Dicas para se adaptar em outro país.
Muitas são as razões que nos motivam a mudar para outro país: sonho de infância, acompanhar o companheiro, fugir da violência, buscar uma vida melhor para os filhos, conhecer uma outra cultura, aprender uma outra língua, começar um novo trabalho, fazer uma pós- graduação ou simplesmente viajar e dar um tempo do Brasil.
Eu tinha esse sonho desde criança, conhecer muitos países e fazer novos amigos. A única forma que eu acreditava ser possível concretizar meus planos seria através dos estudos, considerando que cresci em uma cidade pequena do interior de Goiás (com cerca de cinco mil habitantes) e minha família não tinha condições financeiras para pagar uma viagem de estudos, turismo no exterior ou sequer um curso de inglês.
Eu havia escolhido o curso de jornalismo na expectativa de viajar, mas (in)felizmente não passei no vestibular e segui com o curso de direito. Após muitos anos, esse sonho se concretizou, mas não dá forma que eu havia “idealizado”. Com um pouco de organização, eu pude fazer turismo e conheci mais de 25 países, usando todas as ferramentas que temos hoje para conhecermos países de uma forma barata. Fiz muitos amigos pelo mundo.
Leia também: Como requerer a autorização eletrônica de viagem para o Canadá
Após sete anos trabalhando em um banco, houve um programa de demissão em massa e algumas recolocações. Nessa época, comecei em outra empresa do grupo, mas não estava feliz. Então, fui desligada e resolvi tirar seis meses “sabáticos” para aprender inglês, viajar e dar um “restart” na vida, considerando que eu não sabia o que eu ia fazer desempregada e fora da zona de conforto: trabalho fixo – benefícios – participação nos lucros – vida estabilizada.
A primeira coisa que aprendi, aproveite o momento “PRESENTE”. O tempo é escasso e nunca poderemos recriá-lo, esteja onde estiver.
Nos meses que morei nos Estados Unidos, tive que me soltar da vida anterior, para começar uma nova fase e nada melhor do que uma viagem com mudança de hábitos. Novos ares, uma nova língua, novos amigos e uma nova rotina. Pausas são necessárias para definirmos o que realmente importa, o que gostamos e que caminhos estamos seguindo.
Retornei ao Brasil e depois de um ano buscando trabalho (nada que valesse a pena), decidi abrir meu próprio negócio: uma consultoria de vistos e imigração, e isso me levou a conhecer o meu marido. Hoje, cá estou! Esses dois acontecimentos, foram os melhores de minha vida.
Depois dessas experiências, pude observar e resumir algumas dicas para se adaptar em outro país:
1 – Simplifique sua vida
Quando mudamos para outro país, durante o processo de venda de móveis, doação de roupas e organização das malas, verificamos que em realidade, muita coisa era desnecessária e inútil. Carregamos e acumulamos coisas que nunca usamos ou sem qualquer sentido prático. A simplificação, nos ajuda a manter somente o que é necessário, útil e o que realmente precisamos. O que é desnecessário é pesado para carregar, inclusive, em outros aspectos da nossa vida.
2 – Não se compare com outras pessoas e tudo tem seu tempo
Muitas vezes criamos muita expectativa sobre nossos atos e sobre os atos de outras pessoas. Isso é resultado da comparação que fazemos com outras pessoas, resultando em ansiedade, o que não nos ajuda a desenvolver nosso próprio caminho. Cada pessoa tem o seu próprio tempo (certo) para as coisas acontecerem. Alguns podem dizer que “é o tempo de Deus” ou “aprendemos com o sofrimento” e outros, “aprendemos através de experiências” (erros e acertos). Hoje, acredito que é uma soma de tudo isso. Estamos, onde nos colocamos. Não existem vítimas. Precisamos tomar consciência e autorresponsabilidade por nossos atos. Nossa felicidade é individual. A sua vida é uma soma de experiências “suas”, então, no tempo certo e de acordo com suas próprias experiências, você irá encontrar seu caminho. Quer aprofundar neste assunto? recomendo um livro: Amar e ser livre – bases para uma nova sociedade – Sri Prem Baba.
3 – Seja flexível, curioso e sem medo de errar
Esses são os motivos que levam as crianças e os adolescentes a aprenderem mais rápido, contando com a ajuda da genética. Com o passar do tempo temos medo ou vergonha de errar. De fazer perguntas idiotas e sermos humildes para assumir que não sabemos nada sobre um determinado assunto ou que precisamos começar do “zero”. Abafamos a nossa criança interior. Se tivermos mais coragem e menos medo da exposição, com certeza, teremos uma vida muito mais leve e divertida, aprendendo coisas novas e nos adaptando sempre.
4 – Conecte-se com as suas origens e aceite as outras culturas sem comparações e julgamentos
Faça o que você gosta de fazer. Você gosta de assistir novelas, cultivar plantas, assistir seu jogo, comer feijoada ou simplesmente encontrar amigos que falem a mesma língua para tomar cerveja ou bater papo? O importante é encontrar um grupo de seu país (ou não) que tenham os mesmos interesses e/ou estejam passando pelas mesmas situações ou que já passaram. A exemplo conheci alguns grupos: Terras do Norte; Luluzinhas no Canadá; Mulheres em Toronto; Toronto e arredores, que se conectam via Whats app, facebook ou yahoo groups. Eles marcam encontros e trocam todos os tipos de informações, tais como: vagas de empregos, compra-venda de objetos, dúvidas de visto e imigração, indicação de profissionais, matrícula dos filhos na escola, etc. Encontrando a sua tribo, vai ser muito mais fácil passar por essa fase de adaptação, mas ao mesmo tempo, tente se integrar com a cultura local, sem comparações ou julgamentos.
5 – Aceitar a beleza da imperfeição e os caminhos não planejados
Esse tópico foi resultado da leitura de uma revista para quem ama trabalhos manuais, chamada “flow” (fluir). É exatamente isso que deveríamos seguir durante uma mudança para outro país. Aceitar a beleza da imperfeição, ou seja, planos e idealizações que não deram certo ou foram diferentes de sua expectativa e tomar caminhos não planejados, com esperança e positividade de que ao final darão certo, e se não derem, será mais um aprendizado na sua vida. Antigamente, eu seguia um lema: “sente-se bem, avance. Sente-se mal, recue”. Hoje, estou deixando fluir naturalmente. Está sendo bem mais fácil e sempre recebo boas surpresas pelo caminho. Não nadar contra a correnteza do rio é bem mais fácil e prazeroso, deixando apenas fluir.
6 – Acreditar que mudanças são positivas
Começar um segundo casamento, uma segunda profissão, uma nova vida em uma outra cultura, são coisas que realmente assustam, mas ao final, podem ser muito mais gratificantes do que experiências anteriores, em que não tínhamos muita experiência de vida. Sendo assim, assumir que as mudanças são positivas para nos desafiar a estudar de novo, investir em uma relação, aprender uma nova língua e cultura é muito enriquecedor e nos ajuda a mantermos a nossa saúde mental em ordem. Tentar coisas novas é sempre refrescante!
Espero que gostem. Grande abraço!