Empreendedorismo em Dubai : Fernanda Troy, uma história de sucesso.
Se você é brasileiro e mora em Dubai com certeza já ouviu falar da Fernanda; e se não ouviu falar da Fernanda com certeza já ouviu falar do Gula Brasil a empresa dela.
Quer coxinha? Fala com a Fernanda. Churros recheados de doce de leite? A Fernanda tem! Brigadeiro com gostinho de Brasil? A Fernanda tem também.
Com seu sorriso largo e olhar tão doce quanto os docinhos que ela faz, Fernanda Troy entrou com tudo no mundo de serviços de catering aqui nos Emirados e desde então é só sucesso.
Fernanda que é casada e tem uma filhinha de 1 ano de idade, trabalhou na KLM em Londres e foi comissária de bordo na Emirates e já vive a vida de expatriada há 12 anos. Decidiu um dia largar o avião e assumir a cozinha o que não poderia ter dado mais certo.
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Hoje a Gula, como é carinhosamente conhecida, é fornecedora de produtos brasileiros não só para os brasileiros com saudade de casa mas também para muitos restaurantes nos Emirados Árabes. Recentemente a empresa em parceria com uma distribuidora passou a vender seus produtos em massa o que tem alavancado ainda mais a empresa que também presta consultoria para quem tem sonho de abrir seu próprio negócio em terras dos sheiks.
Num bate papo ela dividiu comigo um pouquinho da sua jornada aqui em terras árabes e como sua paixão virou negócio.
BPM – Como você chegou em Dubai?
Participei de um processo seletivo pela empresa Emirates em Londres de 2010, literalmente embarquei nessa nova e fascinante jornada de comissária de bordo onde atuei por 2 anos.
BPM – De onde surgiu a ideia da Gula ?
Primeiro a ideia veio dos meus amigos, todo mundo que experimentava (os doces e salgados) já soltava logo: Você precisa abrir um restaurante brasileiro aqui (risos). Aos poucos os salgados foram ficando conhecidos e não demorou muito para eu ter uma carteira de clientes físicos fiéis. Comecei a observar que todos os cafés e restaurantes brasileiros em Dubai tinham uma vida curta; passei a estudar todos eles e fui concluindo que se você não tem um produto de qualidade você não terá clientes e consequentemente fechará as portas. Depois disso, passei então a auxiliar cada um que veio pedir ajuda e hoje estão muito bem, eles não necessariamente consumem meus produtos, mas sim os meus serviços (de consultoria em negócios). Hoje sou amiga de todos eles! Me sinto realizada em ver o sucesso deles (restaurantes brasileiros) e saber que a minha contribuição foi válida e eficaz.
BPM – Foi difícil entrar no mercado com produtos até então desconhecidos para os árabes?
Foi e ainda e difícil. A culinária brasileira não é difundida nos Emirados, ainda há muitas pessoas que desconhecem os produtos mas que logo se apaixonam quando experimentam.
BPM – No seu cardápio, qual é o produto queridinho dos árabes?
Coxinhas e beijinhos (brigadeiro de coco)
BPM – Em um país muçulmano, ser mulher foi um empecilho para falar de negócios?
Absolutamente. Não apenas pelo fato de ser mulher, no meu caso específico vai um pouco além: ser muito jovem, ser bonita e não ter um sócio local (emirate). É como se fosse impossível uma mulher com esse perfil ter uma empresa desse porte.
BPM – O que fazer e o que não fazer quando se está fechando negócios no mundo árabe?
O que fazer: Ajudar a empresa que se interessou pelo seu produto mesmo que eles não venham fechar negócio. A Gula também presta serviço de consultoria, e acredite: na maior parte das vezes não cobro por esse serviço, sou realmente apaixonada por esse universo, sinto-me triste em ver um café/restaurante brasileiro fechando as portas. Frequentemente recebo convites tentadores para ser sócia estratégica de alguns estabelecimentos, até de escolinha de futebol…(risos). Tudo isso porque gosto de ajudar as pessoas a conquistarem seus sonhos, é algo que só entende quem tem sangue empreendedor.
O que não fazer: Não mentir, não enganar seu cliente. Eu ganho muitos clientes que chegam em mim após descobrirem que levaram gato por lebre, isso me ajuda muito e sem que eu faça nada e acrescenta ainda mais credibilidade e respeito á Gula. Faz com que a minha marca se fortaleça, fica parecendo que a Gula é a salvadora da pátria.
BPM – Onde você vê a Gula daqui há 5 ou 10 anos?
O Gula ainda é uma empresa muito jovem, ainda há necessidade de passar por várias transformações. Como o mercado aqui nos Emirados é imprevisível, pode ser que já tenhamos atingido 10 toneladas mensais (de produtos vendidos) como pode ser que ainda esteja na segunda tonelada. A Gula é uma empresa muito sólida, prefiro pensar em estar com as portas abertas daqui há 30 anos do que crescer muito rápido e partir ao meio por falta de estrutura daqui há 5 anos.
BPM – Você tem alguma dica para outras brasileiras que queiram seguir seus passos?
Escolha uma empresa que impressione seus olhos, que seja sinônimo absoluto de sucesso e comece a estuda-la. Não copie, apenas se espelhe nela para montar a sua. Estude o mercado, teste seu produto e tenha certeza de que você realmente ama passar horas e horas no fogão. Trace um, dois ou três planos, faça o seu próprio caminho. Isso será árduo, mas quando você chegar lá realmente estará 100% realizado. Construa e viva o seu sonho, não o dos outros. Não copie o sonho de alguém, não queira fazer igual. No final das contas nada pode garantir que você terá sucesso se seguir os mesmos passos que os outros. Empresas são únicas, são adaptadas para atender as necessidades e sonhos de quem as criou, você precisa entender isso para conseguir dar o primeiro passo.
Respire e se inspire. A história da Fernanda está aí pra provar que a receita do sucesso é uma boa ideia misturada com muito planejamento e uma boa dose de trabalho duro.
Parabéns Fernanda por mostrar que nós, mulheres brasileiras, podemos ir muito além do que jamais sonhamos.
Feliz mês da mulher!
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Ótima entrevista Thais!