Quando alguém muda para um novo país é comum as pessoas acabarem se preocupando se irão se enquadrar na cultura local, se terão uma legião de amigos ou se a barreira da língua será um problema, por exemplo. E acredite, esse último, aconteceu comigo.
Quando mudei para a Suécia em 2011 meu conhecimento do idioma era zero. Nem falar “oi” ou “tchau” em sueco eu sabia. Como a minha mudança de país aconteceu de forma rápida, eu não tive tempo de correr atrás disso e arquei com as consequências. Lembro que levava mais de uma hora no supermercado para comprar meia dúzia de coisas e voltava para casa frustrada. E por que? Simplesmente porque não entendia absolutamente nada do que estava escrito nos rótulos dos produtos e nem o que os cartazes informavam.
Mas até que comecei a fazer o curso de sueco e as coisas começaram a melhorar.
Esse curso que eu fiz é oferecido gratuitamente pelo governo aos imigrantes que chegam à Suécia. É o tal do SFI – Svenska för Invandrare (Sueco para Imigrantes). Apesar dele ser gratuito para quem estuda, saiba que a escola que tem convênio com o governo recebe por isso. Ou seja, cada indivíduo que se propõe a aprender o idioma no SFI custa dinheiro aos cofres públicos. Alguns aproveitam a oportunidade, uns reclamam até dizer chega e, infelizmente, outros não estão nem aí. Mas cada um sabe de si.
Apesar de todo o estresse que eu tive em um dos cursos que eu fiz, preciso reconhecer que foi graças a ele que eu comecei a entender muita coisa do país, além de criar a possibilidade de me virar sozinha em determinadas situações.
A seguir estão algumas informações que podem ser úteis, caso você esteja planejando morar na Suécia:
Quem pode estudar no SFI?
São as pessoas que são registradas em alguma cidade da Suécia, que possuam a permissão de residência e que tenham pelo menos 16 anos de idade.
Mas você pode me perguntar, “e se eu chegar na Suécia com a cara e coragem, posso fazer esse curso?”. A resposta, dolorosamente, é não. As únicas pessoas que podem desfrutar desse benefício são as pessoas que realmente têm o visto para morar no país e que possuam o bendito do personnummer (que é como se fosse o RG/CPF no Brasil). Falo isso porque pessoas que não possuem a tal autorização não têm o direito de usufruir de qualquer benefício do governo ou fazer qualquer outra coisa no país, já que tudo é atrelado a esse documento. Além disso, aqueles que têm a permissão de morar na Suécia, mas por um período menor que 1 ano, também não têm o direito a fazer o curso, entre outras coisas.
Por que o governo faz isso?
É meio que um esforço do governo para encorajar mais falantes de sueco e, assim, tentar criar possibilidades de integração com o novo país, mas é sabido que isso não é garantia de realmente acontecer. Apesar de expatriados bem qualificados ingressarem facilmente nas multinacionais, muitas empresas na Suécia ainda continuam rejeitando quem é de fora.
O curso não é perfeito e apresenta algumas falhas, as quais pretendo abordar futuramente em outro texto.
Como se candidatar?
Para se candidatar às aulas de SFI você simplesmente precisa ir ao SFI-Centrum mais próximo. O SFI-Centrum é responsável por toda a informação e admissão no SFI. Quando você se inscreve é importante ter em mãos o personnummer, bem como a documentação que confirma que você é um residente no país. Você terá que preencher um formulário de uma página com algumas perguntas básicas, como endereço, personnummer, etc., bem como o seu nível atual de conhecimento da língua sueca. Os níveis são divididos em A, B, C, D. A indica um novato, D indica proficiência. E dentro de cada nível há uma categoria, tipo A1, A2, etc..
