Antes de começar todo o processo para vir para a Finlândia, há um pouco mais de dois anos, eu nunca tinha ouvido falar de Alvar Aalto!
Quando encontramos o curso que meu marido queria e, que por um acaso, era aqui na Finlândia, me deparei pela primeira vez com seu nome. A universidade escolhida, a Aalto University, originalmente pertencia ao campus da Helsinki University of Technology. No entanto, quando ela se fundiu com a Helsinki School of Economics em 2010, a Aalto foi inaugurada.
O campus em Otaniemi, na cidade de Espoo, é um parque com mais de 50 anos. Toda a urbanização foi feita por Alvar Aalto, além dele também ter projetado alguns dos prédios que fazem parte do complexo. Por isso, escolhê-lo foi uma forma de homenagear seu trabalho e mostrar a importância que tem para o legado acadêmico.
Mas afinal, quem foi Alvar Aalto e qual é a sua influência na arquitetura?
Hugo Alvar Henrik Aalto foi um arquiteto, designer e escultor finlandês que foi um dos pioneiros do design orgânico na arquitetura moderna. No início de sua carreira, em 1921, ele realizou seu primeiro trabalho ainda seguindo o estilo clássico nórdico que era predominante da época.
No entanto, ao viajar pela Europa junto a sua primeira esposa, Aino Aalto – que também era arquiteta-, conheceu as tendências do modernismo, chamadas de Estilo Internacional. Esse foi o ponta pé inicial para que ele torna-se um dos arquitetos mais influentes no Movimento Moderno Escandinavo, do qual faziam parte os cinco países nórdicos.
Até a década de 30, ele trabalhou com o estilo Internacional Moderno. No entanto, a partir da década de 40, passou para o estilo orgânico moderno, chamado de organicismo. Este estilo vem das ideias do americano Frank Lloyd Wright e se desenvolveu por todo o mundo. Ele acreditava que a construção precisava suprir as necessidades, tanto das pessoas que a utilizariam como as do meio ambiente. Aalto se identificou com isso, pois realmente acreditava que elas precisavam ser funcionais, integrando o homem, a natureza e a construção em si.
Aalto não trabalhava apenas com a parte arquitetônica, ele era bastante completo. Seguindo seu dom no design, criou sua primeira peça de mobiliário em 1932 para o Sanatório de Tuberculosos em Paimio, aqui na Finlândia. Isso provou ser seu avanço internacional no ramo e, em 1935, fundou com sua primeira esposa, a Artek Ltda.
Junto com Aino Aalto, davam vida a todo o projeto interno e ao mobiliário. Eles desenhavam os móveis, as lâmpadas, os artigos de vidro e, ainda, exploravam o uso das diferentes texturas dos materiais. Consta-se ainda que sua fama na Europa Continental ocorreu primeiro na área de design e depois na arquitetura.
Já vivendo em Helsinki nessa época, ele resolveu projetar a sua própria casa. A obra terminou em 1936. Nela, ele pode demostrar todo seu manifesto onde combinava diversos matérias modernos; além do conceito modernista, misturado ao tradicional; e a integração da natureza de maneira totalmente nova ao ambiente.
Com sua fama crescendo, Aalto foi convidado pela Faculdade de Arquitetura da Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos para ser um professor visitante em 1941. Nesta época, a Segunda Guerra Mundial estava em andamento e Aalto tinha grande preocupação em como a Finlândia iria se reconstruir depois que a guerra acabasse.
A sua responsabilidade social fez com que tivesse uma grande ideia e, com apoio da universidade, envolveu seus alunos nos projetos de concepção de moradias pré-fabricadas de baixo custo para que fossem utilizadas no pós-guerra.
Foi enquanto esteve nos EUA, depois que a guerra terminou, que ele também pode colocar em prática o projeto do dormitório estudantil da universidade, chamado de Baker House. Este prédio serviu de referência para que Aalto aplicasse a técnica de ondulação em outros prédios e também de incorporar o tijolo de forma diferente nas construções.
Após a morte de sua primeira esposa, em 1949, Aalto se casou novamente com Elissa Mäkiniemi, em 1952. Elissa também era arquiteta e juntos, em 1957, construíram uma casa de verão em Muuratsalo, que hoje também faz parte da cidade de Jväskylä. Eles a chamaram de Casa Experimental e descobriram o local quando Aalto projetou a prefeitura de Säynätsalo.
A casa foi utilizada até a morte de sua segunda esposa em 1994. Hoje ela ainda existe e faz parte do Museu Alvar Aalto.
Ao ver as obras de Aalto, muitas me lembraram as de Oscar Niemeyer! Os trabalhos curvilíneos, saindo do tradicional, misturando elementos; não foi à toa mesmo. Niemeyer foi o último arquiteto do movimento moderno a falecer e foi um dos poucos que se libertaram da obrigatoriedade de utilizar o ângulo reto, assim como Aalto também o fez!
Niemeyer chegou a dizer em um artigo que não tinha paciência para frequentar congressos e simpósios de arquitetura. Mencionou, ainda, que Aalto também não gostava deste tipo de evento, pois acreditava que não existia arquitetura moderna ou antiga, mas sim arquitetura boa e má. Ambos, acreditavam que não deveria existir a comparação de épocas, porque cada profissional usava o máximo de recursos que tinham disponíveis.
Tanto Niemeyer quanto Aalto, juntos a Charles-Edouard Jeanneret-Gris (conhecido como Le Corbusier), Frank Lloyd Wright e Mies Van der Rohe, foram considerados os melhores arquitetos do século XX. Inclusive, para quem visitar o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, encontrará o nome de Alvar Aalto por lá!
Assim como o crítico e autor do livro Space, Time and Architecture: The Growth of the New Tradition, Sigfried Giedion o descreveu, em 1949, ele foi reconhecido por suas qualidades que se afastavam da funcionalidade direta da arquitetura. Ele pontuou o humor, a intensidade de viver e até mesmo o fato dele sempre carregar suas características nacionais. Como ele mesmo disse na época: ‘a Finlândia está com Aalto aonde quer que ele vá’.
Alvar Aalto morreu em Helsinki, em 1976, e deixou um grande legado para as gerações futuras da arquitetura e do design, e para todos os amantes de arte em geral!
Espero que tenham gostado e até o próximo!
4 Comments
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Gostei de conhecer um pouco da história do arquiteto Alvar Aalto. Como sou arquiteto, admirei muito sua obra. Desejo muito um dia morar na Finlândia. Agora mais ainda. Belo texto. Um abraço.
Oi Rogério! Eu passei a admirar mais o trabalho dele também depois que conheci a história! Fico feliz que gostou! Eu tenho um video mostrando formas em como você pode vir morar aqui, dá uma olhadinha! Quem sabe te ajuda no processo ?
http://heyiamlili.com/por-que-viemos-para-finlandia-e-como-voce-tambem-pode-vir/
Um beijo,
Lili
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