Nós que fomos e somos mulheres no Brasil temos um estigma na nossa criação: o machismo travestido de vaidade. Lembro muito bem de minha mãe, tias e outras mulheres me ensinando o beabá do que, no conceito delas, de acordo com o que aprenderam, era ser mulher, e prevenindo a mim e às minhas irmãs, primas e coleguinhas sobre o que era adequado para uma mocinha de respeito.
Ao entrar no mercado de trabalho também fui apresentada ao termo ‘boa aparência’, requisito imprescindível para as vagas de recepcionista e secretária que eu postulava. Aprendi que os cabelos precisavam estar cuidados, hidratados, brilhantes e lisos – me perdoem os tubos de Alisabel e as progressivas, meus cachos; as unhas deveriam estar sempre esmaltadas, com cutículas aparadas; meus pelos do buço, das axilas e das pernas jamais poderiam ser vistos, sobretudo por homens.
Claro que, antes de tudo, eu devia ser magra o suficiente para caber entre os manequins 34 a 42, porque mais que isso é plus size e plus size, nessa concepção, é feio, não dá, é muito desleixo – é exatamente assim que dizem. Lembro de muitas amigas tomando remédios para emagrecer, fazendo dietas mirabolantes, gastando os tubos em manicure, pedicure, cabeleireiro, cirurgias, fazendo tratamentos duvidosos… Na hora de ser vaidosa, que é a palavra que se usa, vale tudo. E para agradar a quem, a nós ou aos outros?
Agora, do alto dos meus quase 40 anos de experiência e existência terrena eu afirmo com todas as letras que a mulher brasileira é muito oprimida e ou nem sabe, ou nem percebe, porque dentro desse esquadro a opressão é a normalidade e tudo o que queremos e buscamos é nos adequar pra ficar dentro da casinha da aceitação. Estar do lado de fora da casinha me fez enxergar essa perspectiva e, como era de se esperar, também trouxe muito sofrimento adolescente, crises de identidade, dúvidas. Era como se eu fosse o Sidartha do Hesse, aquela música do Cartola, ou aquela outra da Nina Simone. Eu ia procurando me encontrar, me libertar, mas como era difícil!
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
Aí eu penso em como a minha vida me trouxe pra Dinamarca, que é um país feminista e onde as mulheres parecem se importar pouco ou quase nada com aquilo que na nossa terra se chama de vaidade. Sem a pressão social de ter a aparência certa para ser aceita, a mulher me parece mais livre dessas amarras, por aqui. Os cabelos podem ser curtos ou longos. As unhas podem ser esmaltadas ou naturais. O rosto pode ter maquiagem ou aparecer lavado e limpo, dá na mesma.
Ainda que você vá a uma entrevista de emprego recém-parida, com o seu cabelo cheio de eletricidade estática por conta da umidade do ar, sem maquiagem e sem fazer as unhas, você continua a ter a chance de ser contratada, pois não é o seu cabelo chapado, seu manequim 38, sua roupa de grife ou sua bolsa falsifiê-da-25-pra-pagar-de-rica que vão impressionar o entrevistador. Aqui, é preciso ser. É o seu valor pessoal como indivíduo que conta.
Acho o máximo a praticidade e simplicidade com que elas tratam a aparência, em termos gerais. Essa despreocupação me soa até poética, pois abre espaço para enxergar outros ângulos da pessoa – principalmente, personalidade e caráter – que ficariam às vezes ocultos atrás de quilos de rímel e pó, sapatos ultra desconfortáveis e um modelador pra disfarçar o culote.
Leia também: liberdade da mulher na Dinamarca
Por aqui, não tem muita crise. Acordou e tá sem tempo de arrumar o cabelo? Puxe-o todo pra cima, assim, com os dedos, mesmo, prenda-o num coque desgrenhado bem no alto da cabeça e saia alegre e saltitante. Esse é o penteado básico de 9 entre 10 dinamarquesas de cabelos longos, sobretudo até 20 anos. Seu cabelo é curto? Melhor ainda. Você pode usar pomada prum styling rápido com os dedos e voilà, se joga na rua, feliz da vida.
