Dicas de turismo na Córsega.
Com o verão europeu se aproximando, resolvi escrever para contar sobre a viagem que fiz por aqui em agosto do ano passado e que tem um lugar especial nas minhas memórias de viagens. Quem sabe ela não servirá de inspiração para alguém lendo o site que esteja querendo ideias pra aproveitar o verão aqui no Velho Mundo.
Quando vim da Coreia para a França, queríamos aproveitar as férias de verão em algum lugar onde ainda não tivéssemos ido juntos. Pensamos em ficar na França mesmo, já que aqui há destinos de praia maravilhosos que eu ainda não visitei, mas aí surgiu uma ideia ainda melhor: ficar em territorio francês mas sair do continente. Resolvemos ir conhecer a ilha da beleza, a terra de Napolão Bonaparte. Decidimos ir para a Córsega!
Verdade seja dita, nossa escolha não foi tão aleatória assim. A Córsega é um destino muito procurado no verão e pode sair bem caro, então algumas facilidades acabaram influenciando nossa decisão.
A avó materna do meu marido é córsica e, mesmo não morando mais na ilha, ela mantém uma casa lá. Ter um alojamento garantido foi um ponto decisivo para nossa escolha, já que, como eu disse, a ilha é um destino bastante disputado entre junho e agosto. Por isso, os preços vão lá para cima nessa temporada.
Destino escolhido, alojamento garantido, passamos para as próximas etapas de organização.
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Há diferentes formas de chegar até a ilha, dependendo de onde você estiver saindo. Mas, para decidir qual meio de transporte será o escolhido para chegar até lá, deve-se considerar que para a locomoção na região é necessário um carro. Algumas (várias) praias são isoladas, nem sempre encontra-se comércio perto de todas as cidades, há monumentos históricos que valem a visita e que só podem ser acessados com um carro. Dito isso, como sairíamos de Paris, consideramos as seguintes opções:
– pegar um avião diretamente até a Córsega e lá alugar um carro;
– irmos até o sul da França de trem, pegarmos um ferry, ou balsa, para chegar à ilha e lá alugar um carro;
– irmos até o Sul de carro, fazermos a travessia de ferry (com o carro, é claro) e assim não precisaríamos nos preocupar com aluguel de um veículo.
Sei que há opções também com saída da Itália, então aos que estiverem em terras italianas, vale a pesquisa.
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Por aqui, depois de muito refletir e de ficarmos tentados a ceder à primeira opção, por uma questão de praticidade, ficamos com a última opção, por uma questão de custos. O aluguel de carros na ilha também se transforma em um grande negócio rentável durante a alta temporada, naturalmente, e esse valor encareceria a viagem. No fim das contas, o percurso até o sul da França de carro acabou sendo um momento delicioso, com direito a belas paisagens, campos de girassol e um calor pra não deixar brasileiro nenhum desapontado.
O ferry saiu da cidade de Toulon por volta de meia-noite e chegamos a Ajaccio com o dia nascendo.
De lá, partimos direto a Monacia d’Aullène, onde fica a casa em que nos hospedamos.
Para os que não terão alojamento certo, é bom se organizar com antecedência. Aparentemente, não há quase nenhuma opção de albergue, apesar de termos visto um, de um senhor bem engraçado que parou para nos cumprimentar e nos convidar a conhecer seus alojamentos.
Quanto a hotéis, pode-se encontrar muitas opções, que precisam, claro, ser reservadas com antecedência.
Para os mais aventureiros ou apaixonados por acampamento, há muitas opções de campings pela região. Inclusive perto de algumas praias há terrenos enormes destinados aos que estão pela ilha com carros de camping ou com barracas para acampar.
Vale dizer que, quando falo da Córsega aqui, estou me referindo apenas à Córsega do Sul. Como a cidade para onde fomos fica nessa metade da ilha, decidimos explorá-la ao máximo e talvez em uma próxima oportunidade tentar conhecer a Alta Córsega.
Deixo aqui então algumas recomendações do que fizemos na Córsega do Sul.
Monacia:
Na cidade há uma pequena praia que é tranquila e também tem a água limpinha de quase todas as praias que vimos. O visual ao redor é menos espetacular do que os de outras praias mais turísticas, mas para nós foi uma ótima opção devido à proximidade e também à menor quantidade de turistas. Além disso, do lado esquerdo da praia, há uma pequena trilha através de uma pequena formação montanhosa, que leva a outra praia, ainda mais tranquila.
Também próximo a Monacia, em Gianuccio, há uma das mais famosas trilhas da Córsega, a Uomo di Cagna. Lembro que levamos entre 3h30 e 4h para fazer a subida e a descida e apesar de não ser uma grande praticante de trilhas, recomendo a quem é. O momento de contato com a natureza e a vista compensam o esforço.
Bonifacio:
Uma das cidades mais visitadas da parte sul da ilha, é a responsável pelos constantes engarrafamentos em suas proximidades. Por isso, a primeira dica que posso dar é: tire um dia para visitar Bonifacio e chegue cedo! Chegamos por volta de 8h da manhã e um dos poucos estacionamentos na entrada da cidade já estava quase lotado. Garanto que as horinhas de sono a menos para conhecer a cidade valerão a pena. Não se deve deixar de fazer um tour a pé para poder ter dimensão da grandeza dessa cidade-fortaleza construída no alto de falésias. Assim como vale muito fazer a visita de barco para conhecer as redondezas por uma outra perspectiva, vendo do mar a incrível arquitetura e as grutas que cercam a área.
Para os mais bem dispostos, a visita às escadarias do Rei Aragão impressiona e pode fechar com chave de ouro o dia de passeio pela cidade.
Se der fome, não hesite em pedir uma berinjela à la bonifacienne em algum restaurante local.
(Continua no próximo texto)
2 Comments
Olá Rosana!
Interessante seu relato sobre a visita à Córsega. Há poucas informações turísticas em português sobre experiências na ilha.
Por gentileza tire-me uma dúvida: vc achou a Córsega perigosa? Li muitos relatos sobre crimes e banditismo na ilha, incluindo muitos assassinatos. Parece que é o local mais perigoso da França. Vc sentiu essa percepção?
Oi, Lucas!
Obrigada pelo retorno. De fato é difícil encontrarmos informações detalhadas em português sobre a Córsega, também por isso quis escrever sobre a minha experiência.
Sei que pode haver uma visão um pouco negativa por parte de alguns, inclusive pelo histórico de presença da máfia na ilha. Mas minha experiência foi super tranquila. A família do meu marido, que vai com frequência, também só mencionou um acontecimento violento ocorrido lá, justamente com alguém que pelo que se sabe era ligado à máfia. E mesmo isso aconteceu há muitos anos.
Acho que enquanto turista não há com o que se preocupar. Se você for, espero que aproveite muito.