Eu sou de São Paulo e moro atualmente na Escócia. No meio do caminho havia Londres, onde morei por um pouco mais de um ano fazendo meu mestrado.
Desde o final da minha adolescência eu já pensava em passar um tempo no exterior, mas não consegui ir na época, nem era tão comum quanto hoje em dia. Terminei a graduação, casei, segui com a vida profissional, mas a ideia nunca foi deixada de lado, estava sempre lá, num cantinho de planos futuros.
Eu e meu marido decidimos então a começar a explorar o mundo da forma que era possível, nas férias, primeiro América do Sul depois outros lugares. Apaixonados por essa experiência, a idéia voltou a ficar mais forte. Em 2008 eu comecei em um novo emprego, onde trabalhei promovendo o meu próprio sonho, educação no exterior. Fui pela primeira vez para Londres, cidade que passei a amar desde então, e para a Escócia, na minha opinião o país mais bonito do mundo (eu sei, eu sei…ainda tem tantos lugares para conhecer… mas o país de William Wallace enche meus olhos e meu coração).
Por causa do meu trabalho, eu já tinha dado alguns passos no processo de decisão sobre estudar no exterior: escolhi o país para o qual eu queria ir, me familiarizei com aspectos da sua cultura, sistema de educação, regras de imigração (que o governo adora mudar o tempo todo). Conversei com representantes das universidades que mais me interessavam em visitas que eles faziam ao Brasil e fiz uma lista com quatro delas. Mas ainda senti que precisava poupar um pouco mais.
Mantive contato com os representantes e por um momento a ideia voltou à gaveta.
Em 2011, depois de uma mudança na carreira, percebi que a ideia finalmente poderia ser tirada da gaveta e eu faria a pós-graduação que eu planejava há anos. Com meu marido também querendo mudar a vida e a rotina, sair da loucura que era São Paulo, que estava literalmente nos deixando doentes, eu me inscrevi para as universidades.
Acabei escolhendo a que eu mais me interessei desde o começo, a Goldsmiths, parte da University of London, pela sua reputação na área de comunicação, pelos acadêmicos com quem eu iria estudar e pelo perfil institucional, e que de quebra me ofereceu uma bolsa que pagou parte do curso.
Aí começa o momento de mais ansiedade. Com a oferta em mãos, é hora de contar pra família, para os amigos, parte deles achando loucura largar tudo no Brasil, incluindo nossos empregos estáveis, e outra dando o maior apoio. É hora de começar a ver passagens, vender quase tudo que tínhamos, cancelar contas e aluguel, pedir demissão e comer com os olhos cada nova comunicação que chegava da universidade com detalhes do que estava por vir.
O pedido de visto é sempre burocrático, mas não foi demorado. Escolhemos uma agência com uma pessoa de confiança para fazer a documentação. Foi mais caro mas valeu a pena. Quando ela me ligou para contar da aprovação do visto, eu chorei. Era real.
Chegamos em Londres em setembro de 2012, vinte dias antes do início do curso. Escolhi assim para ter tempo de resolver algumas coisas antes das aulas começarem, como procurar imóveis. Ficamos em uma acomodação temporária até encontrarmos o nosso flat. Como fui com meu marido, eu não podia usar as acomodações estudantis. Em Londres, devido à falta de espaço é mais difícil achar instituições com acomodação para casal. Fora da cidade as universidades tem normalmente mais oferta em seus campi, ainda que restrita.
Muita gente fala sobre os problemas de se adaptar a um novo país, mas pra mim foi tão tranquilo que já me senti em casa desde o primeiro mês. Eu me senti no lugar em que eu queria estar e não somente por um ano, não queria voltar a morar tão cedo no Brasil. Eu já embarquei em Guarulhos pensando nisso. Depois de alguns meses eu já sentia que eu estava há anos no Reino Unido.
O maior estresse é esbarrar nas burocracias de sempre – procurar imóveis, abrir contas e entender como funcionam os planos de serviços como água, luz, internet, etc. Lidar com corretores de imóveis está na minha lista de coisas mais desagradáveis do mundo, em qualquer parte dele. No Reino Unido não é diferente, principalmente quando você não tem histórico de crédito no país. Veja mais informação sobre alugar casa em Londres aqui.
Eu coloco ênfase na questão financeira, porque é talvez o que mais pesa. O Home Office publica o mínimo que você tem que ter para morar aqui como estudante. Mas é o básico do básico. Sempre é bom planejar a mais para evitar problemas enquanto estiver aqui, mesmo que atrase os planos um pouco, que foi o que aconteceu comigo, sempre que o plano voltava à tal da gaveta.
Preferi segurar até ter um valor que nos deixasse confortáveis pra vir. Nosso maior obstáculo foi o câmbio. No primeiro semestre de 2012, a libra estava em torno de R$ 2.30. Seis meses depois pulou para R$ 3. Atualmente gira em torno dos R$ 4. Isso pode quebrar qualquer planejamento. Felizmente o nosso funcionou e meu marido conseguiu um emprego que nos afastou do pesadelo de transferir dinheiro do Brasil com o câmbio alto.
Abaixo coloco alguns links para quem quer seguir este caminho de estudante no UK. Eles me ajudaram em diferentes fases.
No próximo post, pretendo falar sobre este ano que passei em Londres como estudante antes de vir para a Escócia.
. UKCISA – UK Council for International Students Affairs
. Home Office – para assuntos de imigração
. ABEP – Associação de Brasileiros Estudantes de Pós-Graduação e Pesquisadores no Reino Unido
. Spareroom – site ótimo para encontrar acomodação independente
. International Student Calculator
16 Comments
Oi Daniela! Eu também moro na Escócia, me mudei em 2013. De fato é um país lindo, exuberante e não tem muito a ver com as rotinas louca de São Paulo não. rsrsr Vc ainda pretende voltar a morar no Brasil?
