Entrevista: Chocolataria Brasil no Chile.
Se há uma coisa que os brasileiros sentem falta quando estão fora, são as comidas brasileiras. Doces e salgados típicos de nossas comemorações de aniversário são os campeões de pedidos das doceiras que resolveram começar seus pequenos negócios por aqui. E entre várias opções, há uma que se destaca por ter um sabor realmente próximo ao da nossa saudosa terra.
Eu sou uma das pessoas mais suspeitas pra falar sobre ela; cheguei a conhecê-la para provar seus produtos e fui admirando cada vez mais a profissional que ela é. Eu costumo dizer que pequenos negócios são bem complicados e mais passíveis de erro porque está tudo nas mãos de um ser humano (ou de um pequeno grupo), mas ela tem se destacado pela excelência de seus produtos e sua postura de profissional ao lidar com os vários pedidos que recebe. A seguir, a entrevista com Agatha Cristina, dona da Chocolataria Brasil.
Há quanto tempo vive fora do Brasil? Porque decidiu sair do país e vir para o Chile?
Em maio deste ano completei dois anos morando em Santiago. Meu marido recebeu o convite de um amigo para começar uma empresa por aqui. Ele veio e eu “fui vindo”. A cada certo tempo viajava de São Paulo pra Santiago com uma caixa e assim, aos poucos, fui me mudando.
Porque a demora da sua decisão?
Eu trabalhava em banco e tentei primeiro que me transferissem pra cá, mas as administrações são completamente diferentes e isso não foi possível. Meu chefe não queria que eu fosse embora porque sempre fui boa funcionária e eu tinha medo de perder meus benefícios como o plano de saúde, por exemplo. Mas depois de um tempo eu precisei me decidir e tive que pedir demissão, mesmo sabendo que ia perder o dissídio.
O que te fez decidir pela venda de doces brasileiros aqui em Santiago?
Eu sempre trabalhei com doces, tenho 15 anos de experiência na área. Sempre foi parte de meu trabalho extra e também já fui contratada em empresas desse ramo. No começo eu decidi fazer doces quase como um hobby. Achei que ia ser light, que não ia ter muitos pedidos. Fiz minha pesquisa de mercado e percebi que não havia trufa nem pão de mel à venda. Trouxe bastante matéria prima comigo do Brasil e comecei a produção de doces, que dá menos trabalho que os salgados. No começo, era mais para ter uma distração porque eu sempre trabalhei e não estou acostumada a não fazer nada. Mas aí a área de trabalho do meu marido entrou em crise e eu virei a principal provedora da casa.
Em que momento decidiu incluir a venda de salgados?
Em algum momento fui convidada para eventos na casa de amigos brasileiros e provei os salgados daqui. Achei que poderia fazer um produto que competisse com que estavam sendo oferecidos naquele momento e fiquei pensando. Logo em seguida, em uma das comunidades de brasileiros no Chile nas redes sociais, uma brasileira solicitou orçamento de alguém que oferecesse os doces, salgados e o bolo para uma festa porque ela queria ter tudo de um mesmo fornecedor e eu fiz as contas e mandei um orçamento. Um tempinho depois ela solicitou uma degustação e lá fui eu re-testar minhas receitas porque aqui é tudo diferente: temperatura, água, ingredientes. No fim fechamos negócio. Depois da festa dela vieram mais pedidos e em menos de uma semana já tinha uns 3 mil salgados vendidos. Aí cada pedido virava compra de novos ingredientes de qualidade para fazer salgados, porque eu tinha somente matéria-prima para doces.
Como tem sido a receptividade dos chilenos aos produtos brasileiros?
Eles experimentam nas festas dos amigos brasileiros e acabam gostando. Hoje em dia cerca de 10% dos meus clientes são chilenos.
Aconselharia algum compatriota seu a vir morar em Santiago?
Sim, dependendo da cidade onde vive atualmente vale a pena pela segurança e tranquilidade que há em Santiago. Ao menos pra mim, que vim de São Paulo, ainda está valendo essa mudança de país. Mas tem que pensar que há certas comodidades às quais estamos acostumados que não se tem por aqui. Por exemplo, aos sábados e domingos, o centro da cidade está praticamente todo fechado.
Quando foi a última vez que viajou ao Brasil? Gostaria de voltar para lá algum dia?
Eu vou com bastante frequência porque a maior parte da minha matéria prima, especialmente os chocolates, ainda são comprados lá. E até passa pela minha cabeça a ideia de voltar, mas financeiramente tenho que dizer que ainda não. Ainda vou ficar em Santiago por um bom tempo.
E o nosso estômago agradece!
4 Comments
Adorei a matéria!!!!! tenho Orgulho em conhecer a Ágatha…realmente uma guerreira!!! E vai se destacar cada dia mais…e mais se Deus quiser… pois capacidade e competência ela tem de sobra!!!
Olá, Flavia, que bom que gostou!!! Ela merece o destaque que tem. Abraços.
Olá, boa tarde! Queria saber como eu faço pra enviar chocolate pra algumas pessoas no CHILE?
Olá Lucas,
A Joy Matta infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM