Na primeira destas duas partes sobre estudar em uma universidade na Escócia eu apresentei as diferenças entre os níveis de educação superior oferecidos pelas instituições escocesas. Mas depois de decidir qual a modalidade ideal para você, como começar o processo de inscrição?
A inscrição (application) para universidades escocesas depende do nível em que você pretende estudar. Os requerimentos e o processo também variam de instituição, mas no geral há pontos em comum entre elas. Com este texto pretendo dar informações gerais para guiar quem pretende estudar, mas os leitores devem checar com sua instituição de escolha todos os detalhes e requisitos.
Duas coisas em comum a todas as universidades e níveis: tradução juramentada para todos os documentos que não estejam em inglês e a exigência de um comprovante de proficiência no idioma. Para esta última, cada universidade exige exames e pontuações diferentes.
Graduação (Undergraduate)
As inscrições para cursos de graduação na Escócia são feitas através do UCAS, um sistema centralizado de inscrições para universidades de todo o Reino Unido. A maioria das universidades aceita o histórico e diploma do Ensino Médio brasileiro para ingresso no Foundation Year (expliquei sobre ele na Parte 1).
Quem fez o International Baccalaureate não precisa fazer o Foundation Year e já pode se inscrever diretamente para a graduação com as notas obtidas no IB.
Como os programas de graduação em Medicina são ligados ao sistema público de saúde e envolvem prática nos hospitais, as vagas para estudantes internacionais tendem a ser beeeeem limitadas e portanto, super concorridas.
Especialização/Mestrado (PG Diploma/PG Certificate/Masters)
As inscrições para mestrado são feitas diretamente com as universidades, através de seus websites. O histórico e o diploma da graduação são exigidos, assim como referências acadêmicas (uma ou duas, dependendo do programa). Quem se formou há muito tempo atrás, como foi meu caso, pode verificar com o coordenador do programa ou com o departamento responsável se pode enviar referências profissionais.
Um documento muito importante é o personal statement, que é uma carta de motivação onde o estudante deve explicar os motivos para escolher este programa e esta universidade, seus planos de carreira e como este programa ajudará em seus objetivos, além de contar sobre sua experiência, conquistas, projetos passados e atuais. É um documento que te dá a chance de “se vender” para a universidade. Programas de áreas específicas, como Artes, podem exigir um portifólio também.
Uma vez aprovada a inscrição, o candidato recebe uma offer letter (carta de oferta), através da qual a universidade oferece a vaga. Ela pode ser unconditional, o que significa que todos os requisitos acadêmicos e de idioma já foram cumpridos, ou conditional, aceitando o candidato na instituição desde que ele cumpra com determinadas condições. Por exemplo, um estudante pode se inscrever para um programa antes de ter feito o exame de proficiência em inglês. Ele será avaliado pelo ponto de vista acadêmico e, caso aprovado, a oferta só será completada quando o candidato enviar o comprovante de proficiência.
Estudantes que estejam terminando a graduação ou que ainda não receberam o diploma podem se inscrever para programas de pós com o histórico do que já foi realizado. Caso a inscrição seja aprovada, a oferta fica condicional ao envio do histórico final e do diploma.
Ao receber a offer letter o candidato deve responder à universidade aceitando a oferta da vaga. Há ainda um segundo documento, o formulário financeiro, onde o candidato informa como será o pagamento das tuition fees (anuidades) e quaisquer outros custos informados na carta, seja por conta própria, com uma bolsa de estudos ou outra maneira.
Doutorado (PhD)
O processo e documentação do doutorado são bem parecidos com o do mestrado. A diferença está no primeiro passo. As universidades geralmente divulgam projetos de pesquisa que já estejam com vagas abertas para doutorado, com as instruções de como se inscrever para as mesmas. Caso o interesse do candidato não se encaixe nestas vagas, ele pode propor um projeto a um acadêmico, que vai avaliar a proposta e começar a discussão para dar forma ao projeto. Os perfis e contatos dos acadêmicos são listados nos sites de cada departamento.
O ideal é o estudante já identificar seu potencial orientador e ter esta discussão antes de fazer a inscrição, que daí em diante segue o mesmo processo do mestrado. Algumas universidades podem exigir o projeto em detalhes no formulário de inscrição, enquanto outras exigem apenas o tópico por entender que o projeto já foi discutido com o orientador.
Candidatos interessados em fazer pós-graduação em certas áreas podem precisar de um certificado ATAS para conseguir o visto de estudante. ATAS significa Academic Technology Approval Scheme (Esquema de Aprovação de Tecnologia Acadêmica) e é um documento emitido pelo governo do Reino Unido para certificar um estudante que vai lidar com áreas “sensíveis”, como tecnologias que podem ser usadas na produção de armas. Verifique com a universidade se você precisa de um, e caso seja necessário, providencie com antecedência suficiente para não ter problemas de atraso com o pedido do visto.
Novamente deixo a mesma recomendação do texto anterior: converse com as equipes responsáveis na universidade de sua escolha. Leia, releia e releia todos os requerimentos no site da universidade, converse com os acadêmicos, encontre com os representantes que vão ao Brasil justamente com o propósito de orientar os estudantes. Com o máximo de informações em mãos, todo o processo de inscrição se torna mais tranquilo.
Boa sorte!
3 Comments
oi, como eu faço a inscrição em um foundation year? estou terminando o ensino médio esse ano, como eu poderia ingressar em um?
Oi Gabriel,
Cada universidade lida com o foundation year de uma maneira diferente, então o melhor é consultar o International Office da universidade que você tem interesse.
Algumas oferecem na própria instituição, outras o fazem através de parceiros ou aceitam foundations de outras instituições. O melhor mesmo é conversar direto com eles.
Obrigada pela visita ao blog!
Daniela
Oi, td bom? Quem já possui curso universitário, realizado no Brasil, e deseja fazer uma pós na Escócia (qualquer tipo), tb irá precisar do foundation year, ou é necessário apenas para as graduações? Abraços e parabéns pelo blog