Você sabia que mulher não pode dirigir na Arábia Saudita? Pois é, este é o único país do mundo que ainda mantém essa restrição para elas.
Agora já podem! Leia aqui: Agora as mulheres podem dirigir na Arábia Saudita
Porém isso vai mudar a partir do ano que vem! No final do mês de setembro o Rei da Arábia declarou que vai retirar esta proibição e que as mulheres poderão obter suas carteiras de motoristas a partir do segundo semestre de 2018. Mas até lá, ainda dependemos de carona.
Na realidade não existe nenhuma lei escrita que fale que a mulher não pode dirigir. O que acontece é que o país exige que se use uma permissão local, e eles não emitem essa licensa para mulheres. Uma excessão à regra são as áreas rurais e deserto, onde não existe fiscalização, lá as mulheres dirigem. Eu fiquei surpresa em saber que existem mulheres que dirigem trator nas áreas rurais e que há famílias que vão ao deserto para que suas filhas aprendam a dirigir nas dunas. Mas isso só porque ninguém vai estar lá nessas áreas remotas fiscalizando.
Outro lugar em que as mulheres expatriadas podem dirigir são em alguns condomínios fechados que funcionam quase como pequenas cidades ocidentais. Mas não são muitos que existem e grandes o suficiente para precisar se locomover de carro, e a entrada é restrita para moradores e convidados.
E isso causa, obviamente, um grande impacto em nossa mobilidade.
A Carla já abordou esse tema na postagem Arábia Saudita – “Mulher no volante…” Por que não? e hoje eu vou falar aqui sobre como é que andamos pra cima e para baixo já que não podemos pilotar.
Nessa história de locomoção, tenho que dizer que não é uma coisa fácil. Apesar de existirem algumas poucas opções, ainda assim elas não são fáceis, convenientes e nem sempre confortáveis, principalmente para quem está chegando aqui pela primeira vez.
Eu posso dizer que: “se eu quiser ir para qualquer lugar eu vou!” Porém, não na hora e na rapidez que eu desejo. Há que se treinar a paciência.
Aqui na cidade onde moro, não existe transporte público e acredito que essa seja a realidade da maioria das cidades do país. Nenhum ônibus urbano. Existem ônibus e trens que levam de uma cidade à outra, mas não transporte público que circule dentro da cidade.
Caminhar pelas ruas, principalmente no verão onde as temperaturas chegam facilmente à 50 graus também não é uma opção. As vias não são feitas para pedestres, faixas de segurança quase que não existem. Claro, isso depende da região que você mora, mas caminhar não é comum. Seja pelo calor ou pela infraestrutura.
Bom se não posso dirigir, não posso caminhar e não tem transporte público, como faço?
O que as sauditas fazem é contratar um motorista. Geralmente indianos, essas pessoas vêm morar na casa das famílias árabes que as contratam, e ficam disponíveis para levar as mulheres para cima e para baixo. Não vou dizer que são todos os casos e nem me aprofundar nesse assunto, mas muitas vezes eles não tem horário, não tem folga e nem fim de semana, eu acho um pouco desumano.
Só que contratar um motorista não é algo barato. Fora salário, visto, moradia e uma série de outros valores para manter uma pessoa à sua disposição 24hrs. Numa família que tenha 3 ou 4 pessoas que usem o motorista, sempre vai ter que haver um jogo de cintura para quando duas querem sair ao mesmo tempo em lugares diferentes.
Podemos usar táxi, mas nesse caso teríamos que ir pra rua e esperar até que um táxi livre passe, pois não tem “pontos de táxi”. Ou se temos o telefone de algum taxista, podemos ligar e solicitar.
O que as mulheres expatriadas fazem é compartilhar entre elas telefones de motoristas de confiança, que muitas vezes nem são taxistas registrados, mas motoristas fazendo um trabalho “extra”. É uma maneira segura pois são “de confiança”, isso quer dizer que outras pessoas já usaram o serviço e não tiveram problemas. Eu usei algumas vezes mas achava o preço muito caro. Esse senhor que eu chamava costumava cobrar por região, se fosse algo perto custava em torno de 20 reais na época, o que eu considero bastante pra uma corridinha de as vezes nem 5 minutos.
Existem serviços de motorista que algumas empresas oferecem, que funcionam quase da mesma forma que um uber, mas é preciso agendar com antecedência por telefone ou e-mail, o que não é muito prático para algo não planejado.