O clima acaba favorecendo um estilo mais casual, principalmente no inverno: vem tentar andar de salto aqui com o gelinho que se forma nas calçadas em dia de geada, vem, bonita! A verdade é que ninguém repara no que você está vestindo ou como está seu cabelo ou unhas, ou se reparar, dificilmente comenta. Experimente repetir roupas na mesma semana de trabalho: é libertador!
Como o estilo nas empresas é informal, o que mais se vê são mulheres em jeans, um top ou camiseta e um cardigã por cima. As calças são justíssimas e as blusas e tops contrabalançam a falta de volume da parte de baixo com camadas extra de tecido por cima. Acha feio? As dinamarquesas parecem estar nem aí com a opinião alheia…
Confesso que quem me ajudou bastante no processo de desconstruir o meu preconceito machista foi o meu marido. Sim, gente: um homem me ajudou a enxergar as minhas implicâncias machistas com aparência como preconceito.
Lembro bem do episódio. Estávamos num bar, eu e uma conhecida russa, observando os passantes. Demos de cara com uma garota de uns vinte e poucos anos, badalando toda catita num vestido pink neon de saia godê e mangas bufantes que parecia diretamente saído de uma festa de debutantes dos anos 80.
Nossa primeira reação foi a de ‘ler’ a garota imediatamente e debochar dela. Meu marido, ao ouvir os comentários e risinhos virou pra gente e disse: “e daí que ela está com um vestido que não agrada vocês e seu senso estético? Ela está na dela, curtindo na boa, parece feliz e acho que isso vale mais do que ficar sendo juiz do traje alheio, não?”
A fala dele me fez sentir vergonha do que eu tinha dito. Mais importante, ela me abriu os olhos para uma realidade por aqui. Tanto faz o que você veste ou o que você tem. Não precisa fingir ser quem você não é para agradar quem nem se importa. As dinamarquesas sabem disso e são elas mesmas: usam as roupas que gostam, o penteado que mais lhes agrada e o sapato que lhes convém. E dane-se a opinião alheia e o famoso ‘senso de ridículo’, afinal, ridículo é negar-se a ser quem se é.
40 Comments
Cristiane
Bom dia
Irei a Copenhagen entre os dias 2 a 6 de maio e gostaria que me ajudasse com dicas sobre a moeda da Dinamarca.Estou mais perdido que cego em tiroteio.Gostaria de visitar a ponte entre Suécia e Dinamarca e sobre passes para andar pelos meios de transporte.
Desde já lhe agradeço
Oscar
Oi José Oscar, que dicas você espera obter?
A moeda daqui é a coroa dinamarquesa e a equivalência em câmbio para o real está em torno de 1 coroa = 2,25 reais.
Como é raro e até difícil encontrar essa moeda em casas de câmbio no Brasil, a minha sugestão é de que você compre euros e os troque na entrada, pode ser no aeroporto, mesmo.
Sobre transporte público eu escrevi um texto inteiro a respeito, dê uma procurada nos meus textos antigos. O texto se chama Transporte público e o sistema de zonas. Lá mesmo dei dicas nos comentários sobre os passes para turistas em Copenhague. Se não encontrar, avise.
Abraços e continue nos acompanhando!
Suas postagens São excelentes
Obrigada!
Muito bom, Cris, eu nunca fui vaidosa no Brasil, mas fiquei tão melhor sem a polícia feminina da moda e estética brasileira quando saí de lá.
Nem preciso dizer que aqui é bem parecido, né? Com uma pequena ressalva: os escandinavos gostam, sim de roupa cara, marca boa, mas isso é outro tema.
Beijo, adorei.
E é tão libertador ser quem a gente quer ser, sem a coisa do ‘ah, tá de roupa curta, tá pedindo!’ ou ‘vc não fez as unhas? que desleixada’ que já ouvi no Brasil…!
Sobre a questão das roupas caras, é verdade, só não acho que eles compram pra ostentar marca. Pra mim, tem mais a ver com gosto pessoal e com a questão da ideia de qualidade para muitas pessoas, mas tá aí a H&M para nos provar que roupa barata também vende – e muito – por esses lados.
