Sistema de saúde holandês.
Ninguém gosta de ficar doente. Mas assim, ficar doente pela primeira vez quando você mora em outro país é pior ainda. Você não sabe direito o que fazer, aonde tem que ir, pra quem ligar, se pode ligar para alguém, caos. Ok, talvez alguns pensem que é um pouco de drama meu – o que facilmente pode ser- mas realmente é a parte que mais me incomoda de morar fora porque preciso me acostumar e entender o novo sistema. E claro, também porque minha mãe não está aqui para falar que vai ficar tudo bem. Não importa a idade, mãe sempre melhora a situação. Então para evitar estresse como eu passei e facilitar a sua vida, aqui vai uma explicação de como funciona o sistema de saúde na Holanda.
Diferente de outras coisas que esse país tem de maravilhoso, o sistema de saúde não é tão simples de entender e cada dia é uma surpresa se você não entende tudo desde o começo. Não me entenda mal, o sistema funciona, mas para nós que estamos acostumados com o sistema brasileiro, aqui a coisa é um pouco diferente. Para começo de conversa, não existe sistema público de saúde e é obrigatório por lei que todos tenham um sistema de saúde holandês. Atenção: você tem quatro meses após a sua chegada para adquirir um sistema de saúde. Vale meu seguro de saúde de viagens? Não. Vale meu seguro do Brasil ou de outro país? Não. A única exceção é para estudantes que podem ter seguros de saúde de outros países na maioria dos casos. Agora, a partir do momento que você começa a trabalhar, você precisa ter um seguro holandês, não importa qual passaporte você tenha.
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O primeiro passo é encontrar um seguro saúde. Sinceridade, aqui não vale a pena fazer muita pesquisa de mercado, porque os preços são mais ou menos tabelados. O meu seguro chama Anderzorg e eu adquiri através de um site chamado Independer e assim acabei ganhando um ano de seguro dentário. Esse site tem outras companhias de seguro também, mas eu gosto bastante da minha. Ok, escolhi meu seguro e agora? Agora, MOMENTO DE ATENÇÃO! Na hora de pagar existem dois custos principais: custo mensal e custo de “próprio risco”. O primeiro é exatamente o que está escrito, é a mensalidade do seu seguro. Já o segundo é algo que você precisa entender direito. Mesmo pagando uma mensalidade para o seu seguro, existe o custo adicional de “próprio risco”. Primeiro vou explicar melhor como o sistema de saúde funciona e ai voltamos para essa questão. Então, segura essa informação que já já volto para ela.
Aqui não existe “ estou com dor de cabeça vou ao pronto socorro”. Você não pode simplesmente ir ao pronto socorro de cara. Assim, pode, mas seu seguro não vai cobrir esses custos. O queeeee? E ainda tem mais. Você também não pode ir a um especialista (otorrino, gineco, cardio, etc) sem uma autorização. Sim, parece estranho, mas aqui eles trabalham com o sistema de “médico de família”. Toda pessoa tem um médico que é a pessoa que sabe todo seu histórico, te conhece a vida inteira (ou, no caso de expatriados, durante alguns meses ou anos) e é a pessoa que pode te encaminhar para o hospital e médicos especializados. Então, assim que você receber sua apólice do seguro, você precisa procurar um desses médicos. Por que? Porque quando você fica doente, você precisa primeiro passar pelo seu “médico de família” aqui chamado “GP – General Practitioner” ou “Huisarts” (médico da casa) que fará a primeira avaliação e dependendo vai te encaminhar ou não para o médico especialista. E isso pode demorar um pouco, porque na verdade o sistema não quer que os hospitais fiquem lotados com pessoas que apresentam quadros não tão sérios e, por isso, os GPs farão de tudo para tentar tratar seu problema antes de te mandarem para um especialista. E isso as vezes pode irritar, porque sua dor não vai embora e ele está lá firme e forte tentando. Então seja paciente e direto quando achar que está demorando muito e ai eles vão te encaminhar para o outro médico. Você recebe uma cartinha e com ela você pode ir até o outro médico e isso estará dentro do seu plano de seguro.
A ordem é então: seguro saúde, procurar um GP, ficar doente (espero que não), ir ao GP e se necessário ele te dará uma carta para ir a um hospital ou médico especialista. Do contrário, você não irá. Ok, agora que eu entendi como funciona, o que o plano mensal cobre? O plano mensal cobre, sem custos, adicionais todas as suas visitas ao GP e alguns custos relacionados a gravidez também. Para os outros tratamentos, médicos especialistas, medicamentos, entre outros, você precisa pagar um pedaço e é aí que entra o “próprio risco”. Quanto mais barato é seu custo mensal, mais caro é seu “próprio risco” e vice-versa. O “próprio risco“ é uma quantia (até 385 euros, máximo) que você deve pagar ao usar outros serviços fora o GP. Essa quantia pode ser maior que 385 euros, porém é considerado um “risco voluntário” e não o que o país demanda e isso fará com que a quantia que você paga por mês seja menor, mas terá que pagar mais vezes ao ir ao médico. Nossa, que? Explico com um exemplo.
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Cada vez que você tem uma outra consulta ou compra um remédio, por exemplo, eles deduzem o valor desse seu “próprio risco”. Então se eu escolhi o “próprio risco” normal de 385 euros e fui ao médico e a consulta custou 200 euros, eu preciso pagar 200 euros para o meu seguro saúde e me restam 100 euros de “próprio risco”. Mais tarde, comprei outros medicamentos que custaram 100 euros. Pago esses 100 euros para o seguro e, a partir daí, não preciso pagar mais nada. Toda vez que for ao médico, comprar remédios entre outros serviços que fazem parte do meu seguro, não preciso pagar mais. Isso é válido por um ano e no próximo ano seu “seguro próprio” recomeça e além de pagar pelos custos mensais você volta a pagar a cada vez que vai ao médico. A parte boa é: caso você não precise ir ao médico, a parte do “risco próprio” não é deduzida da sua conta e você só paga o custo mensal. E mais um ponto de atenção, dentista, tratamentos estéticos, vacinas, entre outros não fazem parte do seguro básico então preste atenção o que seu seguro inclui ou não.
O sistema é caro com mensalidades são em média 100 euros, mais os 385 anuais de “próprio risco”, mas é fácil de usar. TUDO está conectado, então você vai ao hospital ou à farmácia e falando seu nome, eles já sabem todo o seu histórico, o número do seu seguro, os medicamentos que você usou na vida. O sistema sabe de tudo. Medo? Não, é bom saber o que é bom pra gente! Então, não fique com raiva do sistema, mas ENTENDA antes de usar que será sucesso e evitará momentos de raiva. E qualquer coisa, só me perguntar!
Bedankt en tot ziens!
1 Comment
Olá!! Não sei se entendi muito bem o “próprio risco” em relação aos medicamentos, eu pago os 385 euro se máximos e eu vou à farmácia e compro 380 de um medicamento, eu não pago mais nada se for comprar outra vez durante um ano é isso?
E obrigada, esse blog é ótimo!