Neste mês, continuo meu texto sobre meu retiro de yoga na Índia. Caso ainda não tenha lido o primeiro, confira antes desse aqui.
Dia 2
Sete horas da manhã tive minha primeira aula de yoga. Foi uma delícia, estava uns dois meses sem fazer exercícios e até que não me saí tão mal. Depois, segui para a minha Ayurveda massage (massagem típica da Índia) que estava inclusa no pacote. A massagem foi um tanto quanto intensa, não relaxei.
Tínhamos duas aulas de yoga e uma aula de meditação/relaxamento por dia. Era muito gostoso.
Dia 3
Eu e mais uma menina fomos conhecer a caverna Vashit, a 25 km da cidade. Fomos com um dos guias, os três numa moto, sem capacete, em plena estrada, aventura total. A caverna era super estreita e pequena, mas com uma atmosfera bem energizada. Um iogi costumava meditar nesta caverna e por isso ficou famosa. Tiramos uns 20 minutos para meditar lá dentro, foi bem diferente.
À tarde participei da aula de filosofia com as meninas. O indiano falava num tom baixo, dava aquela vontade de dormir, mas foi bom para aprender sobre os diferentes tipos de yoga, respiração. Tudo que estamos fazendo na prática vi um pouquinho da teoria.
Dia 4
Após a yoga, fomos fazer rafting no rio Ganges. Eu já tinha feito uma vez em São Paulo e não foi legal, caí, perdi o remo, levei um caldo, foi um sufoco! Eu perguntava para o guia, e seu eu cair? Alguém vai me puxar? E se eu não conseguir voltar, vou parar em Delhi? Todos riam. No fim, deu tudo certo e graças a Deus eu não caí.
Uma hora estávamos em uma correnteza bem forte e parei de remar e me agarrei à corda e pensava, daqui não saio! E o instrutor atrás de mim mandando eu remar, mas eu o ignorava, pensando se eu não me segurar eu caio! A água estava geladíssima. Óbvio que ficamos encharcadas, brinquei ao pegar um pouco da água e jogar no rosto: pronto já estou purificada! Afinal, dizem que a água do rio Ganges é sagrada. Até bebi um pouco.
Dia 5
Depois da yoga, fui conhecer a Baba Cave, conhecida como Beatles Ashram. Esse “santuário” ficou famoso após a banda passar uma temporada por lá, em 1968. Eles moraram em “ocas” para estudar meditação transcendental e usaram o local como inspiração para escrever músicas dos álbuns White Album e Abbey Road.
Dia 6
Na aula de yoga, eu tive um apagão. Foram dois segundos nos quais eu “desmontei”, minha pressão caiu. Ao sair da determinada posição, minhas pernas estremeceram e caí sentada. Cada dia que passa as aulas ficavam mais puxadas. Yoga é um exercício maravilhoso porque trabalha todos os músculos com o próprio peso do corpo. À tarde, fiz a segunda massagem que foi mais gostosa, pois pedi para ser relaxante.
Dia 7
Dia de experimentos! Ao acordar, bebi um litro de água em posição de agachamento. Em uma das aulas de filosofia, o professor disse que esse é um método muito bom para limpar o corpo, e ótimo para quem tem constipação. Após terminar de beber a água, continue na posição de agachamento até ficar com vontade de ir ao banheiro, que não passa de 10 minutos. Depois tivemos uma aula de shatkriya, um método para limpar as vias respiratórias, no qual você respira pela boca, enche uma via com água e sal e a água sai pela outra via. Foi meio nojento, mas limpou tudo.
À tarde fomos passear no centrinho e fazer umas comprinhas. Em uma das lojas, fiquei encantada por um cartão postal antigo com a imagem de Ganesha, filho da deusa Shiva, que possui uma cabeça de elefante. Disse ao vendedor que era lindo, mas que não tinha mais dinheiro. Ele me deu o cartão postal! Eu sorri e agradeci pelo presente. Como eu gostei daquela imagem! Remetia-me paz, me sentia bem.
