Sistema de Saúde na Grécia
Não é novidade que a Grécia é um país em crise já há alguns anos. E de verdade as coisas não estão fáceis. Desde que cheguei no país a situação não piorou demais mas também não melhorou. E outras questões surgiram, como o problema com os refugiados chegando diariamente no país. Infelizmente, com relação a saúde pública, as notícias também não são boas. Foi, com certeza, um dos setores que mais sofreu impactos negativos com a crise.
Normalmente, ao viver e trabalhar oficialmente no país, as pessoas são cadastradas no sistema chamado IKA e, assim, têm acesso aos postos de saúde, hospitais e até a determinados médicos que abrem suas agendas todo mês para atender a um certo número de pacientes pelo sistema público. Essas consultas gratuitas, usando o IKA, acontecem apenas no início do mês e não é tão fácil agendá-las.
Em geral há uma diferença considerável, principalmente após a crise, na qualidade do atendimento público e privado. Pesquisando para escrever esse texto, descobri, inclusive, que a situação é ainda pior do que eu pensava. Em matéria publicada recentemente no site do jornal The Guardian, li diversos depoimentos de profissionais da área médica sobre o cenário triste de hospitais com falta de equipamentos, poucos médicos e enfermeiros disponíveis, além de pacientes que ocupam leitos sem terem sido desinfetados, causando muitas infecções hospitalares, que levam às vezes à morte. Houve cortes nos investimentos e hoje apenas um terço do que era antes é investido na área de saúde.
Ainda assim, com tantos problemas, no ano passado foi aprovada uma medida que dá direito a desempregados, pessoas com renda muito baixa (menos de 2400 euros por ano) e refugiados a serem atendidos de graça, mesmo sem o cadastro do IKA, em alguns serviços médicos, incluindo aquisição de remédios. Essa medida foi criticada devido ao sucateamento da saúde pública, pois tornaria ainda mais difícil a vida dos médicos que já não são suficientes para atender à demanda existente, mas foi também uma medida considerada positiva pelo cunho social.
Experiência pessoal e de amigos
Eu tive experiências não muito positivas ao usar o sistema público de saúde em Atenas. Já fui a uma consulta agendada pelo IKA, mas que o médico ortopedista não falava nada de inglês. A sorte é que meu namorado, que é polonês mas fala grego fluentemente, estava comigo. O médico não pediu nenhum exame, apenas falou para evitar certos movimentos e, até hoje, não sei se tenho algo ou não no meu joelho, pois ainda sinto dores de vez em quando (esperando ir no Brasil para me certificar). E fui a um outro médico, dermatologista, que falava melhor inglês, mas a clínica era uma bagunça e até encontrar a sala em que estava agendada a minha consulta e ser atendida, demorou um tempo.
Também já ouvi casos de conhecidos que foram atendidos no meio do corredor do hospital após esperarem por horas em uma situação de emergência. Mas na minha opinião, e pelo que escuto e leio, o problema não é com os profissionais, mas principalmente com a falta de investimento do governo por conta das medidas de austeridade. Os hospitais e clínicas públicas tornaram-se bem sucateados e os médicos competentes começaram a deixar o país por conta disso, indo atrás de melhores cenários como na Alemanha e na Inglaterra.
Apesar de tudo, durante esse meu tempo vivendo aqui, já ouvi também casos positivos de pessoas que precisaram de atendimentos mais complicados, como pequenas cirurgias, e que correram atrás e no final deu tudo certo, desde o atendimento em clínicas aos procedimentos necessários, internação etc. Mas é normal que a pessoa precise tirar algum dinheiro do próprio bolso, mesmo quando há a utilização em conjunto do seguro público com um privado.
E para quem mora ou vai morar no país, qual a melhor coisa a ser feita?
Bom, se você está tentando um trabalho na Grécia, procure saber todas as condições oferecidas pelas empresas. Primeiro, é claro, se o trabalho vai dar algum tipo de visto, caso você não tenha cidadania europeia. E procure saber em seguida sobre o que a empresa oferece quanto ao seguro saúde. É bem comum que os empregadores atualmente ofereçam um seguro privado, até por conta da situação. E eu recomendo, acho mais seguro.
O valor de uma consulta privada, caso você não tenha o seguro e não utilize o IKA, é de 30 euros para cima. E isso para uma consulta simples, sem considerar exames e outros procedimentos que o médico possa considerar necessários. O lado positivo é que, pelo menos nas minhas experiências, os médicos foram muito bons quando eu optei por pagar em vez de usar o sistema público. Fiz isso antes de obter o seguro privado pela minha empresa e usei uma lista de médicos que falam inglês da Embaixada dos EUA, o que sempre me ajudou bastante.
E para viajar a passeio pelo país? O que fazer?
Para quem vem à Grécia a passeio é essencial ter um seguro viagem de qualidade. Meus pais sempre me visitam em Atenas e todo ano fazem um esquema com o cartão de crédito do Brasil. Já usamos uma vez e funcionou tranquilamente. Enviaram uma médica que falava inglês para o atendimento em casa e ela atendeu super bem. Às vezes achamos desnecessário o seguro, mas nunca sabemos o que pode acontecer, então não deixem isso de lado na hora de planejar a viagem!
Uma dica para quem vai passear nas ilhas: dependendo do tamanho da ilha, pode ser complicado achar um hospital adequado para certas emergências e será necessário provavelmente mover-se para uma cidade maior com uma estrutura melhor. Nesses casos, o seguro também ajuda, já que dá toda a assistência necessária e indica os locais para onde ir. Não tenho certeza, mas acho que dependendo do caso, e do seguro, ele pode cobrir também o transporte da pessoa para o local adequado.
Espero que as informações tenham sido úteis para quem está pensando em viver na Grécia ou apenas passear pelo país. Caso tenham alguma dúvida, entrem em contato que farei o possível para orientar.
4 Comments
Olá, gostaria de saber qual évo valor médio mensal de um seguro de saúde? Obrigada ?
Oi Cristiane, obrigada pelo comentário. Para responder a sua pergunta, depende muito da empresa seguradora, mas diria que no mínimo uns 80 euros por mês, 1000 euros por ano. Espero que tenha ajudado e continue seguindo nosso blog. Abraços! Clarissa
Olá, sonho em conhecer a Grécia,mais não sei por onde começar esse planejamento. Você pode em ajudar? Obrigada
Olá Iza! Tudo depende da viagem que você quer fazer, do tempo que quer passar e que tem disponível, e claro do que pode gastar. A Grécia não é dos países mais caros, mas também não sai tão em conta se você quiser viajar para as ilhas, por exemplo. Se quiser ajuda com esses detalhes pode entrar em contato comigo pelo Facebook e te dou umas dicas. Dá uma olhada também nos outros posts aqui do blog. Beijos!