Também temos opções como o Uber e Careem, aplicativos de celular em que podemos “encomendar” um motorista e na minha opinião essa é a forma mais barata e mais prática de se locomover pela cidade. No mesmo caso de distância do exemplo anterior, com o Uber para fazer um trajeto de mais ou menos 1km eu gasto a tarifa mínima que é de 8 reais, muito mais em conta.
Muita gente ainda tem medo e receio de usar o Uber aqui, mas eu, em dois anos, nunca tive algum episódio preocupante. Problemas de comunicação, de localização já me ocorreram, mas nenhum que me fizesse temer a índole do motorista.
A maior barreira e dificuldade que eu observo que possa acontecer com serviços desse tipo são a língua e o GPS. Muitas vezes o motorista fala muito pouco inglês e nós quase não falamos árabe. A partir dessa situação eu acabei me forçando a aprender um pouco de árabe para pelo menos falar esquerda e direita quando necessário. E quanto ao mapa, alguns desses aplicativos tem algumas ruas desatualizadas, ou não estão mostrando a mesma rota para o motorista e para mim.
Então nesse caso é sempre bom você conhecer o caminho, conhecer as outras várias alternativas e não surtar se ele pegar um caminho que não é o que mostra no seu visor… Homens não gostam que a gente ensine o caminho, ainda mais num país em que eles assumem que a gente como mulher não entenda nada além de pilotar um fogão, mas eu sempre tento explicar o porquê de querer que ele vá por um caminho diferente do que o aplicativo sugere, e geralmente eles aceitam numa boa.
Uma outra maneira da gente se locomover por lá são ônibus particulares. Alguns condomínios dispõe de ônibus para levar as moradoras ao shopping, mercados ou outros pontos de interesse. No meu prédio, temos um ônibus que sai duas vezes ao dia: de manhã e de tarde, e cada dia da semana é um destino pré determinado. Ele leva e busca desses lugares, mas o horário já é definido. Nesse caso temos que nos programar também pra fazer tudo a tempo de não perder a carona. Esse serviço no meu prédio é gratuito.
Nós também podemos viajar de uma cidade a outra, pegar avião, trem, sozinhas sem problema algum e com segurança. Eu mesma já viajei diversas vezes dentro do país sozinha e nunca fui questionada. Mesmo para as mulheres sauditas, muitas amigas viajam sem problemas dentro do país, mas no caso específico delas, ainda para viajar para fora do país elas precisam de uma autorização do responsável legal.
Vai ser muito interessante ver de perto a mudança no transito quando as mulheres começarem a dirigir. O transito é tão louco que no fundo eu tenho um pouco de receio, mas seria uma ajuda imensa no meu dia a dia.
Minha reação logo após a saída da noticia no meu blog Fui pra lá de Bagdá.
2 Comments
Olá Gabriela,
Meu nome é Cláudia Penha da Rosa, tenho 51 anos, sou solteira, e moro no Brasil, meu namorado mora na Arábia Saudita, mas é natural de Bangladesh. A sua página me chamou atenção, porque você está na Arábia Saudita, e gostaria muito de contar minha história para você, para pedir um conselho.
Em outrubro/2017, conheci Amdadul Hoque, pelas redes sociais facebook, nesse tempo que estamos juntos, eu estudei tudo que pude sobre a vida dele e ele sempre fez questão de deixar tudo bem esclarecido pra mim.
Agora estamos lutando para que ele consiga um visto para o Brasil, ele diz que é muito difícil de conseguir um visto. Mas eu fiquei sabendo que o visto em Dubai é mais fácil de conseguir, eu já disse isso para ele, mas não sei qual é a dificuldade que ele encontra de tentar um visto pela agência em Dubai, você poderia nos ajudar, de alguma forma, porque eu nunca saí do Brasil, na verdade eu nem tenho passaporte, nem sei onde tira passaporte. Então fica difícil de ajudar ele, não tenho experiências com isso.
Gostaria de saber qual o melhor caminho para que ele venha ao Brasil, eu desejo muito conhecê-lo pessoalmente, confesso que estou sofrendo com isso.
Ele trabalha em uma cafeteria na Arábia Saudita, de domingo a domingo, eu não tenho o endereço. Mas antes disso trabalhava em uma biblioteca, e lá todos conhecem ele, o endereço é 46 ibn sina road , hi al massif , Riyadh , Arábia Saudita, caixa postal 11564
Cláudia Penha da Rosa.
Whatsapp: 55 11 99900.3236
Facebook: Claudia Rosa Hoque
https://www.facebook.com/profile.php?id=100008713204746
Desculpa Cláudia, não tenho como te ajudar e, particularmente, não aconselharia a seguir em frente com esse relacionamento.