Expectativas e realidade de fazer Intercâmbio.
Ter uma experiência no exterior parece ser o sonho de cada vez mais brasileiros, principalmente os da geração Y em diante, que parecem ter nascido com o gene da inquietude. Muito se fala sobre “largar tudo” e viver em outro país, como se a vida fora fosse um sonho diário, resumida a praia, férias e diversão. Mas, na prática, será que é mesmo assim?
Desde que comecei a trabalhar com intercâmbio, observo um padrão nos relatos dos estudantes, que após algumas semanas ou poucos meses de Austrália estão, quase em sua maioria, frustrados de alguma forma. Sabe aquela velha coisa de expectativa versus realidade? Pois bem, ela costuma pegar boa parte das pessoas que decidem morar um tempo fora, e o X da questão está em entender a origem dessas expectativas (falsas, eu diria), e agir de forma a virar o jogo no momento da frustração.
Não é porque a vida na Austrália (ou em outro país) não está sendo do jeito que você imaginava, que ela não seja boa, então é importante mudar o foco, encarar a realidade e partir para a ação. A seguir eu listo as principais queixas que escuto diariamente; levando-as em consideração, de verdade, seu intercâmbio terá muito mais chances de ser concluído com sucesso!
1. Planeje-se financeiramente
Para quem não sabe, o visto de estudante australiano permite 20h de trabalho por semana, o que ajuda (e muito) a equilibrar os altos custos da vida por aqui. Só que não necessariamente conquistar um emprego será uma tarefa fácil, especialmente se você não tiver um bom nível de inglês, portanto, a melhor estratégia sempre será a precaução: tenha uma reserva financeira, e seus primeiros meses de Austrália serão bem mais leves. Conseguindo um emprego rapidamente, ótimo, seu suado dinheirinho poderá ser guardado para planos futuros. Agora, caso o sonhado emprego demore mais que o esperado para acontecer, você evitará um baita estresse. Fora que a Austrália é um país com algumas burocracias em relação ao trabalho, exigindo certificados específicos para diferentes áreas de atuação, todos eles pagos. Ou seja, sem trabalho, sem dinheiro, vai virando uma bola de neve e o resultado, você já sabe: estresse.
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2. Aprender inglês leva tempo
A maior falácia do intercâmbio é achar que uma vez aqui, em 3 meses você estará falando inglês. A probabilidade de isto acontecer deve ser próxima a de ganharmos na loteria, ou seja, até existe uma chance, mas ela é bem pequena. Eu costumo dar sempre o exemplo da criança que está aprendendo a falar: cérebro vazio, pronto para receber milhares de informações, e quanto tempo leva para um bebê começar a falar português (ou qualquer outra língua) fluentemente? Alguns anos, certo? Agora, imagina você, com a cabeça inundada das mais diferentes informações, décadas de língua nativa armazenadas, como vai sair do básico para o avançado em algumas semanas? Improvável, certo? Portanto, a mais importante dica é: take your time, isto é, permita-se aprender no seu tempo. Não se cobre, não se sinta frustrado ou inferior por não estar falando do jeito que você ACHAVA que deveria após 3, 4 ou 6 meses. Continue se dedicando ao aprendizado da língua e foque nas pequenas vitórias do dia-a-dia, pois acredite, elas são fundamentais nesse processo!
3. Haverá momentos de solidão
Um belo dia, você resolveu desbravar o mundo, conhecer novos lugares e ter novas experiências. Sair da sua zona de conforto, aprender uma nova língua, começar tudo de novo. Esta decisão foi feita por você e apenas você, certo? Portanto, saiba, haverá (muitos) momentos de solidão. Não vai ter pai, mãe, irmão, amigo, cachorro nem ninguém para resolver determinadas situações por ou com você, portanto o quanto antes isto for entendido, mais sofrimento será evitado.
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4. Existe uma fase de adaptação
E a duração dela varia de pessoa para pessoa. Cada um tem um ritmo e uma ordem, portanto pode ser que em um mês você já esteja adaptado à nova realidade, pode ser que não. O mais importante é entender que houve uma mudança de vida, então não é do dia para a noite que as coisas voltarão a ser como eram no Brasil. Uma conhecida recebeu um conselho de um amigo que faz todo sentido, portanto vou reproduzi-lo aqui: imagine que você é um navio, um cruzeiro fazendo uma manobra de 360º. Definitivamente, isto vai levar um tempo, certo? Devagar e sempre, prestando atenção em cada movimento, a manobra tem grandíssimas chances de ser concluída com sucesso.
Basicamente, é isso. Podem parecer conselhos óbvios, mas acredite, 9 em 10 pessoas que chegam aqui não estão a par desses pontos e, como eu pontuei no início desse texto, as queixas que costumo receber de clientes e amigos são, em 99% dos casos, relacionadas aos tópicos apresentados.
Planeje-se, não apenas financeiramente como também psicologicamente. Morar fora é uma experiência ótima e altamente recomendada, mas como tudo nessa vida, exige coragem, preparo e determinação!
6 Comments
Oi Livia, gostaria de saber quanto em media é o aluguel de um apartamento na Australia, pode ser uma kitnet mesmo so para duas pessoas. Agradeço o retorno.
Oi Haira,
Depende muito da regiao da Australia, os valores variam muito de acordo com a cidade… minha colega Evelyn escreveu um texto aqui para o BPM exatamente sobre esse tema, ve se te ajuda: https://brasileiraspelomundo.com/como-alugar-apartamento-na-australia-3005114301
🙂
Oi livia , gostaria de saber como funciona para fazer um intercarbio para curso de inglês na nova zelandia ou australia ?
excelente blog, parabens
Excelente site, continue fazendo este trabalho. Tenho aprendido e absolvido muito conteúdo daqui, bom trabalho!
Oi, Felype!
Obrigada pelo feedback, fico feliz que os conteúdos estejam te agregando! 🙂