Era perto do meu aniversário e morava em Nova Délhi quando decidi me dar de presente conhecer o Taj Mahal. As meninas que moravam comigo não quiseram ir, alegando que era perigoso.
Sempre que viajo não me importo de ir sozinha para lugar nenhum; aliás, adoro minha companhia: posso planejar meu roteiro e tempo e não vejo problema nenhum nisso. Não gosto de depender de ninguém e como estava voltando para Mumbai na próxima semana, ou eu iria ou sabe-se lá quando teria novamente uma nova oportunidade de ir ao Taj Mahal, que era um sonho. Pesquisei antes na Internet qual trem me levaria até Agra e como foi algo de última hora, não foi uma viagem planejada – foi impulsiva e com alguns percalços pelo caminho.
Acordei as 4 da manhã; tinha que chegar à estação New Delhi Railway Station (NDLS). Tomei um riquixá que me deixou na porta. No primeiro momento me assustei com o lugar, lotado e cheio de homens, alguns estrangeiros e eu ali no meio. Comprei o bilhete e fui em direção ao portão de embarque. Como sempre, passamos por revista e monitoramento de bolsas e bagagens.
Não sei que cara estava fazendo na hora em que estava procurando meu vagão quando um rapaz indiano me abordou, me perguntou se eu estava perdida e se precisava de ajuda. Sim, respondi e sorri. Sim, eu estava perdida! Sim, eu precisava de ajuda! Não tinha um oficial para dar nenhuma informação, só alguns papéis colados no trem e tudo em hindi. Então ele me auxiliou onde era o embarque. O trem saiu pontualmente às 6 da manhã.
Estava a caminho de Agra, a caminho do meu querido e tão esperado Taj Mahal. Do meu lado sentou um indiano bem curioso, me fez várias perguntas. Aqui eles são assim, para eles é normal. Já estava respondendo bem seca porque ele estava bem inconveniente. Serviram um café da manhã, que para mim era um almoço, e claro, com muita pimenta. Já pensando nisso preparei na noite anterior meu lanche e levei comigo na bolsa.
Após três horas de viagem cheguei a Agra. Do lado de fora tomei um táxi que me levou até o Taj Mahal. Tinha que caminhar até o lugar que vendia o ingresso. Até lá várias pessoas te abordam: fotógrafos, motoristas de riquixá, vendedores de suvenires e muitas crianças vendendo coisas e pedindo também. Comprei o ingresso, que custou 750 rúpias incluindo uma água, protetores para você colocar nos sapatos quando for entar no Taj Mahal e um mini guia, e com o mesmo ingresso você tem desconto para visitar os outros lugares turisticos da cidade. Na entrada há guias turísticos e fotógrafos, caso você queira tirar uma foto bacana ou queira alguém pra explicar tudo lá dentro.
A vista, já do portão de entrada, é linda, com seus jardins e arquitetura; eu estava achando tudo lindo, porém quando se passa o portão e você vê o imenso jardim, o Taj Mahal ao fundo é de uma beleza incrível, de tirar o fôlego!
A história do monumento é tão bonita quanto ele.
O imperador Shah Jahan mandou construir o Taj Mahal em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal (“A joia do palácio”). Ela morreu após dar à luz ao 14º filho do casal, sendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto ao rio Yamuna. O guia foi me explicando tudo, o porquê de cada coisa, detalhes que você nem imagina, a história de amor que levou à construção do Taj Mahal, o tempo que demorou, material utilizado, perspectivas, tudo. Um guia realmente é muito bom e ele falava com tanta convicção e paixão que fiquei encantada com o trabalho dele. O fotógrafo ia tirando as fotos nos pontos estratégicos, como ele mesmo dizia, e eu estava muito feliz!
Quando você olha pela primeira vez é encantador. De longe você vê as pessoas como formiguinhas e entende o porquê conforme vai se aproximando. Cada vez mais ele vai se tornando imenso e majestoso, cheio de riquezas, cada vez que você olhar, vai perceber algo novo! Todos os lugares são muito disputados para fotos e no interior do monumento deve-se usar o protetor nos sapatos. Dentro estão a tumba do imperador e de sua amada esposa. Você percebe a simetria perfeita: ela está bem no centro. É lindo demais em todos os detalhes, porque nada é pintado ou encaixado; são peças únicas feitas no mármore com pedras preciosas e semi preciosas.
