foto da vida
“Conheci meu marido no carnaval no Rio, sendo que eu morava a uns 1000 km de distância de lá! Fomos em um grupo de 10 pessoas passar os 4 dias livres. Pedimos a um jovem para fazer uma foto de todos! E esse jovem veio a ser meu marido, que estava a trabalho de 3 em 3 meses na América do Sul e Ásia, e passava 15 dias em Zagreb! Nos conhecemos, apaixonamos e passamos por muitas coisas juntos (terremotos, guerra, divisão da Iugoslávia, novo país…e tantas coisas mais!). E já se passaram 28 anos de companheirismo, amor e vida em comum!
Temos um filho e depois de ir pra Alemanha durante a guerra, retornamos. Não me arrependo de ter arriscado muita coisa pra formar uma família! Valeu a pena!” Lilia Navarro