Beijão e obrigada por comentar e compartilhar 🙂
Blearg! Vai ser dinamarquesa lá pros quintos que a carreguem, vai!! Não é bonita, dane-se. Deixe as nossas lindas bonequinhas brasileiras em paz. Isso aí é inveja acumulado com o mais puro recalque!!
Prezado, replico aqui a mesma coisa que escrevi no seu comentário de mesmo teor na fanpage.
Tou aqui pensando em qual é o problema de ser gorda ou ter pelo nas axilas. Aliás, pelo na axila, na púbis, nas pernas é algo normal e esperado em pessoas adultas, sejam homens ou mulheres. A escolha da remoção é de cada um – ou pelo menos, assim deveria ser, embora para as mulheres, ela seja quase que compulsória em determinadas culturas onde o patriarcado ainda impera. É impressionante que as pessoas ainda considerem, em pleno século 21, uma ofensa chamar alguém de gordo. Enfim…
Acho que o problema maior, evidenciado em muitos comentários aqui, é mesmo a denúncia do machismo que segue sendo um tabu, principalmente em países onde ele é regra. É difícil reconhecer o machismo na própria fala? É. Chamar mulheres de ‘bonequinhas’ é, antes de ser um elogio, uma afronta. Bonecas são seres inanimados, plásticos, pintados, vestidos e penteados a gosto de quem as manipula. Bonecas são, portanto, seres manipuláveis, sem voz, sem vida. Prefiro ser mulher, mesmo. Mulheres são fortes, têm voz, não precisam se inclinar para agradar a capricho de macho que, na falta de argumentos sólidos, acha que comentários sobre a aparência de alguém são insultos. Está mais do que na hora de as mulheres serem o que elas quiserem: se querem se vestir e se portar como bonecas (não porque omi disse que elas só servem assim), se querem usar calça larga, se querem cortar o cabelo curtíssimo, se querem usar maquiagem pesada, leve ou se não querem usar, se quiserem ser como forem: respeito é bom e todo mundo gosta. Difícil é pensar que cada um só recebe o que dá e a gente só dá o que tem. Quem gosta de vomitar verborragias sem nexo não me parece ter muita coisa boa ou se tem, deve estar muito bem escondida. Que tal aproveitar a deixa e estudar mais sobre feminismo e as conquistas das mulheres ao longo dos séculos? É bem mais útil que vir aqui fazer esse tipo de comentário esdrúxulo, que não acrescenta nada à discussão. Seria interessante cultivar, junto com o muque, os neurônios e as sinapses em dia.
Algumas leituras ótimas pra você (e para quem mais quiser se aprofundar no assunto) :
http://www.politize.com.br/o-que-e-objetificacao-da-mulher/
http://www.geledes.org.br/a-objetificacao-da-mulher-e-a…/
http://www.huffpostbrasil.com/…/objetificacao-da…/…
http://www.jornaldocampus.usp.br/…/objetificacao-da…/
Cristiane Leme, obrigada pelo belo texto que escreveu e pela resposta a esse infeliz comentário acima. Verdade seja dita, é espantoso mesmo o contraste entre discursos de machismo pleno e o ideal feminista. Eu fui acostumada a não me incomodar ou até me sentir lisonjeada quando uma afronta disfarçada de elogio (i.e. “bonequinha” do nosso prezado leitor). Entretanto, há tempos que venho me informando sofre o machismo a cada dia bem como o que o real feminismo deseja. E é incrível como ficamos observadoras nesse sentido… Uma frase ou um outdoor na rua já é suficiente para despertar milhares de conjeturas sobre o assunto. Poderíamos ficar conversando sobre isso até 2020, a coisa é longa. Agradeço mais uma vez, aprecio deveras teus textos. Beijos!
Oi Ligia, eu é que agradeço que acompanhem o meu trabalho! Obrigada pelo comentário, abraços e volte sempre!
Uau!!! Arrasou!!!! Faço minhas, as suas palavras!!!!