O guia me acompanhou o tempo todo, muito gentil e simpático. No final da visita ele me levou até uma lojinha onde vendia lembrancinhas e acabei comprando uma: uma caixinha para minha mãe com um material semelhante ao do Taj Mahal. Foi também a hora de ver meu álbum de fotos e pagar. Confesso que não imaginava que ia gostar de tantas fotos, e cada uma custou 50 rúpias. Fiquei feliz com o resultado e com o meu álbum eternizando aquele momento. Novamente cercada por muitas pessoas como no início, aceitei a proposta de um riquixá que me levou até a estação de ônibus. Não visitei mais nenhum outro lugar. Resolvi voltar de ônibus porque o trem só saia novamente à noite e eu não queria chegar tão tarde em Délhi.
Essa viagem de ônibus também daria uma história à parte. O ônibus era velho e há tempos, acredito, não sabia o que era amortecedor ou manutenção. O motorista dirigia como um louco; ao longo da viagem, músicas indianas e, assim, quando o ônibus parou no ponto final, já em Délhi, peguei outro riquixá e voltei para casa.
E dessa forma terminou a minha jornada ao Taj Mahal – foi uma grande aventura. Não sei quando irei voltar; tenho vontade de voltar com minha mãe, para que ela também sinta o que senti. Posso garantir que foi um dos lugares mais lindos em que já estive. Nenhuma foto, vídeo ou relato é capaz de descrever essa obra feita por amor! É maravilhoso! Namastê!
Leia sobre fazer turismo sozinha na Índia!
7 Comments
Que lindo! Adorei o seu relato! Amo histórias e experiências!!!
Obrigada, fico feliz que gostou, continue acompanhado as novas aventuras e também tenho a página nesse link que você me acompanha por lá também… Bjos, Namastê
Oi Joice, amei seu relato, eu tbm quero muitoo conhecer o Taj Mahal.. Sempre viajo e na maioria das vezes não costumo planejar, mas como quero ir a Índia, então, estou mudando esse conceito e planejando as ferias de marco de 2017.
Eu sempre viajo sozinha, e para esse lugar acho que não vai ser diferente… A minha preocupação é que nas pesquisas que faço, sempre não recomendam andar sozinha pela Índia.
Gostaria de saber como você lidou com isso ?
Oi Ana, muito obrigada. Tomei os cuidados de vestimenta. Essa foi minha maior preocupação. Na época que fui tava frio, coloquei um casaco e isso me cobria toda, coloquei echarpe até na cabeça. Hahaha Só meus olhos ficaram de fora. Então acredito que isso ajudou. “Não chamei atenção”. Mas no trem sentou do meu lado um indiano bem curioso. Eles começam a perguntar tudo… então fale que é casada, que o seu esposo está te esperando na estação. Fale que já mora na Índia. Não dê a entender que você está turistando muito menos sozinha. Por isso a importância de pesquisar antes sobre os locais. Não dê confiança e nem tente ser a simpática com desconhecidos. No meu caso ocorreu tudo bem. Mas na sua ida procure planejar, ir com algum grupo de viagem, os hotéis oferecem pacotes. Ou se você tiver como pagar eles te indicam um motorista de confiança. Enfim espero que isso te ajude. Faça uma boa viagem quando chegar a hora e me conte depois… Bjos
Olá! Seu relato está me ajudando bastante, vou para Índia semana que vem e estou pesquisando como ir de Délhi para Agra, gostaria de saber qual o trem que você pegou e em qual estação? E o valor da passagem?
Ola William, a Joice não colabora mais com o BPM. A partir de março teremos várias colunistas novas na India, sugiro que as siga e faça perguntas pelos textos. Equipe BPM
Olá! preciso de um cadastro para comprar tickets de trem, ou compro na estação mesmo?