Acredito que em qualquer experiência de se mudar para o exterior, seja sozinho, seja acompanhado, o engajamento da família é fundamental para que este projeto saia do papel e se torne realidade. A mudança de país é um projeto familiar.
Quando se muda sozinho, há que se ter o engajamento da família, apoiando, incentivando e financiando este projeto. E até mesmo abrindo mão da presença e convivência daquele que vai à procura de novas experiências além mar. Embora não tenha vivido esta experiência em particular, tenho visto que ela acontece, nestas circunstâncias, para pessoas mais jovens, que saem do país à procura de uma experiência acadêmica, de especialização ou pós-graduação, para fazer algum curso ou aprender outro idioma. Neste caso, a experiência de viver a mudança, de sair de casa, do seu país e de adaptar-se em outro lugar será individual. Isso será mais fácil por um lado – porque só precisa cuidar de si mesmo – e mais difícil também, justamente por estar “sozinho”.
Quando a oportunidade de mudança surge num momento em que se está casado, ou num relacionamento sério, ou com filhos (ou todas as opções anteriores juntas), mudar-se para o exterior – com algumas poucas exceções – significa levar consigo não apenas alguns ítens pessoais na mala, mas também as pessoas que compõem seu núcleo familiar mais próximo. O que, de igual forma, torna fundamental que todos estejam envolvidos e engajados neste projeto, para que seja bem sucedido. E digo mais: deve ser, e É de verdade, um projeto familiar, que afeta a todos. Portanto, requer envolvimento de todos. Foi essa a experiência que eu vivi recentemente e, que, ao final, não me restou qualquer dúvida do quão coletivo é este projeto.
Apenas para me fazer entender melhor: me mudei para Bogotá no meio do ano passado, com meu marido e dois filhos pequenos. Tudo começou porque meu marido recebeu uma proposta de trabalho da empresa em que trabalhava no Brasil, para assumir uma posição no escritório da Colômbia. Neste caso, o convite veio pra ele, o que significa que a mudança profissional e o desafio profissional que o aguardavam aqui seriam assumidos por ele individualmente e contabilizados na sua carreira. Todo o restante, ou seja, todos os outros (muitos) aspectos que envolveram a nossa mudança, afetaram e envolveram a toda a nossa família. Seja qual for o motivo que provoque a mudança, ou o membro da família que é convidado a viver a experiência de trabalho ou estudo no exterior, é um projeto que envolve a todos.
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Foram dois meses entre o aceite da proposta e a mudança. Nesse tempo tivemos que nos desfazer de (quase) tudo que tínhamos (como já contei nesse texto), esvaziar o apartamento, organizar as coisas entre o que viria pra Bogotá e o que ficaria no Brasil, cotar e fechar transporte aéreo para alguns itens, organizar documentos, fazer apostilamentos, renovar passaportes, fazer procuração para deixar no Brasil, colocar a saúde das crianças em dia (acompanhamento no pediatra, vacinas, remédios etc.), pesquisar sobre escolas e a vida em geral na nova cidade, nos despedir de algumas pessoas, comprar passagens e partir. Tudo isso com duas crianças pequenas e com meu marido dividindo seu tempo entre Brasil e Colômbia. Cansou? Rs… Eu cansei. Mas, calma. Como (ainda) não sou a mulher maravilha, minha mãe e minha sogra se revezaram nos ajudando. Ele foi resolvendo o que podia em Bogotá e eu no Rio de Janeiro.
Embora não tenha funcionado bem o tempo todo, o trabalho em equipe foi fundamental. Foram muitas coisas em pouco tempo! A maioria das coisas foram bem resolvidas, outras nem tanto, mas, no final deu tudo certo! Talvez a sua experiência tenha sido mais difícil ou mais fácil, mas igualmente cansativa. Acrescente-se a esta maratona o custo emocional de tudo isso: o último dia de aula na escola, o último dia na empresa, o último domingo na igreja, a última noite no apartamento, o último dia no Rio, o último em São Paulo, o último encontro com amigos queridos. Por fim, começar uma nova vida (mais) longe de muita gente querida. A saudade…
Sem contar o fato de que, no meu caso, não precisei abrir mão de um ótimo emprego, nem de uma carreira super promissora, pois já estava dedicada às crianças. Tenho amigas que abriram mão de ótimos empregos, salários e carreiras em prol deste projeto familiar. E não quero dizer com isso que só a mulher abre mão nestes casos. Poderia ser o contrário, como também conheço casos em que a proposta de trabalho/estudo veio para a mulher e o companheiro/marido abriu mão de algumas coisas.
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Agora, imaginem fazer e viver tudo isso sem estar engajada, sem sentir-se parte ou sem SER parte deste projeto? Ou não colocar a mão na massa pelas mesmas razões? Imagino que seria bem difícil, quase inviável. Cheguei a ouvir de algumas pessoas, que “ele que fosse sozinho, porque eu não toparia uma loucura dessas!” Oi?!?!? Acho que neste caso não daria muito certo… (risos)
O bom de tudo isso é que, da mesma forma que assumimos o desafio e todas as dificuldades como família, também estamos colhendo em conjunto os bons frutos que a experiência na Colômbia está gerando: novos amigos, novas experiências, novo idioma, nova cultura, novos pratos, novos lugares, nova vida, novo tempo. Estamos vivendo e experimentando este projeto familiar juntos. Também compartilhamos da saudade e dos momentos em que não é tão bom estar longe de tantos que amamos.
A minha dica é: se você tem vontade, desejo, sonho de viver uma experiência no exterior, não se esqueça de que, dependendo da sua configuração de vida e familiar, este projeto nem sempre terá sucesso sem o envolvimento e engajamento da sua família. Além de ser um projeto de vida individual, deve ser um projeto familiar. Isso é um dos fatores chave para o sucesso do plano. Pense nisso, e até a próxima!
2 Comments
ola! Tudo bem?
Meu marido tbm recebeu uma proposta para trabalhar na Colombia.
voce sabe me dizer como funciona o imposto de renda na Colombia?
Olá Caroline,
A Lívia Maioli Soares, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM