Muitos brasileiros conhecem pouco sobre a Escócia, um país absolutamente encantador, que respira história, com paisagens naturais deslumbrantes. Vamos então a alguns fatos que podem ajudar a entender melhor este lugar.
A Escócia fica no norte da Grã-Bretanha, a ilha formada também pela Inglaterra e pelo País de Gales. O país inteiro tem uma população menor do que Londres sozinha. São 5,5 milhões de pessoas, distribuídas em um território de 78 mil km². Somente quatro cidades quebram a barreira dos 100 mil habitantes: Glasgow, a maior cidade do país; a capital Edimburgo; Aberdeen, onde eu moro; e Dundee.
A Escócia é um dos quatro países que compõem o Reino Unido, junto com a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda do Norte. No dia 18 de setembro deste ano haverá um referendo, onde os escoceses decidirão se querem continuar parte do Reino Unido ou serem independentes. As discussões por aqui estão acirradas, com campanhas cada vez mais fortes dos dois lados conforme a data da votação se aproxima.
Para quem quiser entender um pouquinho dessa relação, uma explicação bem (beeeeem) básica: sim, a Escócia é um país, não uma “região” do Reino Unido. Este último é um país que foi formado por Atos de União. O primeiro foi em 1707, unindo Inglaterra e Escócia, seguido pelo de 1800 que incluiu o País de Gales, e o de 1801, incluindo a Irlanda do Norte, formando o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, cujo governo central está em Londres.
A Escócia tem alguns poderes devolvidos, ou seja, sistemas e leis decididos por seu Parlamento em Edimburgo, como por exemplo saúde e educação, independentes do UK. Outras áreas são administradas por Londres, como imigração. Este é o ponto principal do referendo: parte da população acredita que a Escócia deveria tomar todas as decisões relativas ao seu próprio povo e território, e não por um governo que está, segundo eles, longe tanto geograficamente como ideologicamente. A outra parte crê que ter um governo único sob o Reino Unido deixa o país mais forte e que a mudança acarretaria riscos.
A língua oficial da Escócia é o inglês. Pode parecer desnecessário explicar isso, mas tem muita gente que não sabe. O sotaque é bem diferente do falado pelos vizinhos do sul, e varia muito entre as diferentes regiões do país. Outras línguas faladas são o gaélico e o scots.
Quem viaja pela Escócia não consegue deixar de reparar em uma coisa: verde, muito verde. A natureza é um dos pontos fortes do país. Uma pequena viagem mostra montanhas, florestas, paisagens costeiras de tirar o fôlego, campos e mais campos, e muitos lagos e rios. O país conta também com quase 800 ilhas. A paisagem varia de acordo com a região e poder explorar tudo isso é uma das melhores coisas de morar aqui.
Você também verá muitas ovelhas, estes simpáticos animais estão por todo lado, e constituem uma parte importante da economia, que também baseia-se em energia (com a indústria do petróleo e gás dominando principalmente Aberdeen, mas com energias renováveis crescendo bastante em importância), whisky, pesca, alimentos, tecnologia, turismo e indústria cultural.
A educação escocesa também é conhecida pela sua excelente reputação, com 19 universidades, um número alto considerando o tamanho da população, sendo quatro delas parte do grupo de seis “universidades antigas” do UK, fundadas antes de 1600.
O país foi considerado o que possui o mais alto nível educacional da Europa, de acordo com um estudo recente do Office for National Statistics.
A Escócia também é um prato cheio para quem gosta de história. Dos registros pré-históricos aos famosos castelos, tem opções para todo mundo. Há castelos em ruínas, muitas vezes sendo peça-chave em paisagens lindíssimas, como o Dunnottar Castle, em Stonehaven, e outros ainda usados como residência, como o Balmoral, em Ballater, que é ocupado pela família real durante o verão.
Quanto ao clima, sim, é frio. Não tem como ser diferente, devido à posição geográfica do país. A quantidade de chuva varia de região. Em Aberdeen por exemplo, que está bem mais ao norte, chove menos e há mais dias ensolarados do que em Glasgow, curiosamente.
Para uma paulista como eu, mais do que o clima mais frio (que eu, por sinal, gosto), o que me chama a atenção aqui em Aberdeen é a diferença entre as estações. Aqui é muito mais clara a mudança entre elas. É visível quando o inverno está dando lugar à primavera, esta ao verão e assim por diante. A duração dos dias é um dos sinais mais visíveis disso. No inverno o sol nasce por volta das 8h e se põe às 15h. Já no verão praticamente não temos noite, com o sol nascendo às 4h e se pondo às 22h. Na semana em que escrevo este texto não há noite completamente escura, o céu fica em um tom meio azul marinho, mas sempre com uma iluminação leve lá no horizonte. Não chega a ser como em algumas regiões mais ao norte, onde não escurece nunca durante o verão, mas é uma experiência diferente e interessante.
Outro ponto forte da Escócia é a simpatia dos escoceses. Eles são um povo super receptivo, educado e divertido, com bastante senso de humor. Sempre me senti bem-vinda à Escócia, como turista e depois como residente.
Com tudo isso, a Escócia é um pedaço do mundo que merece ser mais conhecido.
4 Comments
As a Scot Married to a Brazilian I could not have written that better. Thank you!
Thank you for your comment, Andrew! 🙂
Cara Daniela – adorei o seu blog – super didático! Meu filho Nicholas está fazendo intercâmbio em Londres e estou tentando convencê-lo a ir à Escócia, um dos países mais belos que conheci. Well done. Bjs. Mônica Balanda
Obrigada Mônica! Super apóio sua iniciativa de convencê-lo, aqui é realmente lindo! Um beijo!