Obrigada pela leitura e pelo seu comentário!
oi Cris,
sem dúvida alguma, a atitude brasileira em relação aos cuidados pessoais vai muito além do viver bem. Ao contrário, a preocupação com a estética acaba levando a atitudes obsessivas e de auto-rejeição.
no Brasil, as mulheres costumam ser o alvo mais forte da (anti)cultura do ‘seja lind@’ para poder ser aceito socialmente. Só tem um detalhe: ‘it takes two to tango’. Se as mulheres se fazem ‘bonequinhas’, então estão de acordo em serem tratadas como tal. Machismo é rua de duas mãos, e somente quando as mulheres se dão o justo valor deixam de ser tratadas como pessoas que merecem o respeito de todos.
acho.
Infelizmente não é bem assim, pelo menos sob a minha ótica. O machismo existe como imposição e há mulheres reproduzindo comportamentos machistas sem mesmo saberem que são machistas. Acho que a mulher nem se dá conta de que concorda ou não com o que rola com as imposições sofridas. É o típico caso do oprimido que quer virar o opressor – no caso, vitimizando outras mulheres. Às mulheres é imposto pelo patriarcado um padrão para ser aceita: seja magra, tenha cabelos lisos e longos, não envelheça, não tenha desejos, nãos e mais nãos se amontoando… Por ser uma característica inerente da cultura brasileira, é mais difícil pra mulher reconhecer que está sofrendo com o patriarcado, porque até isso ele lhe priva. Felizmente – e me incluo aqui – há mulheres na luta contra os padrões tidos como verdades absolutas.
Achei ótimo e verdadeiro sobre os dinamarqueses e aliás quando olho as esquisitices deles achando que a minha é a certa,acabei aprendendo e respeitando o jeito deles,isso não implica de eu imita-los nos trages porque não vou mudar meu estilo,acho que eles não usam de hipocrisia isso é algo muito importante que devemos aprender com eles,o importante é ser feliz e livre,não viver com um peso de agradar aos outros . Parabéns Cristiane
Obrigada pelo o texto
Ceiça
Obrigada por ler e comentar, querida Ceiça! Beijos
Cristiane, que texto legal. Eu vivo na Dinamarca também e além de concordar com o seu ponto vista, acho interessante essa reflexão sobre a questão da “vaidade” imposta a mulher no Brasil. Eu sou do tipo que leio comentários também (risos) e li que “alguém” comentou que você deveria deixar as “lindas bonequinhas brasileiras em paz”. Esse comentário, somente corrobora com suas observações quanto ao machismo velado no Brasil. Não é atoa que a Barbie vende tanto no Brasil. Ao que parece aa mulheres já estão se livrando das chapinhas, e acredito que a mentalidade da mulher brasileira está mudando, estão mais cientes de sua força e aos poucos elas chegarão ao mesmo nível de liberdade que a dinamarquesa. Vale salientar que eu entendi que você não é contra as mulheres que fazem a opção de usar maquiagem e/ou passar o sábado no salão de beleza gastando jorres, mas sim é a favor do direito de escolha sas mulheres. Parabéns pelo texto. Ass.: Valeria
Obrigada Valéria, tanto pelo gentil comentário quanto pela compreensão da mensagem. É muito difícil fazer com que as pessoas enxerguem que nós, mulheres, estamos condicionadas a viver dentro de um padrão imposto por uma sociedade masculina. Tristemente o Brasil é um dos países onde é mais perigoso ser mulher no mundo, e as estatísticas só pioram todos os dias. Quisera eu lançar uma sementinha em cada uma das mulheres que leu esse texto para que elas compreendam que o que importa é se amar e ser autêntica. Eu já vi amigas minhas morrerem em mesa de cirurgia por terem um peso considerado inadequado pela sociedade; já vi outras conhecidas se matando em dietas, virando vigoréxicas e tomando fórmulas duvidosas para emagrecer; crespas que para se sentirem aceitas e amadas abriram mão dos cachos para adotar madeixas alisadas; gente que até hoje vive em crise com o espelho, tudo porque a sociedade impõe padrões para a mulher que ela se sente obrigada a acatar para ser aceita. É duro ser mulher, sempre foi. O meu sonho é que todas nós pudéssemos nos unir e lutar contra esses padrões a nós duramente impostos, e que pudéssemos ser vistas além de nossa aparência física e sermos felizes como nós somos, sem tentarmos forçar ser quem não somos.
