Segunda onda da Covid-19 no Brasil.
Lulu Santos canta que nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia; tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas como um mar, num indo e vindo infinito…tudo muda o tempo todo para o mundo.
De fato, a Covid-19 mudou o mundo, mas o mundo parece que ainda não entendeu que tem que mudar, pois o vírus ainda circula entre nós.
Nessas últimas semanas, os melhores hospitais particulares de São Paulo vêm registrando um forte aumento nas hospitalizações por Covid-19.
O Hospital Sírio-Libanês teve picos de 120 internações em abril, momento mais agudo da pandemia na cidade; em outubro, 80, mas agora atingiu 120.
De acordo com a mesma fonte, no Hospital do Coração, de 17 registros em 20 de outubro agora ultrapassam 30.
No Hospital Albert Einstein, na semana de 12 de novembro, a média de internações oscilou entre 50 e 55.
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Um levantamento realizado pelo sindicato dos hospitais do Estado de São Paulo (SindHosp) indicou que 44,7% dos hospitais privados do estado detectaram aumento das internações de pacientes com a Covid-19 nos últimos 15 dias. O porcentual de unidades que registraram alta de diagnósticos é semelhante (46%).
O governo de São Paulo suspendeu o agendamento de cirurgias eletivas, não urgentes, em resposta ao aumento de 18% de internações.
No Rio de Janeiro, a ocupação de leitos públicos chega a 92%, a maior taxa desde 12 de junho.
Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro pedem que os governos municipal, estadual e federal façam uma ação unificada e solicitem também a adoção de medidas como “suspensão imediata de eventos presenciais, sejam sociais, esportivos ou culturais; fechamento das praias e avaliação da decretação de lockdown, caso o cenário epidemiológico da doença se mantenha ou agrave.”
O governo do Paraná irá implantar um toque de recolher e estuda fechar praças e parques.
Seria a segunda onda?
Com base em dados, pesquisadores dizem que “situação no Brasil se deteriorou fortemente nas últimas semanas” e dizem que “início de uma segunda onda de crescimento de casos já é evidente em quase todos os estados”, de acordo com g1, em nota técnica de 22/11/2020.
O pesquisador Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR, afirmou ao El País que o que vemos agora pode ser um agrupamento entre as classes mais abastadas que estavam trabalhando e estudando em casa e conseguiram se proteger mais e agora estão mais suscetíveis ao vírus.
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Já o pesquisador Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina da USP, afirmou em entrevista a BBC que o Brasil já está na segunda onda.
Sua avaliação se baseia na evolução de taxa de transmissão. Segundo ele, com um índice superior a 1, a doença está se expandindo.
O monitoramento do Imperial College de Londres divulgou no dia 17 de novembro que o Brasil aponta também um índice de transmissão maior que 1 e afirma que a epidemia volta a crescer por aqui.
De acordo com a Fiocruz, 15 estados apresentam tendência moderada ou forte de casos: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Fadiga da pandemia
Muitas pessoas estão se sentindo menos motivadas a seguir comportamentos preventivos depois de conviver por meses com alterações na rotina e incertezas, diz a OMS.
Os pesquisadores alertam que o crescimento no número de casos é consequência de uma “sistemática queda dos níveis de isolamento social, mas também da ausência de campanhas de esclarecimento e falsa sensação de segurança disseminada na população”.
Algumas escolas particulares decidiram suspender as atividades presencias esse mês e os diretores de escolas estão preocupados justamente com os encontros dos alunos fora das unidades escolares, especialmente em festas, e pedem aos pais para “controlarem melhor” seus filhos.
Segunda onda da Covid-19 no Brasil
Milhares de pessoas têm vindo ao litoral em busca de um lugar ao sol nas praias, mas principalmente fazer festas nas casas de condomínio noite adentro.
No final de semana de 21 e 22 , 28 e 29 de novembro, as praias do litoral de São Paulo estavam LOTADAS, parecendo final de ano ou carnaval.
Do Guarujá a Maresias, todos sem máscaras e juntinhos na praia. Muitos guarda-sóis e pessoas amontoadas por toda parte.
Parece até que as pessoas estão prevendo um futuro lockdown e então aproveitam os últimos momentos de sol.
E depois, voltam para a capital no antigo normal…
Mas, a vida vem em ondas …
Previsão das ondas
Não sou cientista nem vidente, mas já parecia sensato dizer que após o segundo turno das eleições, no dia 29 de novembro, o número de infectados e mortos sofreria um aumento significativo, deixando de ser ‘”estável”, como afirmou o atual prefeito de São Paulo antes da sua reeleição.
O Dr. David Uip resumiu bem ao afirmar que a população está cansada, mas o vírus não.
Independente de estarmos passando por uma segunda onda ou não, os infectologistas e especialistas estão de olho no eventual aumento de caso no país, mas enquanto isso, muitos brasileiros continuam cantando a música do Lulu Santos:
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro, sempre
Como uma onda no mar..
Mas nada do que foi será, a vida vem em ondas, não adianta fugir, o vírus continua entre nós!
Medidas restritivas na baixada santista
Após “altas ondas” comemoradas com multidões nas praias e baladas, o governador de São Paulo anunciou, um dia após as eleições, medidas mais restritivas ao estado como um todo.
O prefeito de Santos proibiu a entrada de vans e ônibus de turismo. Em Guarujá, onde estou, o prefeito foi além:
A partir de 2 de dezembro a 4 de janeiro, banhistas não podem mais levar guarda-sóis e cadeiras para a faixa de areia, bem como estão proibidos os esportes coletivos.
Apenas esportes individuais, como caminhadas, surf, entre outros estão liberados na praia. As locações de veraneio estarão proibidas a partir dessa data. Porém, o que já estava alugado continuará.
Atualmente, Guarujá é a terceira cidade com mais mortos na baixada, seguindo apenas de Santos e São Vicente.
Tsunamis acontecem!
Muita proteção e persistência.