Dicas para mobiliar a casa no Canadá.
Quando decidimos mudar para o Canadá, uma das questões que mais martelavam a nossa cabeça era como organizar o desmonte da nossa casa. O que levar, o que vender ou doar, e como reconstruir tudo do zero chegando em Toronto. Precisamos de muita logística e da ajuda de planilhas para nos organizar. Afinal, estávamos saindo para um apartamento menor, com duas crianças, e era importante não trazer supérfluos, mas também não deixar para trás nada que fôssemos nos arrepender.
Ainda no Brasil, o processo de desmonte da nossa casa, propriamente dito, demorou cerca de uns três meses e foi muito menos dolorido do que eu imaginava que seria. Morávamos no mesmo apartamento há 13 anos, e por mais apego que eu tivesse a várias coisas que ali estavam, senti um certo alívio em saber que não precisava de tudo aquilo que acumulei ao longo do tempo. Fiquei também feliz ao ver que muitas coisas seguiram para a casa de pessoas queridas, teria um pedacinho nosso na casa de vários amigos.
As redes sociais e sites de vendas também foram de extrema ajuda, pois nos conectaram com pessoas que estavam na mesma vibe que a gente, canalizando nossos itens dispensáveis para as pessoas certas. Conseguimos nos organizar tão bem que acabamos arrecadando quase quatro vezes mais do que imaginávamos com a venda dos nossos móveis, roupas e itens pessoais. Foi cansativo, mas deu certo!
Mas chegando em Toronto, começou a outra parte da logística. Nas semanas iniciais ficamos num apartamento mobiliado, alugado pelo Airbnb e com tudo o que precisávamos. Porém, tínhamos que recomeçar do zero e, assim que assinamos o contrato de aluguel do nosso apartamento definitivo, saímos em busca do que seria necessário para transformar aquele lugar vazio num novo lar.
Confesso aqui que a ideia de comprar tudo novinho é uma delícia. Temos a oportunidade de rever tudo o que adquirimos na vida, o que valeu a pena, o que era inútil… Sem contar que essa era a hora de apostar em novidades, mudanças de decoração, etc. Só que isso tudo demanda tempo e dinheiro e aí, mais uma vez, a nossa planilha apareceu para ajudar e dar foco, criando prioridades.
De colher de café ao aspirador de pó. Da cama de casal ao abridor de vinho. De quadros a lixeirinha do banheiro. Precisávamos de praticamente tudo, exceto por um ou outro objeto muito querido que trouxemos do Brasil. Dos móveis, tivemos que comprar tudo, menos o sofá e a estante da sala, que o morador anterior se desfez por um valor baratinho, o que acabou nos ajudando a economizar. Ainda não são os meus móveis de sala ideais, mas servirão por um tempo, sem problemas.
Solucionamos a maioria dos nossos problemas na IKEA, cadeia de lojas de móveis sueca que faz muito sucesso aqui no hemisfério norte. Para nós brasileiros, funciona bem como a Etna ou a Tok&Stok, mas com uma imensa diferença: você é responsável por carregar e montar absolutamente tudo. É contigo!
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A loja que fomos fica pertinho da nossa casa e tem dois andares. No de cima, showroom dos móveis, tudo montadinho, lindinho, com preços, códigos, etc. Já no de baixo, um grande estoque nos aguardava com vários totens com computadores para ajudar a nos localizar. Nós colocávamos o código do móvel que queríamos e víamos em qual corredor e prateleira estava. Daí era só seguir até lá com um carrinho gigante e passar no caixa para pagar. Simples?
Agora imagina fazer isso para uma casa toda: cama de casal, beliche, mesinhas de cabeceira, cômoda, estantes, escrivaninhas, mesa de sala, etc. Precisamos de umas quatro idas à IKEA para comprar tudo e fazer caber no carro. E olha que alugamos um carro bem grande para nos ajudar nessa empreitada! E, depois disso, mais alguns dias e muita disposição para abrir todas as caixas e montar todos os móveis. Até as crianças entraram na roda e ajudaram nessa parte.
A loja até oferece serviço de entrega e/ou montagem. Mas é bem caro e honestamente não estávamos a fim de ter mais esse custo. Mas vou contar uma coisa, apesar de ter sido bem cansativo, deu um orgulho danado ter montado tudo com as nossas mãos, do nosso jeitinho. Uma sensação boa de descobrir que somos capazes de fazer muito mais do que estávamos acostumados. Coisa boba, mas gostosa.
O maior aprendizado nessa história toda foi que podemos viver (e bem) com muito menos do que imaginamos. Meus filhos, por exemplo, tinham brinquedos que nem sabiam que existam, pois se perdiam na bagunça do quarto. Agora eles dividem uma beliche e o espaço do armário. Tem menos brinquedos e roupas, mas vejo-os mais dedicados ao que têm. E estão bem mais unidos também, algo que é de valor inestimável.
No Brasil, quando alguma coisa começava a ficar velha ou a quebrar em casa, eu brincava com meu marido que estava na hora de casarmos novamente, para fazer uma nova lista de presentes. Não chegamos a tanto, mas conseguimos aqui comprar as coisas do nosso gosto e da nossa real necessidade. Ainda faltam uns quadrinhos nas paredes, uns objetos para decorar, uma coisinha ou outra que vamos lembrando no decorrer dos dias.
Mas isso vai aos poucos. A urgência já passou e nesse momento posso dizer que temos tudo o que precisamos. Estamos mais leves e felizes.
2 Comments
Parabéns Flávia pelo excelente texto. Você conseguiu resumir e ao mesmo tempo detalhar todo esse desafio e que no final sabemos que vale a pena cada momento. Beijos!
Obrigada, Fabio!