Obrigada por ler e comentar, um abraço e volte sempre!
Concordo plenamente em que devemos nos sentir bem com o que somos e com o que nos faz sentir bem!
Adorei sua matéria !
Que bom que gostou, e obrigada por ler e comentar 🙂
Cristiane, ótimo texto e muito libertador!
Eu percebo o quanto tenho esse preconceito da vaidade brasileira quando converso com meus amigos nórdicos, especialmente homens, e eles não veem nada de errado no que, para mim, são grandes defeitos/falhas na minha estética.
Quem dera nós, por aqui, pudéssemos ter essa percepção também!
Abraço e parabéns pelo ótimo trabalho por aqui!
Oi Renata. Ainda será preciso muitas mulheres corajosas e muita luta pra gente conseguir chegar no Brasil ao nível de liberdade que a mulher tem nos países nórdicos. Somos condicionadas no Brasil a achar que só estamos bem se estamos maquiadas, de cabelo e unhas super bem feitas e com uma aparência que esteja dentro dos padrões sociais impostos e aceitos. O que me admira é que haja tantas mulheres que nunca refletiram sobre esse condicionamento e que até ficaram bravas ou irritadas com o meu posicionamento nesse texto. Acredito que cada pessoa deva fazer o que gosta e o que a faz se sentir melhor, mas sem que isso seja uma imposição social como condição para ser aceita.
Obrigada por comentar e continue nos acompanhando! Abraços primaveris 🙂
Acho que o Brasil tem muito a aprender com os dinamarqueses. Excelente texto!
Obrigada, Zara! Espero que continue nos acompanhando 🙂
“Aqui, é preciso ser.” Que coisa mais linda de se ler e viver…
Parabéns pelo texto. Fantástico!
Obrigada por ler e comentar.
Continue nos acompanhando!
Abraços primaveris 🙂
Adorei seu texto!
Na minha opinião, a beleza se vê nos atos de bondade das pessoas e na sua autoestima!
Pode parecer clichê, mas é uma verdade P mim…
Continue escrevendo sempre!
Mesmo que não tenha a intenção de morar na Dinamarca, adoro ler seus textos.??
Obrigada pelo comentário e pelos elogios! Volte sempre <3
Oi Cris, nossa que leitura boa! Daquelas que nos inspiram a sermos nós mesmas, a deixar-nos descabelar!!! Andar de bicicleta com saia curta, descabelada, de pijamas ou moleton, a poder se trocar na praia e não ser obrigada a ficar de biquini molhado… Não ser obrigada!!! A poder ser ridícula, feliz. Livre. Agradecida…
Oi Nana, que bom que gostou!
Um grande viva ao ato de ser mulher!
Abraços e continue nos acompanhando 🙂
Meu comentario e so olhar para o comentario ” bonequinha” e dai podemos ver a mentalidade retrogada, superflua e machista que ainda encontramos no Brasil. Triste.
Amei este texto!!!
Bela reflexão, mas não sei se conseguiria viver sem minhas vaidades, a opinião do outro já não tem tanto peso assim aos 40’anos, porém no ambiente de trabalho não há opções
A ideia é de despertar para a consciência de que podemos ser o que quisermos e que nos amemos como nós somos,sem a necessidade de obedecer a parâmetros pré-estabelecidos. Obrigada por ler e comentar.
Texto FODAAA! Desculpa o palavrão hehehhe.
Morando a um tempinho fora do Brasil eu notei exatamente a mesma coisa. Nos brasucas estamos acostumadas a um estilo tão machista que dá até dor de cabeça.
Sempre fui a favor de que cada um veste o que quer e faz o que quer da vida, e briguei muito com muita gente pra defender meu ponto de vista.
Mais uma vez parabéns pelo seu texto e percepção! Sucesso pra vc!
Obrigada pela leitura e elogios. Fica o convite para que você leia outros artigos meus sobre a Dinamarca aqui no BPM ????
