Sou novata no esqui e vou contar minha breve experiência esquiando na Espanha.
As pistas de esqui no inverno ficam tão lotadas como as praias no verão. Então, se você está iniciando como eu e prefere uma pista mais tranquila, sem tantas filas nas cabines, esteiras e restaurantes, a minha primeira dica é: se puder vá no Natal, tanto dia 24 como dia 25 as pistas ficam menos cheias porque as pessoas estão curtindo a ceia e a família!
Esse foi o meu segundo ano nas montanhas no Natal e estavam bastante tranquilas por ser alta temporada. Mas como o próximo Natal ainda está bastante longe, você pode se programar para ir em dias da semana, quando as pistas costumam estar mais tranquilas e vazias do que aos finais de semana e feriados. A minha primeira experiência esquiando foi durante a semana, em uma quarta-feira, na estação de Valdelinares e também estava bastante tranquilo.
Sierra Nevada foi onde estive Natal passado. É a estação de esqui com mais horas de sol de toda Europa e também a de maior altitude de toda Espanha, e sua estrutura é muito boa. A serra é maravilhosa e possui muitas nascentes, rios, lagos e muitos hectares protegidos de parque natural, muita natureza e vistas simplesmente incríveis. Dizem, inclusive, que em dias de céu limpo é possível ver um pouco do mar Mediterrâneo desde lá de cima, mas eu não cheguei a ver.
A serra é um platô montanhoso enorme com mais de 2 mil quilômetros de superfície. E possui várias estradas que cruzam e passam por vários povoados e municípios, por isso tentar chegar ä estação por outras estradas que serpenteiam a serra pode levar horas.
A estrada direta para a estação de esqui é pela entrada mais próxima de Granada, que vai direto para Monachil, o munícipio da serra onde está a estação de esqui, e leva apenas 50 minutos de estrada muito boa.
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Como nós brasileiros não temos a cultura do esqui, é fundamental no mínimo uma aula de iniciação com um instrutor onde são passados os conceitos básicos e fundamentais:
- Aprender a frear (fazer a cunha);
- Aprender a controlar a velocidade;
- Fazer os giros (curvas para poder desviar de obstáculos ou outros esquiadores);
- Aprender a frear e fazer curvas em paralelo (um pouco mais avançado);
- Aprender a cair (acredite você vai cair bastante e tem o jeito certo para isso);
- Aprender a levantar (existe uma técnica rápida e simples de deixar os esquis em paralelo para conseguir pegar o impulso ou ainda no chão você simplesmente tira o esqui de um dos pés e levanta).
Observei um rapaz sozinho tentando levantar por vários minutos que pareciam eternos. Ele estava com os esquis cruzados e escorregava em todas as mil tentativas de levantar.
Todos esses conceitos depois ficam bem simples e automatizados. É como andar de bicicleta, com apenas uma aula já é possível se familiarizar bem e ir memorizando aos poucos. E o esqui, como tudo na vida se aprimora com a prática.
Meu primeiro instrutor comentou que geralmente na terceira temporada, esquiando pelo menos dois ou três dias em cada sessão, você já começa a desfrutar e se soltar mais. Claro que o grau de facilidade ou dificuldade é variado entre as pessoas e isso é somente uma média.
Outra coisa fundamental é respeitar as cores das pistas de acordo com o seu grau de conhecimento do esporte: pistas verdes para iniciantes, azuis para intermediários e pretas ou vermelhas para avançados.
O grau de dificuldade e o perigo são reais, descer uma pista sem preparação é um risco para você e para os outros esquiadores. Lembrando que em uma pista preta ou vermelha os esquiadores ao seu redor estarão descendo em uma velocidade de uns 100, 120 ou até mais quilômetros por hora então, estar perdido no meio da pista sem saber o que fazer pode não ser muito seguro para todos.
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São muitos detalhes fundamentais que fazem toda a diferença como a roupa apropriada, os equipamentos e cada coisinha que pode parecer desnecessária e exagerada mas tem o seu porque. São bolsos, zíperes, cliques, a ordem correta de colocar as coisas, além dos acessórios como capacete, óculos e luvas. Enfim, muitos pormenores.
Vou dar alguns exemplos desses pequenos detalhes que fazem toda a diferença no seu conforto em esquiar:
O pequeno bolso da jaqueta no antebraço esquerdo é reservado para guardar o forfait (cartão magnético) e isso facilitará todo o seu dia. Já que todas as vezes que você estiver em cima do esqui, carregando todos equipamentos e necessitar passar no leitor magnético para entrar numa esteira ou na telecabine, você simplesmente aproxima o antebraço do leitor sem precisar parar, abrir zíperes ou ficar procurando o cartão.
Outro detalhe que parece bobo mas faz toda a diferença é a presilha do capacete feita para você prender os óculos. Sim, uma presilhinha que pareceria inútil mas é muito importante porque colocar os óculos de qualquer jeito forma vapor conforme a gente respira e você ficará parando toda hora tentando ajeitar. Colocando os óculos presos na presilha atrás do capacete, eles não ficarão caindo e nem formará o bendito vapor, simples assim.
A outra dica que eu considero importante é: alugue os equipamentos o mais próximo da telecabine que subirá ou se houver já na parte de cima, na pista. Os equipamentos são pesados e você estará caminhando com a bota nada cômoda e não apropriada para o asfalto e carregando os esquis, bastões, óculos, capacete e luvas. Então, 800 metros podem parecer 8 quilômetros.
Nós alugamos os equipamentos pela internet e não nos atentamos a esse detalhe da distância da loja até a pista. E aí já sabe, né? Caminhamos com a bota no asfalto e carregando tudo por um quarteirão e meio, atravessando rua, subindo escadas. Ou seja, começamos o dia já cansados. Ainda mais numa montanha de altíssima altitude, o que já dificulta um pouco a oxigenação e respiração.
Mas se é tão trabalhoso e cansativo assim, porquê tanta gente adora? Bom, eu posso responder somente por mim, a sensação é maravilhosa! E deslizar é meio viciante, você quer descer de novo e de novo. Depois da sua primeira descida boa, um pouco mais relaxada e realmente aproveitando a pista de verdade, você esquece de toda a parte mais trabalhosa e cansativa e só desfruta!
E, finalmente, minha última dica é: não tenha vergonha de aprender, de cair e de tentar de novo. Somos de um país tropical e a neve não é nossa praia, com perdão do trocadilho. Risos!