Como diria a canção do Cirque du Soleil, Alegria: “um feliz e mágico sentimento!”
A alegria para mim vai de mãos dadas com o amor. É difícil pensar em alegria sem o amor. Porém existem lugares nos quais o amor está presente e acompanhado da tristeza. Um desses lugares são os hospitais.
Tem como pensar em alegria quando nossos filhos estão internados, ou qualquer outra criança está dentro daquele quarto, que geralmente é frio, feio, chato, cheio de regras aparentemente sem sentido? Quando não é enfermeira aplicando injeção, é o médico acordando a criança porque tem que examiná-la, e poxa vida, logo agora que ela conseguiu dormir? Tenha dó, né?
Tudo parece ser horrível, e aí vem a pior parte: falar com o médico. A criança recebe alta, e o doutor nem voltou para falar com a mãe, mas escreveu tudo na receita com letra de médico. Saindo do hospital as mães vão procurar um especialista em hieróglifos egípcios para traduzi-la. E o que o seu filho tinha? Não entendi bem, mas acho que era virose.
Uma das maiores causas de reclamação que os hospitais recebem é o tratamento pouco humano oferecido pelos médicos aos pacientes.
Nos Estados Unidos, Hunter Doherty “Patch” Adams, depois de ser internado em um hospital psiquiátrico, decidiu estudar medicina e trabalhar de uma maneira diferente com os pacientes. Daí surge o que hoje conhecemos como risoterapia, e os palhaços de hospital.
É quase impossível ver o filme de Patch e ser insensível com aquele mundo, querer fazer parte dele é algo quase natural. Claro, nem todas as pessoas conseguem entrar em um hospital e “aguentar ver tudo” sem sair pior do que os pacientes.
Já aqui no México, há alguns anos atrás se juntaram, como num passe de mágica, um neozelandês, dois mexicanos e uma chilena. Louco, né? O que essas quatro pessoas tinham em comum? Eram voluntários em seis países diferentes de quatro continentes, e de repente foi aparecendo um nariz vermelho ou um tropeção quando iam caminhando muito sérios para impor respeito; apareceu um laço grande de fita no cabelo, e uma roupa completamente pink.
E onde está a lógica disso tudo? Exatamente aí, escondidinha na lógica sem lógica do mundo palhaço! Assim nasceu Doutor Palhaço, em 2011: um grupo de voluntários com formação acadêmica em tanatologia, psicologia positiva, coach ontológico e a palhaçaria como arte, para fazer visitas aos hospitais.
Foi super rápido para que outras pessoas quisessem juntar-se ao voluntariado para as visitas, e não é essa brincadeira de palhaço cresceu? Hoje em dia estão estabelecidos como uma associação civil, onde formaram mais de 300 doutores palhaços no México.
Para ser um doutor palhaço preciso ser medico, né? Não! Justamente por isso existe a certificação para treinar as pessoas que desejem sarar com amor e alegria e ser voluntários. Se você acha muito legal essa ideia, inscreva-se! Todos os anos duas turmas são formadas na cidade do México, sem falar que tem em Veracruz, Michoacan, entre outros estados.
Dr. Payaso começou a perceber que tinha algo muito importante dentro dos hospitais, e que afetava a saúde dos pacientes. Quem adivinha de quem estamos falando? Aí vão as pistas: usam jaleco branco, estetoscópio e dão receitas! Exato! Os próprios médicos. Embora um hospital tenha um vasto grupo de pessoas que trabalham nele, de repente perceberam que a área médica estava doente. Acredita?
Investigando este mal, e chegando a algumas conclusões, nasceu outro projeto chamado FELICIDADE QUE SERVE. Lembra aquela famosa frase “quem não vive para servir, não serve para viver?” Aqui nós a vemos em prática.
Além da personalidade e educação de cada um existe uma grande porcentagem de médicos e trabalhadores da saúde que sofrem da Sindrome de burnout. Excesso de carga de trabalho, responsabilidade, esgotamento emocional, despersonalização e falta de realização pessoal são um prato cheio para este conjunto de sintomas. Como resultado temos os profissionais “queimados”, sugados à exaustão. E como poderemos pensar que os pacientes serão bem atendidos se quem os trata está esgotado? Com pouco bem estar laboral, fica bem difícil atender bem.
E isso é uma realidade: se o médico vive em uma condição de bem estar, isso se verá refletido no seu paciente, desde a maneira como atende ao paciente, até ao tratamento oferecido.
Com toda essa informação, há dois anos a Dr. Payaso vem realizando o Congresso Nacional Felicidade que Serve, onde enfatiza que os médicos além da formação acadêmica em anatomia, farmacologia, bioquímica, devem ter um treinamento em comunicação, inteligência emocional e bem estar.
Uma frase que eu escutei de uma coach brasileira em uma das minhas certificações foi: “um titulo não diz quem você é.” Independente da área escolhida, isso é crucial; antes de ter um título, você é. Somos seres biológicos, mas que também têm emoções, sentimentos, nos relacionamos e as vezes chegamos até a ter um sonho de vida! Com este enfoque o Felicidade que Serve busca um processo de mudança na sociedade médica.
Ano passado no congresso contamos com a presença de 1100 médicos de diferentes instituições de saúde mexicanas, públicas e privadas.
Alguma coisa muito louca na área médica do México começou a acontecer, e acreditem, a psiquiatria não está por trás disso!
Dia 29 de abril de 2017 teremos o 3º Congresso Nacional Felicidad que Sirve, um congresso aberto ao público que esteja interessado em participar de uma mudança realmente significativa para o setor de saúde mexicano. Estarão presentes líderes da medicina mexicana em diversas conferências e dinâmicas muito divertidas. É hora de começar a ver a medicina ou a área do seu próprio trabalho com outros olhos, talvez estes mesmos olhos que estão contigo desde sempre, mas que estão um pouco empoeirados – que tal desempoeirar e empoderá-los?
O convite está aberto, venha se divertir. Mais informações podem ser obtidas no site Felicidad que sirve.
Te esperamos!