A pergunta final sobre o pedido de SFI é onde você gostaria de estudar, já que há diferentes programas em que você pode se inscrever – em última análise, a decisão é com você –, quanto tempo pode se comprometer a estudar, qual escola está mais próxima da sua região e etc.. Depois de ter respondido a algumas perguntas, suas informações serão apresentadas e sua ficha será analisada para a aceitação na escola escolhida. Enquanto o processo de aplicação leva apenas alguns minutos, o início do curso leva umas 2 semanas (no caso de Estocolmo) ou um período superior a um mês (dependendo da disponibilidade de vaga em determinada cidade). Uma vez aceito, você receberá um aviso, por e-mail ou por carta, com o dia em que começará o curso.
Leia também: dicas para arrumar emprego na Suécia
Os cursos
As aulas de SFI são oferecidas em quase todas as cidades na Suécia e há diferentes níveis, do iniciante ao avançado, porém o curso dá apenas um conhecimento básico da língua e sobre a sociedade sueca. Se o indivíduo quiser aprimorar o idioma deverá estudar outros níveis, tais como SAS Grund (Svenska som Andra Språket Grundskola – Sueco como Segunda Língua, que é equivalente ao ginásio) e SAS 1, 2, 3 (Svenska som Andra Språket, que equivale ao colegial). Para aqueles que desejam fazer uma graduação em uma universidade sueca é importante que os cursos SAS 1, 2 e 3 sejam realizados para uma boa base do idioma, já que as aulas no ensino superior serão ministradas em sueco.
Carga horária
Todas as escolas participantes – ou pelo menos a maioria delas – oferecem aulas no período diurno ou noturno. Para o curso durante o dia a carga horária gira entre 15 e 20 horas semanais, enquanto que no período da noite são 6 horas semanais. Para quem trabalha e não tem tempo e nem cabeça para estudar durante a semana, algumas escolas oferecem aulas aos sábados ou o SFI à distância.
O curso para quem é qualificado
Para quem já tem um diploma universitário a partir do seu país de origem e ainda não tem um emprego, é possível estudar sueco para acadêmicos. Eu estudei em período integral e a carga horária chegava a 40 horas semanais. Se contabilizar a quantidade imensa de trabalhos, apresentações e muito dever de casa que eu precisava fazer, essas 40 horas viravam facilmente 60 horas. Lembra do estresse que mencionei anteriormente? Ele está aqui!
Pretendo continuar com esse assunto e no próximo mês irei abordar a minha experiência em estudar o idioma tanto em Gotemburgo como em Estocolmo – que diga-se de passagem são estilos de ensino bem diferentes -, onde o governo falha na minha visão pessoal, bem como dicas para dar uma ajuda extra no aprendizado.
Até lá!
8 Comments
Concordo totalmente contigo, aprender a língua do país onde se está é questão inclusive de segurança pessoal – imagine o quão indefeso é alguém que não sabe se comunicar!
Olá Silvia!
Sem saber o idioma a gente acaba ficando à mercê de muita, né? Eu mesma passei alguns perrengues e não desejo isso para ninguém, principalmente quando envolve a questão leis. É terrível!
Boa tarde, Silvia gostaria de trabalhar na suecia.
Como fazer ?
A colunista se chama Vânia e ela escreveu um artigo sobre como procurar emprego na Suécia, procure no blogue e dê uma lida.
Olá! Obrigada pelo texto. Atualmente vc sabe como posso me inscrever no curso de sueco para Acadêmicos? Estarei mudando para região Gotemburgo ou Boras. Tack
Olá Glayds,
A Vânia Romão parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Suécia que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Olá!!! Alguém aí????
Já serão seis férias seguidas que passarei na Suécia, como posso aprender sueco, se não tenho o ” número pessoal” , e minha aprendizagem é melhor quando falo com suecos!!!!
Existem cursos pra meu tipo de situação?!!!
Olá Shirlene,
A Vânia Romão parou de colaborar conosco, mas temos outra colunista na Suécia chamada Verônica Iwarson que talvez possa te ajudar.
Você pode entrar em contato com ela deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM