Transporte público no Japão.
Eu já tinha ouvido falar que o transporte público japonês está entre os melhores do mundo. Já tinha, inclusive, confirmado muito do que eu ouvi. Mas foi quando me mudei do interior para a cidade de Yokohama, há cerca de 15 minutos de Tóquio, que comecei a depender do transporte público para trabalhar. E, por consequência, foi quando atestei que nesse quesito o Japão é realmente surpreendente.
Uma curiosidade geral sobre o transporte urbano japonês é que você paga pelo trajeto percorrido, não por um valor fixo. Dessa forma, quem vai mais longe e precisa utilizar mais o transporte em questão, paga mais caro do que quem percorre distâncias menores.
Quanto aos ônibus, existem dois tipos: os de linha e os intermunicipais. Os primeiros são bem parecidos com os brasileiros estruturalmente, com a exceção de que você entra pela porta de trás e não tem catraca. Ao entrar, geralmente é preciso pegar um tíquete que computa em qual parada você subiu no ônibus. Dessa forma, quando vai descer, consegue calcular o valor que precisa pagar para o motorista.
Já os intermunicipais, também parecidos com os ônibus de viagem do Brasil, são equipados com ar condicionado e assento reclinável. Uma curiosidade destes é que eles contam com bancos extras dobráveis na região do corredor, também equipados com cinto de segurança, para que caibam mais pessoas na mesma viagem. Como não há tantas paradas pelo caminho quanto os ônibus de linha, essa tarifa já é definida dependendo de para onde você vai.
Os motoristas são também cobradores. Ao lado da porta de saída, geralmente tem uma máquina para contar o seu dinheiro, trocar notas e até dar troco, enquanto o motorista a administra.
Quanto aos trens e metrôs – meus favoritos! – vou avisando: no começo pode ser bem complexo de entender o sistema, mas depois que você se acostuma, percebe que é impecável. O Japão, proporcionalmente, conta com uma das maiores ferrovias do mundo. Você consegue se deslocar de trem para praticamente qualquer cidade do país. Infelizmente, o sistema não é muito barato, mas em compensação oferece qualidade, pontualidade e segurança, além de não prejudicar o meio ambiente.
É preciso que você saiba em qual estação vai descer do trem antes de comprar o seu tíquete, pois, assim como os outros transportes públicos do Japão, a distância altera o valor. Quando você insere o tíquete na catraca digital, não pode se esquecer de pegá-lo de volta, pois este garantirá a sua saída na estação desejada. Se por acaso pagar um valor errado na compra, seu tíquete parar de funcionar estranhamente ou até em caso de perda, não precisa se desesperar, ao desembarcar, é bem provável que haja uma máquina para ajuste ou funcionários da companhia de trem para te ajudar. Quando a estação está localizada em cidades bem pequenas, é possível que nem catraca tenha. Você paga corretamente sem nenhum funcionário para fiscalizar, atestando completamente a famosa honestidade japonesa.
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Passa mais de um trem na mesma plataforma, e alguns com poucos minutos de diferença. Por isso, é preciso cuidado para que não acabe se perdendo. O ideal é acompanhar qual a plataforma, o sentido do trem e horário correto para que isso não aconteça. Os transportes são geralmente bem pontuais, mesmo em horários com números quebrados, e caso haja algum problema de atraso (com raras exceções, costumam ser de poucos minutos), será avisado tanto na estação quanto dentro do trem, com os devidos pedidos de desculpa, é claro! Como falei nesse texto aqui, o aplicativo Google Maps é de grande ajuda.
Sobre as estruturas, algumas linhas de trem contam com assentos previamente marcados mais confortáveis em alguns vagões. Eles também são mais caros e têm dois andares. É preciso tomar cuidado para não entrar nos vagões errados. Os trens geralmente têm os bancos na lateral com espaço para bolsas em cima e bastante lugar para se segurar se estiver de pé (mesmo que seja baixinho, como eu). Durante o inverno, os assentos ficam quentinhos. Quase todas as estações possuem banheiro e eles geralmente são bem limpinhos!
Mas é claro que os trens não fazem milagre. Apesar de bem rápidos, se você for para uma região mais distante do Japão, pode demorar muitas horas de trem. Talvez até nem consiga chegar. Isso sem mencionar o valor! Nesse caso, apesar de também ser bem caro, o shinkansen (trem bala) é a melhor pedida.
Eu tive a oportunidade de viajar de shinkansen apenas uma vez, de Osaka a Tóquio, e recomendo completamente a experiência! Trata-se de um trem que viaja a 300 quilômetros por hora, silencioso e super luxuoso. O seu interior é similar a um avião, com assentos confortáveis e banheiro, e as viagens são bem rápidas. Infelizmente, às vezes são mais caras que as de avião. Mas que são muito legais, isso são!
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Depois de tanta mobilidade urbana, não posso esquecer de mencionar a bicicleta, que aqui no Japão é uma grande aliada. Além das questões que já sabemos sobre saúde, economia e meio ambiente, o país incentiva o uso. Em todo lugar é fácil encontrar estacionamentos específicos para bicicletas. Nas grandes cidades, você pode até contar com ciclovias ou ciclofaixas, mas se não tiver nenhuma, não precisa se preocupar: você pode usar as calçadas (desde que respeite as regras de pedestres) ou até mesmo as ruas, andando nos cantos (desde que respeite as regras dos carros).
O transporte público funciona tão bem aqui que cheguei a conclusão de que não vale a pena ter carro no Japão, a não ser que você more no interior. Nas regiões centrais, além dos estacionamentos serem caros e ser proibido parar na rua, também tem bastante trânsito. Eu não tenho carro e confesso que hoje em dia não vejo porquê ter.
E você? Teria, mesmo com tanta acessibilidade?