Dicas para comprar vinho na Argentina.
Ah… o Malbec argentino! Uva emblemática que se adaptou tão bem por essas terras e permitiu que o país se posicionasse forte nos rankings dos melhores vinhos do mundo e abrisse o mercado da bebida. Claro que o vinho argentino não se limita ao Malbec e a qualidade e boa fama do que é produzido aqui atraem turistas que não vêm somente pelo tango, alfajor e parrilla.
Quase todos aqueles que visitam a Argentina pensam em levar para casa ao menos uma garrafa de vinho! Muitos, porém, se deparam com as dúvidas: qual vinho levar? Quantas garrafas e onde comprar? Como embalar? Levo na bagagem de mão ou despacho? Enfim… o objetivo desse texto é responder a essas perguntas e ajudar a que tarefa de comprar um bom vinho neste país seja mais fácil!
O que comprar?
Sempre me perguntam qual vinho recomendo comprar para levar daqui. Bom, o ditado já diz que o melhor vinho é aquele que você gosta! No entanto, ele não ajuda muito na hora da indecisão em frente às prateleiras…
O primeiro a levar em consideração é que os vinhos argentinos aqui são realmente muito mais baratos que no Brasil. Comparando preços, as garrafas saem no mínimo 30% mais baratas. No geral, saem pela metade do preço, mas chegam a ser até quatro vezes mais econômicas, dependendo do vinho e se há alguma promoção. Considerando essa diferença, aconselho levar um vinho mais caro, que talvez não tivesse a oportunidade de comprar no Brasil, ou que lá fosse mais difícil adquiri-lo. Dessa forma, aproveita-se o bom preço e se tem a oportunidade de experimentar algo novo!
Definindo a categoria do vinho, é hora de escolher qual vinho. Hoje em dia, com a internet sempre à mão, é fácil pesquisar a disponibilidade e o preço de algum rótulo no Brasil. O conselho, então, é optar por aqueles que não são encontrados no mercado brasileiro ou que apresentem preços bem vantajosos. Há muitos produtores pequenos que fazem vinhos mais do que especiais e que não têm o alcance das grandes bodegas. Há, também, uvas com menos fama que o Malbec, mas que graças ao terroir argentino rendem excelentes vinhos, como a Bonarda, o Cabernet Franc e o Torrontés.
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Quantas garrafas?
Com tantas ofertas e diversidade, o difícil é limitar o número de garrafas a levar. A Polícia Federal permite, sem cobrar imposto, o ingresso de até 12 litros da bebida por pessoa, respeitando o limite de 500 dólares totais em compras. Porém, o que mais limita a compra da bebida é o peso e restrições das companhias aéreas. Geralmente, cada passageiro tem direito a uma mala de 23kg despachada e uma mala de 8 a 10kg como bagagem de mão. Seis garrafas de vinho já embaladas pesam, em média, 10kg.
As restrições impostas sobre as empresas merecem atenção! A Azul, por exemplo, informa no próprio site que “Por instrução da PSA de Ezeiza, para voos intra-continentais, somente são permitidos despachar 3 garrafas de vinho, a quantidade maior que essa será responsabilidade do cliente, correndo risco da polícia local solicitar descarte das mesmas. Recomendamos levar a quantidade de até 5 litros como bagagem de mão. Todas as garrafas devem estar lacradas e conter até 1 litro de conteúdo e até 24% de álcool”. Verifiquei a informação com a PSA (Policia de Seguridad Aeroportuaria) em mais de uma ocasião e a resposta foi sempre a mesma: não há qualquer limitação por parte da PSA, as restrições são sempre das companhias aéreas. O que pode ocorrer é que o passageiro seja chamado para uma verificação da bagagem, mas comprovando que o conteúdo da garrafa é realmente vinho, não há descarte! Já tentaram me desencorajar a despachar vinho ao efetuar o check-in na Azul e ter as regras aclaradas me salvou de não ter que deixar nada para trás. Essas regras variam de acordo com a companhia, portanto informe-se bem antes.
Onde comprar?