Olá Sydnei, não tenho planos de voltar não. Gosto muito daqui. Vai depender do que acontecer nos próximos anos, já que não tenho visto definitivo, mas vontade de ficar é a que predomina. Um abraço!
Oi Daniela,
Gostaria de parabenizá-la pela coragem em deixar tudo para trás para realizar seu sonho e claro que o sucesso só se deu por ter planejado com antecedência.
Pelo que vi você se apaixonou pela Grâ-Bretanha, pois nem comentou sobre o clima daí 🙂
XOXO
Olá Cleo, muito obrigada! Realmente planejamento é mega importante para uma decisão como esta, e não me arrependo nem um minuto!
Eu sou super apaixonada por este lugar e na verdade prefiro o clima mais frio do que o calorão do Brasil, então estou no lugar certo! 😉
Aliás, acho que o pessoal daqui reclama mais do que deveria do tempo. Aberdeen inclusive é uma das cidades que menos chove na Escócia, ela é bem ensolarada e menos fria do que deveria considerando a posição dela. Escreverei mais sobre isso em um post futuro.
xx
Oi Daniela, bemvinda ao blog. A Escocia era minha opcao numero um quando resolvi vir para a Europa, mas, a minha parada em Londres acabou sendo um pouquinho mais longa que a sua, e ca estou, depois de 13 anos. Sempre vou a Escocia e adoro esse pais. Boa sorte por ai nas terras geladas e quando voltar a Londres entre em contato para um cafe! Bjs Fernanda
Obrigada Fernanda pela mensagem e pelo convite para o café! Estou bem contente de poder colaborar com o blog.
Se vier aqui pro cantinho onde está Aberdeen, me avise, te levo pra praia pra molhar os pés no Mar do Norte 🙂
Beijos.
Oi Daniela, nao conheco ainda a Escocia, mas o pouco que conheço da cultura e das paisagens acho lindo! Não sei se existe lugar mais bonito neste planeta, acho que cada um ;e bonito a sua forma, mas o o importante é a gente achar o lugar que nos acaricia o coração e é isto que vale a pena. Adorei a dica de planejamento, pis esta é a parte que mais vejo como ponto fraco na realização dos brasileiros que querem morar fora, Leva tempo se preparar pra ter uma experiência legal! Parabens e ja me alegro desde ja de ler seus textos sobre a Escocia!
Oi Ana, obrigada pelo carinho!
Com certeza o planejamento eh fundamental, evita muita dor de cabeca e da pra curtir muito mais a experiencia.
x
Que legal que voce foi atrás do seu sonho de morar fora e estudar! É tao bom conseguir realizar sonhos né? Fico feliz por voce! Sucesso aí na Escócia! Beijos!
Mariana, eh uma delicia, uma sensacao super boa.
Muito obrigada pela leitura e pelo comentario, espero levar um pouquinho da Escocia pro pessoal que acompanha o blog. Um beijo.
Oi Daniela, gostaria de saber como foi a transição para a escócia? Proposta de emprego ou novas oportunidades acadêmicas? Tem algum post falando sobre isso? Parabéns pela coragem de sair do Brasil e desejo que você consiga o visto permanente e nos conte aqui como o fez.
Obrigada pela atenção.
Oi Denise, obrigada!
Foi uma proposta de emprego. Meu visto de estudante me permitia ficar 4 meses apos o termino do curso. Este periodo normalmente eh dado para que haja tempo do estudante receber as notas e participar da formatura. Mas tambem eh a oportunidade para decidir o que vai fazer da vida e procurar emprego ou futuros estudos. Entao eu busquei algumas vagas e consegui essa, mudando do visto de estudante para o visto de trabalho.
Ainda nao tenho um post falando disso, este foi o primeiro que fiz para o blog, mas pretendo abordar esse tema (procurando emprego + vistos de trabalho) mais pra frente.
Olá! Adorei o seu texto. Uma curiosidade… Quantos anos vc é seu marido tinham qd se mudaram pra londres?
Oi Juliana, obrigada!
Eu tinha 31 e ele 37.
Abraços!
Olá, Daniela! Sou do Rio de Janeiro, estudante de jornalismo e tenho 20 anos. Desde 15 eu já sonho com meu intercâmbio. Mas só agora que eu fui começar a pesquisar de fato. Confesso que estou apaixonada pela Inglaterra ultimante, porém quando eu fui ver o preço da libra e pesquisar mais sobre programas como Au Pair, voltei a estaca zero. Eu vejo muito vídeos de meninas que estão na Irlanda, Dinamarca, e agora estou procurando sobre Londres, porém quanto mais vejo mais fica difícil e distante da minha realidade. Teve um vídeo que que falaram que não daria pra ir pra Irlanda menos de 26 mil, o que é impossível pra mim no momento. Sabe como é, Brasil em ”Crise”, desemprego aumentando e área de Comunicação cada vai mais ”defasada”. Maaas, espero que alguém dia isso se realize e que futuramente eu possa estar contando a minha história assim como você está para outras meninas com sonhos como os nossos.
Adorei seu texto!!! Ah, e não volte para o Brasil, você não está perdendo nada hehehe (brincadeira)
Se cuida.
Oi Lorena, obrigada pelo comentário!
Continue pesquisando e não desistindo. Eu sei como pode ser frustrante no início da busca e quando você faz as contas (ainda mais com a cotação atual). Mas como eu disse no meu texto, continue com os planos lá na gavetinha e se planeje pra que eles saiam de lá quando você estiver pronta pra vir 🙂
Pense também em outras cidades no Reino Unido fora de Londres, são mais baratas e podem ser encantadoras.
Abraços,
Daniela