Liberdade Sexual na Dinamarca.
Além da igualdade social, a Dinamarca é famosa pela igualdade entre homens e mulheres, o que faz do país um dos precursores do feminismo no mundo. Ser mulher na Dinamarca é ter liberdade sobre as roupas que vai vestir, não ser julgada pela aparência, não sofrer assédio e cantadas inapropriadas diariamente.
Falar sobre liberdade sexual ainda é, no Brasil, um tabu, o que deixa claro para as mulheres brasileiras como eu, a grande diferença existente com relação à atenção dada a esse tema logo na chegada a terras dinamarquesas.
A Dinamarca é um dos melhores lugares do mundo para se nascer mulher. A liberdade sexual que as mulheres têm na Dinamarca se estende ao âmbito corporal e social. O corpo da mulher, ou parte dele, não é um objeto de sexualização em programas de televisão, propagandas e na mídia em geral.
No Brasil, embora já tenhamos feito muitos avanços no tema e a presença marcante da mulher no mercado de trabalho tenha forçado maior aceitação e liberdade para as mulheres, ainda vemos o corpo feminino sendo explorado como um objeto por muitos homens. E, na mídia, o corpo da mulher – ou parte dele – ainda é tratado como se fosse um pedaço de carne não importando necessariamente o que ela sente.
As mulheres, assim como os homens dinamarqueses, têm muita liberdade com relação ao corpo e à nudez. É comum ver mulheres fazendo topless nas praias locais durante o verão ou até mesmo trocando de roupa ali mesmo, no local de banho.
Outra coisa que observei foi a liberdade que as dinamarquesas têm de andar de bicicleta usando vestidos. É verdade que a maioria usa shorts por baixo da saia para pedalar pela cidade, mas já vi casos em que esses não estavam lá e, mesmo assim, não foi motivo para olhares constrangedores masculinos ou cantadas inapropriadas pela rua.
O sexo também não é um tabu na sociedade deles. Os dinamarqueses aprendem desde de criança sobre seu próprio corpo, o que ajuda a quebrar barreiras e falar sobre sexo abertamente .
Na Dinamarca , os pais, em geral, conversam com os filhos sobre sexo e até mesmo as leituras infantis já abordam o tema de forma simplista e aberta, o que pode assustar outras culturas mais fechadas sobre o assunto.
A americana Jessica Alexander relatou a um jornal local, o “The Local“, que ficou impressionada ao ouvir o marido dinamarquês lendo um livro infantil com conteúdo de educação sexual para sua filha de 5 anos de idade.
O livro, que se chama Da Emma Blev, Emma – og hvordan det gik til ou “Quando Emma se tornou Emma – e como isso aconteceu”, explica como Emma chegou ao mundo através dos pais. No livro, além de deixar bem claro que Emma foi introduzida pelo órgão masculino do pai na genitália da mãe, o ato da concepção ainda é ilustrado por duas pessoas nuas se beijando em uma cama cheia de corações, enquanto a menininha Emma mergulha em um mar cheio de espermatozóides sorridentes.
Desde de 1970 a educação sexual é obrigatória nas escolas públicas na Dinamarca. Meninos e meninas têm aulas sobre o corpo, sexo e conhecimento do funcionamento dos órgãos sexuais. Os alunos participam de forma ativa desde a série 0, quando começam a aprender o que significa ser saudável fisicamente e mentalmente. Além de aprenderem sobre o significado de relacionamentos respeitosos e amorosos com colegas, amigos e familiares.
Na quarta série os estudantes aprendem sobre identidade, puberdade, gêneros, sentimentos e relações com a família. Já nos últimos três anos de educação sexual, os assuntos abordados são a adolescência, o sexo e a sexualidade, gravidez e contracepção.
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Dessa forma, mulheres e homens possuem informação e liberdade para o exercício da própria sexualidade e planejamento familiar, tendo a Dinamarca, por sua vez, o menor índice de gravidez na adolescência no país nos últimos dez anos.
Além disso, embora seja legalizado, o número de abortos tem caído nos últimos anos no país. Tem o menor indice entre os países escandinavos (Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Dinamarca).
Para o pesquisador Mogens Nygaard Christoffersen do Centro Nacional de Pesquisa Social Dinamarquês, o número reduzido de gravidez precoce na Dinamarca se deve ao fato de as meninas receberem uma boa base nas aulas de educação sexual e de muitas jovens preferirem terminar os estudos primeiro antes de tornarem mães (CPH post).
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Já em fase adulta, as mulheres são as mais beneficiadas da liberdade sexual concedida pela sociedade dinamarquesa, elas são muito mais livres do que a maioria das mulheres do planeta. Na Dinamarca a mulher tem tanto direito quanto o homem de exercer a própria sexualidade. Segundo uma pesquisa realizada pela Victoria milan são elas quem tomam a iniciativa para investidas sexuais, assim como elas são equiparadas aos homens no que se diz respeito a pratica de sexo causal .
A liberdade social promovida na Dinamarca dá as pessoas o direito sobre si mesmas e responsabilidade sobre suas escolhas. Ser mulher na Dinamarca é ser livre, livre sobre suas escolhas pessoais e sexuais. É poder livre de julgamentos sociais , É poder ser livre para decidir como e quando se expressar sexualmente.