Ola, Cristiane, adoro as tuas postagens. Desde que eu e meu namorado danese decidimos de morar juntos na Dinamarca, seus artigos são edificantes e esclarecedores. Estou me mudando no fim de janeiro e como voce sabe, toda mudança gera esperança mas tambem tanta insegurança. Quando eu vivia no Brasil a quase 30 anos, sempre fui contra a ditadura do Wellin e assumi meus crespos, nunca pintava unha e me vestia muito informal, e isso gerava comentarios absurdos atè sobre il mio orientamento sexual, e os comentarios vinham proprio da parte de mulheres, mas tudo bem nunca liguei pra isso. Pois emigrei pra Italia e aqui tive que encarar outro desafio, toda vez que entrava numa loja ou no supermercado, muita gente me seguiam pensando que poderia roubar. Foi um choque muito grande, entrei depressão e etc.. mas tambem passei a me cuidar mais, com o emprego no ramo de roupas e calçados comecei a me apaixonar pela moda, amar a maquiagem foi o passo breve. Daì fazendo da necessidade virtude comecei a não sair de casa sem antes passar um batom e me acostumei a essa rotina, julho desse ano fui passar uma semana numa cidadezinha no sul da Italia, pela tarde saì da piscina, vesti uma bermuda e camiseta, sandalia havaianas e fui no mercadinho comprar as merendas pra minha filha, Alì tive um dejavu, trabalhadores da loja me seguindo o tempo todo, disfarçados e me olhando com o cantos dos olhos. Fiquei muito triste, porque pensavo de aver superada essa fase, fiz a prova voltando no dia depois com ferradura Valentino no pè e Gucci debaixo do braço e todo mundo gentil e despreocupados. È uma sensação terrivel ter que provar o tempo todo que você è do bem e ter que usar coisas materiais pra isso. Em agosto fui pra Danimarca conhecer a familia do meu Søren, adorei, povo lindo e meigo como ele. No meu ultimo dia na Dinamarca ele me levou pra jantar em um restaurante de luxo, e aì eu me arrumei como me arrumo aqui pra jantar fora. Cheguei là, todo mundo de beige, com tenis ou birkenstocks nos pès, e todo mundo me olhavam, alguns con admiraçao, outros com curiosidades e outros com falsa indiferença, fiquei tão sem jeito que acho que tava escrito na minha fronte, olhei para o meu amor e vì ele todo inchado e con um sorriso de una orelha pra outra, ele pegou na minha mão, a beijou e me disse seja sempre você mesma, foi essa a mulher por quem me apaixonei. O desafio agora è saber quem sou. Mas fico feliz em saber que se um dia eu for comprar pão com o cabelo assanhado no supermercado ninguem vai pensar que posso roubar a manteiga ????????????
Olha, eu já tive as duas experiências, a de estar muito arrumada pra um determinado lugar e também pouco arrumada pra uma festa da empresa. Nos dois casos ninguém comentou da minha roupa, e é isso que eu acho incrível, aqui. Porém é preciso ficar esperta com o fato de que as pessoas não comentarem não significa necessariamente que não estão te julgando: é que é considerado deselegante comentar sobre a aparência ou vestimenta de alguém em público, embora em grupos privados esses comentários vez por outra ocorram, afinal, somos todos humanos.
Estive em várias ocasiões na Itália e a minha impressão é a de que é um país extremamente machista, onde as mulheres precisam seguir padrões às vezes impossíveis, assim como no Brasil. Lembro do meu choque ao ter de comprar roupas 46 e 48 na Itália quando eu usava 40 ou 42 no Brasil. Com a maturidade e a experiência fui aprendendo várias coisas, e a mais importante foi a de amar, honrar e respeitar o corpo que eu tenho, e dar um belo dane-se para o que os outros pensam…
Obrigada pelo comentário!
Puxa, como eu gostaria de morar aí. Nunca fui vaidosa, não tenho saco para ir a manicure e salão de cabelereiro, muito menos ficar pensando no que eu visto combina ou não. Por isso sofro muito, ouvindo críticas de pai, mãe, marido. Gostei muito do seu textto por saber que existe um lugar em que isso é normal.
Oi Carol, muito obrigada pelo seu comentário!
Realmente é muito confortante saber que podemos ser nós mesmas e sermos valorizadas sem termos que nos curvar a padrões.
Um abraço e continue acompanhando o BPM !