Definindo o número de garrafas a levar, onde, então, compra-las? Se você está em Buenos Aires, verá muitas lojas de vinho espalhadas pela cidade, desde as mais simples até verdadeiras boutiques. Se você tem tempo e é amante do vinho, recomendo explorar algumas, já que sempre é possível encontrar um tesouro escondido (e com ótimo preço). Para aqueles que precisam ser mais objetivos, segue a lista:
- Supermercados (grandes redes): Coto, Carrefour e Jumbo possuem adegas bem grandes, com excelente variedade para os diferentes gostos e bolsos. Disco e Carrefour Market seguem a mesma linha, porém com menos rótulos. Os preços são mais que razoáveis e com frequência há promoções, principalmente nos finais de semana, como 40% de desconto ou 70% off na segunda garrafa. É possível pagar com cartão.
- Supermercados pequenos (“chinos”): há uma infinidade de supermercados chineses por aqui, que não são de produtos da China, mas sim que pertencem a chineses. Apesar da variedade ser reduzida, já encontrei excelente preços em alguns deles! Nem sempre aceitam cartão, mas se passar em frente a um, vale a pena dar uma olhada.
- Lojas especializadas: nas menores geralmente há desconto para o pagamento em dinheiro, de 15 a 20%, e o preço é bastante atrativo, como é o caso da Buenos Aires Wines & Co. Nas grandes, como a Tonel Privado e a Winery o preço costuma ser um pouquinho mais elevado, mas há muitos produtos exclusivos, kits, embalagens diferentes e uma atenção bem personalizada assessorando a escolha do vinho. Vale mencionar, também, a Lo de Joaquin Alberdi, um clássico em Palermo Soho com excelentes rótulos e que oferta de catas.
- Comprando pela internet: se o tempo e local da estadia permitem comprar pela internet, há sites com excelentes preços. Algumas dessas lojas virtuais, porém, só vendem por caixa. Se você quer levar 6 garrafas do mesmo vinho ou vem com um grupo de pessoas disposto a dividi-la, vale muito a pena! Além disso, sempre há ofertas, então é bom ficar de olho quando a data da viagem estiver se aproximando. Cepa de Vinos, Espacio Vino, Bari.
Como embalar?
Garrafas na mão e, agora sim, o grande desafio: acomodá-las na mala! Se a companhia aérea permite, levar na bagagem de mão significa diminuir os riscos de quebras e extravios. Nunca tive problemas ao passar com garrafas de vinho pelos raios-X no aeroporto de Ezeiza, mas se o seu voo tem escala no Brasil, é importante verificar as regras locais. Para despachar as garrafas, ensino meu truque (que até então nunca falhou): primeiro embalo cada garrafa com plástico filme, dando várias voltas. Assim, se alguma chegar a quebrar, o líquido não irá se espalhar por toda a mala. Depois, envolvo cada uma com jornal ou plástico bolha. Se levo 6 garrafas, as acomodo na caixa de vinho mesmo e preencho os espaços entre elas com mais jornal ou meias. Ao colocar na mala, primeiro acomodo algumas roupas, formando uma espécie de cama e protegendo principalmente as hastes de ferro do fundo. Se levo a caixa completa, a posiciono bem no centro e uso o restante da roupa para acomodá-la e protegê-la por todos os lados. Se as garrafas irão fora da caixa, é preciso envolvê-las com roupa, evitar que estejam próximas às beiradas da mala e posicioná-las de modo que não choquem uma com a outra no caso de movimento. O importante, sempre, é evitar que as garrafas possam chacoalhar ou receber golpes diretos, assim os vinhos ficam protegidos e chegam ao destino inteiros e prontos para serem degustados.
Boa sorte e… salud!
4 Comments
verdadeira aula. só podia ser mineira.
sou de Jacutinga sul das gerais.
estarei aí em 12/18 ,se Deus quiser.
valeu pelo conhecimento e sugestões bem entendíveis!
Olá, Antonio! Muito obrigada pelos elogios 🙂
Espero que aproveite muito a sua estadia aqui em Buenos Aires! No site temos outros textos com dicas de restaurantes, sorveterias e quais são os melhores alfajores. Boa viagem!!
Sara, uma duvida. Vocë passou com os vinhos na bagagem de mão pelo raio x do aeroporto sem problemas ?
Pensei que isto so seria possivel no aeroporto de Santiago do Chile. Pergunto porque estou retornando ao Brasil pelo Aeroparque e nao creio que deva haver algum problema seu levar algumas garrafas na Mochila?
Olá, Luiz Alberto!
Sempre transportei até 4 garrafas de vinho na bagagem de mão em voos saindo de Ezeiza sem nenhum problema. Verifique, porém, se chegando ao Brasil há restrição caso faça escala para seguir viagem a outra cidade em voo doméstico.