Do Brasil para a Suécia
Desde que eu me conheço por gente sou fascinada pelo mundo e pelas diferentes culturas. Por azar da vida, meus pais nunca tiveram condição financeira de me levar para conhecer esse mundo tão vasto, mas isso não impediu que eu fosse por conta própria.
Com o tempo eu cresci, estudei, aprendi inglês, comecei a trabalhar, guardei dinheiro e, aos 23 anos, fiz minha primeira viagem internacional! Completamente sozinha, passei um mês na Argentina estudando espanhol, foi uma ótima oportunidade de praticar inglês (com os gringos da escola) e de aprender espanhol em pouquíssimo tempo! Essa experiência aumentou ainda mais meu sonho de morar fora do Brasil.
Dois anos após o intercâmbio, comecei a namorar meu marido. Ele nunca me pareceu querer morar fora do Brasil, mas as dificuldades o incentivaram a buscar novos horizontes. Em dezembro de 2017, assistindo ao Jornal Nacional, em que falava sobre inúmeros casos de corrupção no Brasil, começamos a falar pela primeira vez em mudar de país, e poucas semanas depois decidimos que iríamos embarcar juntos nessa!
Mas para onde? E de que forma? Então começamos a analisar nossas possibilidades. Há diversas formas de se conseguir visto de residência em um país: trabalho, casamento, estudos ou investimento, e nossos possíveis destinos eram América do Norte, Europa ou Austrália.
A princípio pensei “deve ser muito difícil competir a uma vaga de emprego com um norte-americano ou com um europeu”. Não que não fosse com o australiano, mas como a situação da Austrália é “muita terra e pouca gente” achamos que talvez fosse mais fácil chegar até lá. Assim, nosso primeiro objetivo foi a Austrália.
Quando soube do programa de imigração pela skill assessment list fiquei eufórica, pois o meu mestrado em matemática era uma das profissões requisitadas no estado de Queensland. Chegamos a pagar uma coach para delinear um caminho de imigração para nós, e estávamos realmente focados em nos mudar para Brisbane. Nessa época, chegamos a calcular que gastaríamos cerca de R$100.000 para nos mudar para a Austrália, sem visto permanente e sem emprego.
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Era um valor extremamente alto para nós, sem contar que seria um risco enorme para a minha carreira, já que teria que trabalhar em outras funções, e não como as que vinha trabalhando no Brasil.
Pois bem, o homem faz planos mas os desígnios são de Deus. Nessa mesma época eu recebi por e-mail (num grupo de e-mails da minha profissão, mas também estava disponível no LinkedIn) um anúncio de uma vaga em um banco para se trabalhar na Suécia ou na Lituânia (poderia escolher), e a descrição da vaga era exatamente eu!
Tão eu que fiquei com medo de me candidatar, porque tinha certeza que seria chamada para a próxima etapa e não tinha certeza se era exatamente isso o que queria. Apliquei à vaga, fui então chamada para um teste, depois para entrevista, e em abril de 2018 recebi a proposta de vir trabalhar na Suécia.
Aquela proposta me soava como uma oportunidade única na minha carreira, mas também como a porta de despedida de tudo aquilo que eu vivia: amigos, família, festas, churrascos. O salário? Não fazia ideia se era bom ou ruim, tive que pesquisar na internet sobre custo de vida e descobri que era suficiente para cobrir as despesas.
Os benefícios? Um pouco diferentes dos que eu estava acostumada, alguns melhores outros piores. O quanto teríamos que desembolsar para mudar para a Suécia? Por volta de R$15.000.
Onde fica a Suécia? A Suécia é um país escandinavo, fica entre a Noruega e a Finlândia. A Suécia é aquele país famoso por queijos e chocolate? Não, essa é a Suíça! Hahaha, erro clássico! Qual moeda é usada na Suécia? A moeda aqui é a coroa sueca (SEK) e 1 SEK equivale a mais ou menos R$0,42.
Qual língua se fala na Suécia? É o sueco, um pouco parecido com alemão, mas só falado na Suécia e em algumas partes da Finlândia.
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Após pesquisamos sobre as diversas dúvidas que pairaram em nossas mentes, conversamos, discutimos, refletimos e decidimos tentar!
A partir daí começa a saga para mudar de país. Vou escrever um texto inteiro falando sobre isso, explicando tudo o que fiz para sair do Brasil: vender carro, fazer procuração, tirar certificado internacional de vacina etc. É muita burocracia! Até casar, me casei! E após correr atrás de toda a papelada, já com dor no peito, chegou. Hora de partir.
Chegamos aqui em outubro de 2018, com sete malas na mão e muita esperança no coração!
Esse é o primeiro post no BPM, agora que vocês já sabem como vim parar na Suécia, vou continuar escrevendo sobre como é viver no país e como é estar longe de tudo e de todos!
4 Comments
OLÁ Cristiana, eu e meu marido estamos pensando nisso tb. A situação no Brasil está cada vez pior. É uma decisão importante. Eu ADORO a Suécia, mas nunca fui. Cheguei a estudar a lingua, mas já esqueci tudo, kkk. Sou designer por formação e tenho um amigo sueco e uma amiga brasileira ai. Nosso problema, além de amigos, família, etc,, é que eu e meu marido somo Servidores do Estado do RJ. Ele com 36 e eu com 44. Eu designer e ele é formado em Direito, mas nem trabalha com isso. Além de termos a nossa pequena de 4 anos. Fico pensando em como conseguir um emprego para nos dois… mas adorei ler o seu relato. Vou continuar lendo.
Obrigada, Alessandra 🙂
Idade não é empecilho para entrar na Suécia e criancas se adaptam muito bem a mudancas 🙂 Como eu disse, eu consegui a minha vaga pelo LinkedIn. O primeiro passo é fazer um perfil em inglês, isso te ajuda bastante, e depois passe a monitoriar as vagas pela Suécia. Quando encontrar uma que esteja de acordo ao perfil de vocês, não hesite em aplicar!!
Boa sorte 😀
Gostei muito do texto, Cris! E já estou curiosa pelos futuros… ^_^
Obrigada 😀