Dia 8
Yoga feita e malas prontas! Mas, antes, uma consulta com um terapeuta ayurveda que define seu dosha (biotipo) através de métodos naturais e pela sua energia. Ainda em jejum (melhor não comer antes) fui à clinica, que por sorte era perto do retiro. Ele me chamou, aferiu minha pressão com suas mãos, analisou minhas unhas, minha língua e disse: “você está muito fraca”. Mas a minha alimentação é balanceada, faço exercícios. Ele disse: “você teve problemas de estômago”. Sim, tive ameba no intestino. “E você está com baixa resistência, seu corpo está debilitado”. Fiquei desacreditada. Ele também disse: “você é uma pessoa muito emocional, precisa ser mais prática. Você é muito agitada, tem a mente inquieta”. Mais uma vez meu queixo caiu. Ele me receitou três remédios, todos naturais. E disse para eu ficar tranquila, que iria ficar forte novamente e que minha energia era boa. Medite mais, você irá se fortalecer, e acredite em você, não tenha medo”. Posso dizer que essa foi uma surpresa muito gostosa que tive em Rishkesh. Era uma viagem que queria fazer para eu ter um tempo comigo mesma, parei de acessar internet, me desconectei. E, para fechar, tive essa consulta antes de partir.
Pontos altos do retiro:
Professores: tive aulas de Hatha, Vinyasya e meditação. Todos tinham uma boa base e sempre ajudando cada uma de nós com nossas particularidades.
Funcionários: atenciosos e sempre preocupados com a gente.
Flexibilidade: pedi para fazer algumas alterações no meu programa e foram todas atendidas.
Grupo: estávamos em cinco, o que foi ótimo para ter aulas mais proveitosas.
Quarto individual: cada pessoa tem sua própria suíte.
Comida: todos os retiros seguem a linha “yogic diet”, apenas frutas, legumes, vegetais e chapati, o pão tradicional deles.
Pontos fracos do retiro:
Localização: afastado de tudo. Ficava num morro com acesso restrito. Prepare suas pernas.
Barulho: além de o retiro estar em construção, há diversas obras ao redor. Isso foi muito chato.
Banheiro: cheiro forte de esgoto, mas segundo as meninas é assim na Índia. Destaque para o item papel higiênico. Você recebe uma quantidade e depois tem que comprar os demais. É uma coisa da Índia também.
Água quente: tinha que ligar 20 minutos antes e a água quente durava 5 minutos. Banho cronometrado. Senão, água fria! Na índia é assim.
Gostei muito de Rishikesh, é cativante e pequena. Pude ter uma amostra do que teria em Delhi. Vacas na rua, motos, tuk-tuks, carros, macacos, pessoas, babas (idosos indianos), pedintes, vendedores, tudo junto e misturado.
Na capital da yoga, bebida alcoólica não é vendida e a maioria da população é vegetariana. Foi mais uma experiência que com certeza valeu a pena e recomendo para todos. Quem quiser tirar um tempo somente para si e se aventurar em outra cultura, a Índia sem duvidas é uma ótima opção.
É bom desligar um pouco e perceber que por um tempo você não faz parte do caos, do estresse, dos problemas. Deixar os medos e as incertezas de lado, viver uma experiência tão diferente, jamais imaginada. Como disse o terapeuta ayurveda: “tudo se ajeita no seu tempo. Apenas acredite em você mesma e faça o que for, faça com amor, que irá dar certo. Não tenha medo, não se preocupe”.
Namastê.
1 Comment
Olá Roberta….. Dizem que afinidade e empatia com determinadas pessoas são presentes que recebemos de Deus. Não devemos questionar e sim aceitar.
Nada na vida é por acaso.
Muito engraçado pois caminhando aqui pela internet, há algum tempo, procurando por experiências de pessoas que moraram fora, encontrei suas histórias. Pura coincidência.
Foi assim que encontrei vc aqui.
Gostaria muito, um dia, de ouvir suas histórias, suas experiências.
Bagagem esta que não pode ser nunca desprezada ou esquecida. Um livro quem sabe! Já pensou nisso? Passe isso adiante, não guarde com vc.
Tudo o que a vida nos ensina deve ser repassado adiante.
Temos obrigação, como human beings, de ajudar e ensinar.
Se um dia quiser conversar, sabe onde pude me encontrar. Não vou te incomodar. Será muito bem vinda.
Pode não acreditar, mas aquilo que te falaram no retiro da yoga parte II é pura verdade. Acredite mais em você. Você não imagina onde pode chegar.
Me desculpe se fui um pouco “mal educado” em falar tudo isso sem nunca termos conversado.
Mas como disse, nada é por acaso nesta vida.
Desejo muita sorte a você.
No tempo certo, tudo acontece.
Tenha paciência.