A Malásia tem como sua principal fonte de recurso a exportação de palm oil.
É uma palmeira pequena que produz um fruto que nós brasileiros conhecemos como dendê. Dele é produzido o óleo de palma (palm oil), que depois de refinado vira o azeite de dendê como conhecemos. Este óleo é exportado para o mundo todo e é utilizado em quase tudo que é fabricado industrialmente, além de ser usado como óleo de cozinha. O país é quase todo coberto pela plantação desta palmeira e a produção malaia representa 70% da produção mundial, junto com a Indonésia.
O óleo de palma representa 35% do mercado de óleos vegetais. São produzidas em média 10 toneladas de fruto por hectare (muito mais do que os óleos de soja e girassol) e a produção requer 10 vezes menos extensão de terra – por isso, sua alta demanda no mercado. Muitos alimentos possuem em sua descrição “óleo vegetal” em vez de óleo de palma porque a plantação desta palmeira gera muita destruição ambiental e também trabalho escravo, o que vem causando diversos problemas políticos com organizações de proteção ambiental que lutam constantemente para a diminuição do consumo deste tipo de óleo. O site da ONG Greenpalm explica muito bem sobre o mercado e suas consequências.
Para que a plantação seja viável, após a colheita do fruto, eles incendeiam o restante da plantação para que novas palmeiras possam ser plantadas. Esta queimada gera problemas diversos que afetam tanto nós humanos quanto os animais que ali no local da plantação de palmeiras viviam. A queimada destrói as famosas Rainforests (florestas tropicais ou com alta incidência de chuva, como a Amazônia), tão famosas aqui nesta região e que são o habitat da maioria da fauna da Malásia.
A fumaça gerada pela queimada se espalha pelo país todo, causando uma poluição tóxica (altos níveis de gás carbônico) chamada de haze e que faz com que fique extremamente difícil andar na rua sem máscara. Na Indonésia as queimadas são tão intensas que a fumaça chega até Kuala Lumpur. Nos dias de haze intensa, é necessário que o governo faça chover artificialmente para que a poluição diminua.
Além da fumaça, as queimadas exterminam a população de orangotangos que ali viviam livremente. A Malásia é considerada um dos únicos países no mundo onde ainda é possível ver este tipo de primata em seu habitat natural (somente aqui e nas florestas da Indonésia) mas esta prática de queimadas já reduziu o número destes animais drasticamente, de 350 mil indivíduos para 50 mil, e estão chegando ao risco de extinção.
Um dos principais chocolates vendidos no mundo utiliza em sua fabricação o óleo de palma e é um dos responsáveis pela morte desses orangotangos, fazendo com que as organizações de proteção ambiental como Greenpeace criassem campanhas ligando a imagem deste chocolate à morte dos orangotangos. Para quem quiser descobrir qual chocolate infelizmente utiliza esse óleo, clique aqui. É realmente muito triste a forma como estes animais estão sendo exterminados e cada um que deixe de comprar consegue ajudar de certa forma. Eu pessoalmente parei de comprar essa e várias outras marcas que já sei que ajudam essa indústria.
Além da morte dos animais, a plantação ainda é responsável por promover o trabalho escravo infantil e de adultos.
Achei importante compartilhar um vídeo da WWF (World Wild Fund) que relata bem como nosso consumo pode afetar a vida selvagem e a vida humana. Veja o vídeo:
O governo da Malásia sofre represálias constantes e diz que já proibiu a prática destes delitos e restringiu a plantação de palmeiras para metade da extensão do país, porém como estas plantações são de propriedade de empresas privadas, ou seja, os terrenos foram arrendados pelas empresas e geram a principal renda do país, muito do que é prometido não é cumprido. As maiores produtoras de palm oil do mundo estão baseadas na Malásia, e as plantações de somente UMA das empresas ocupam mais de 850 mil hectares do país.
Muitas pesquisas provaram que a produção deste óleo pode se tornar mais sustentável e causar muito menos destruição, como mostra a organização WWF neste link.
Assim como enfrentamos a destruição da Amazônia no Brasil, aqui do outro lado do mundo vivenciamos o mesmo problema. Como por hora estou aqui, vou tentar fazer a minha parte para contribuir com a diminuição do consumo deste óleo, seja parando de consumir produtos ou ate mesmo ajudando a divulgar este problema, que por muito tempo não soube que eu mesma vinha contribuindo.
5 Comments
Fernanda,
Parabéns pela matéria!! Amei!! Justamente através da WWF, deixei de comprar produtos q levam óleo de palmeira e agora sabendo dessa exploração é q vou ser mais minuciosa.
Um grd abraço,
Inés
Parabéns pela denúncia!
Olá Fernanda, parabéns pela matéria. As vezes achamos que os nossos problemas são os maiores, mas com esses depoimentos aqui no Brasileiras temos a oportunidade de nos manter informadas sobre o que acontece do outro lado do mundo tambem. Um absurdo o que está acontecendo com os orangotangos e a prática de trabalho escravo infantil, muito triste… Tomara que a Malásia consiga reverter essa situação. Bjs
Incrivel! Tb nao sabia. Consumo consciente é tudo! Parabens!
Olá Fernanda! Moro em Borneo e já presenciei macaquinhos fugindo de uma área que seria queimada… É muito triste saber que não há cuidado com a natureza e que, às vezes, estamos colaborando com isso sem saber ao consumir estes produtos. Muito importante sua denuncia! Obrigada! Abraço!