Gênova é a capital da Ligúria, uma região da Itália. Ela fica lá no alto bem na curvinha da bota, voltada para o Mar Mediterrâneo. Devido a sua posição estratégica, sempre foi o epicentro da vida política e cultural do mediterrâneo. E justamente para defender essa posição geográfica, foi fortemente dotada de muralhas, torres, fortes e castelos.
É a cidade mais velha da Europa, fundada há mais de 2500 anos ao redor de sua zona portuária. O porto é o seu coração e a origem de seu poder e riqueza desde o século XI. Em seu auge, foi considerado “A door to Italy” (uma porta para a Itália) sendo, até hoje, um dos mais ativos e importantes da Itália.
A Via Garibaldi, para mim e para muitos, é a rua mais bonita de Gênova e, sem dúvida, a mais importante. Não só por ser uma das maiores do Centro Histórico, mas porque é ali onde se esbanja as belezas arquitetônicas de enormes e charmosos palácios do século XVI. Nesta rua estão três dos palácios históricos mais importantes: Palazzo Rosso e Palazzo Bianco, que junto ao Palazzo Doria Tursi, sede da prefeitura, constituem os Museus da Estrada Nova (I Musei di Strada Nuova). Em 2006 a Via Garibaldi foi incluída na Lista de Patrimônio da Humanidade da UNESCO, junto ao conjunto dos “Palazzi dei Rolli”.
Contudo, a história mais inédita é que o jeans – sim, aquele seu blue jeans de todos os dias – foi inventado aqui… “Em todo o mundo antigo, se usava dar aos tecidos o nome dos seus lugares de produção. E Jeane era o nome escrito em muitos sacos de ‘fustão de cor azul’ que, desde o século XVI, partiam da República Marítima de Gênova e chegavam a Londres.”
Assim, a origem do nome “Blue Jeans” surge da distorção que o idioma inglês fez, ao longo do tempo, ao nome de “Bleu de Gênes” (Azul de Gênova), nome com o qual era identificado o tipo de lona azul utilizada para cobrir mercadorias e em navios à vela. Também foi na Europa que essa lona foi transformada em uniformes de trabalho. Visto sua particular resistência, ela passou a ser utilizada na confecção das roupas usadas pelos marinheiros do porto. Em 1567, surgiram os termos “genoese” e “genes” para se referir às calças usadas pelos marinheiros da cidade de Gênova.
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Mas voltando a Gênova, o seu prato mais gostoso – ops! –, famoso, é o Pesto Genovês. O Pesto é um molho frio e cru, onde os ingredientes são amalgamados e não cozidos, o que o deixa extremamente cheiroso e saboroso. Ele é sinônimo e símbolo de Gênova e de toda a Ligúria. Há algumas décadas está entre os molhos mais conhecidos e difundidos do mundo. Como toda receita tradicional, cada família tem a sua mas, em geral, o Pesto se faz “pestando”, ou seja, socando e misturando manjericão, pinoli, alho, queijo parmesão, queijo de cabra da Sardenha, tudo com azeite extra virgem. Delicioso é também o gelato di cannella, que é vendido em uma antiga e tradicional sorveteria da prainha de Boccadasse – um bairro típico de marinheiros e pescadores e importante lugar turístico da cidade.
Em Gênova se vive bem. A qualidade de vida é muito boa. E mesmo sendo a sexta maior cidade da Itália, com quase 600 mil habitantes, ela mantém todos os ares de uma cidade pequena. Quase não existe criminalidade, por isso todo mundo anda de ônibus ou a pé pelo centro da cidade. O sistema público de saúde, transporte (apesar de algumas greves) e de ensino, funcionam. As escolas públicas são tão boas quanto às privadas. Porém, nem tudo é alegria: o país ainda não saiu da recessão e em Gênova esses impactos são visíveis. A maioria de suas empresas e negócios são familiares, o que logo demonstra que a economia não vai às mil maravilhas. No entanto, é aqui que o fica o IIT, maior Instituto de Tecnologia da Itália e um dos institutos de tecnologia mais importantes da Europa, com pesquisadores do mundo todo trabalhando nas mais avançadas pesquisas.
Fora o IIT, como estrangeiro é muito difícil arrumar um trabalho. O que se acha, às vezes, são vagas de vendedor de loja ou garçom, mas normalmente esses são sem registros e benefícios.
Aqui existe a siesta, quando o comércio fecha das 12h/12h30 às 15h30/16h. E não, depois os negócios não ficam abertos até tarde da noite. Tudo fecha por volta das 18h30/19h. Aos domingos e feriados quase nada abre. As farmácias seguem um rodízio de plantão. Os supermercados e ônibus funcionam em horários reduzidos. Outra coisa interessante é que o primeiro mercado 24 horas foi inaugurado no fim do ano passado – e não sem protestos dos sindicatos dos funcionários dos supermercados e do comércio.
E ainda tem as férias de agosto, quando tudo fecha. Repito: TUDO fecha. Nessa época, pipocam plaquinhas de “Chiuso Per Ferie” (fechado para férias) em todos os lugares. Apenas supermercados e farmácias ficam abertos. Enfim, em Gênova se trabalha para viver e não o contrário. Também, com a natureza que a circunda, seria um pecado se fosse o contrário. As paisagens são lindas! Ao fundo se tem o verde de suas colinas e montanhas, algumas delas com um velho forte no topo, e a frente se tem toda a imensidão azul do mar. Gênova fica expremidinha no meio dessas belezas. De vários lugares é possível observar uma maravilhosa vista da cidade, que foi se formando sobre as montanhas, uma construção sobre a outra, como um paredão com vista para o mar.
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Beh, espero ter conseguido te passar, ao menos um pouquinho, de como eu vejo e vivo Gênova. E assim como eu, espero que você também tenha se encantado por ela!
A presto!
Citações, fontes e fontes de inspiração:
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