Pandemia e a vida escolar no Canadá.
Depois do super desafio que foi aprender a lidar com o ensino a distância para as crianças nos primeiros meses da pandemia, passamos por um período de férias de verão e calmaria.
Mas uma pergunta não saía da cabeça dos pais aqui no Canadá: como será o próximo ano letivo, que aqui começaria em setembro.
Pois eu venho hoje aqui contar como tem sido esses primeiros meses, observando as diferenças, os cuidados e o que pais e filhos aprenderam em meio ao caos que vivemos em 2020.
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Moro na província de Ontário e aqui o governo estadual definiu regras a serem seguidas por todo o estado, independente do seu distrito escolar (cada distrito rege uma determinada região).
Entre as diretrizes estavam a tentativa de diminuir o número de alunos por sala de aula, o uso individual de material escolar e do lanche (sem emprestar para os colegas), rotina com os horários de lavar as mãos, controle de quem usa o banheiro, álcool gel à vontade em todos os ambientes (mas a crianças também são encorajadas a levar de casa), proibição da entrada dos responsáveis nas escolas (a não ser com horário agendado) etc.
Pandemia e a vida escolar no Canadá
Ficou também estabelecido o uso obrigatório de máscara na sala de aula para crianças a partir do 4º ano (9 anos de idade). Para os menores o uso é recomendado, mas não obrigatório.
Todos os adultos na escola são obrigados a usar máscaras, inclusive nas áreas externas, dentro da propriedade da escola. Isso vale também para os pais quando aguardam, no pátio, a entrada e saída das crianças.
Apesar de muitas regras e protocolos, é claro que muitos pais ainda ficaram com receio de mandarem seus filhos pra escola e, por isso, foi criada uma segunda opção de aprendizado, com ensino à distância, de forma organizada e sistêmica (bem diferente do que encontramos no inicio da pandemia) e cada responsável pode escolher qual formato queria pro seu filho: aulas presenciais ou virtuais.
A ideia é que no início de janeiro e abril haja a oportunidade dos pais trocarem o formato, caso queiram.
Aqui em casa, achamos que era muito importante a socialização e que a falta dela não estava fazendo bem aos meninos, principalmente ao meu caçula, de 8 anos, que estava bem solitário.
Optamos, então, pelas aulas presenciais, acompanhando de perto e com bastante atenção à forma como as escolas conduziriam o ano letivo.
Mudanças na rotina escolar
Meu caçula, no 3º ano, tem aulas normais, das 9 da manhã às 3:30 da tarde, diariamente. Todas as atividades escolares tem acontecido de forma normal, exceto por reuniões com os professores (que foram virtuais) e passeios escolares, que por enquanto não aconteceram.
Tem sido muito importante pra ele, e pra nós, esse retorno à rotina e à socialização e não tenho do que reclamar. Vejo muitos cuidados cercando as crianças e me sinto segura.
Vale ressaltar que moramos numa cidadezinha de 60 mil habitantes, com bem menos casos de Covid-19 do que em Toronto.
Na escola dele não houve, até o momento em que escrevo esse texto, nenhum caso da doença, por exemplo. Mas também não posso mandá-lo pra aula com nenhum sinal de doença, nem mesmo um nariz escorrendo.
Isso, aliás, foi motivo dele ficar em casa por uma semana, por conta de um resfriado (era só esse o sintoma).
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Já meu mais velho começou esse ano no “high school” e eu fico um pouco chateada por ele não estar podendo aproveitar, por enquanto, todo o diferencial da escola de gente grande.
É que por ter mais alunos, o modelo adotado foi diferente. Também é possível ter aula virtual em tempo integral, mas para aqueles que optaram pela presencial, ela ocorre apenas pelas manhãs, em dias alternados (para haver rodízio de grupos); à tarde eles tem aula de casa.
O rodízio é feito de forma que todas as matérias tenham duas rodadas de duas semanas de aulas presenciais (ele tem 4 matérias por período), garantindo assim que haja uma maior interatividade com os professores.
Fazer amigos, nesse caso, já é mais difícil, pois eles ficam pouco tempo na escola e praticamente não dá pra interagir.
Na escola dele houve um caso de Covid-19. A gente soube por um e-mail oficial do distrito escolar, informando sobre o caso e avisando que se, tiver sido detectado que o nosso filho teve contato com a pessoa doente (não divulgam nome e nem se é aluno, professor ou funcionário), nós seríamos avisados para fazer quarentena e monitoramento de toda a família.
Nem tudo são flores
Como não fomos notificados, a vida seguiu normal e, após os 14 dias, toda a escola foi avisada que o perigo havia passado.
Mas nem tudo são flores. Tenho amigos cujos filhos tiveram casos na própria sala de aula e todas as famílias daquela turma tiveram que ficar de quarentena.
Quando isso acontece com um número maior de crianças na mesma escola, eles fecham tudo e a escola inteira é obrigada a se isolar pelos 14 dias. E não pense que dá pra burlar.
O departamento de saúde do Canadá monitora de perto os casos e tenta cruzar dados para encontrar todos os possíveis infectados.
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É a forma que encontraram para evitar espalhar o Covid-19 pelas escolas. Também estão para implementar testes voluntários nas escolas, extensivo aos alunos e pais, na tentativa de detectar casos assintomáticos.
Não tenho muita esperança de que teremos mudanças nessa rotina escolar até o final do ano letivo (junho/2021).
Acredito que, mesmo que a vacina chegue logo, a gente ainda tenha que seguir com esse modelo por mais um tempo, mas fico feliz que, para a gente, isso tem funcionado.
Não é a escola ideal, não temos encontros com amiguinhos, festinhas etc, mas é o que temos para hoje. E quero crer que para o ano letivo de 2021/2022 a gente possa contar uma nova história por aqui.
P.S. Escrevemos os textos do BPM com certa antecedência, por isso, foi necessário atualizar que, por causa da segunda onda que está batendo forte por aqui, as crianças entraram em recesso escolar de Natal e seguiram direto para ensino online. A previsão de retorno é meados de fevereiro, mas isso ainda pode mudar.