Viajar para fora da Argentina desde Corrientes.
Bem como comentei por aqui em novembro do ano passado, eu me mudei mais uma vez. De cidade, de casa, de coisas. Recomecei. Melhor, recomeçamos. E viemos parar em Corrientes. Ao mesmo tempo uma cidade mediana, tranquila, segura e charmosa que fica no nordeste da Argentina. Na beira do rio Paraná. Que faz muito calor no verão e bastante frio no inverno.
Logo depois entramos na fase da adaptação, que tem sido de boa. Com as dificuldades corriqueiras de sempre. Por exemplo, fazer novas amizades, encontrar médicos, dentista, supermercado, padaria, fazer novo documento, transferir o endereço das correspondências, conta no banco, plano de saúde, carteirinha para o transporte público, etc. Enfim, tudo muito tranquilo. Só surgiu mesmo um problema quando nos perguntamos “como fazer agora para viajar para fora da Argentina?”
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Primeiramente vamos esclarecer: amo viajar
Da mesma forma que eu respiro, sinto necessidade de viajar. Sério. Tinha nem seis anos e sonhava em dormir cada noite da minha vida numa cidade diferente. E antes mesmo de ler e escrever adorava – e devorava – atlas e mapas.
Ao mesmo tempo minha família também contribuiu para isso. Uma viagem de férias aqui, uma viagem de fim de ano ali e quando vi já tinha criado o esquema: presente de aniversário? Viagem, claro. E quando começar a trabalhar, fazer poupança para comprar carro ou casa? De jeito nenhum! Mais viagem.
Entretanto, o que fechou mesmo foi me casar com um pesquisador que trabalha pelo mundo e também ama viajar. Daí foi um pulo para viver fazendo e desfazendo malas e decorar as siglas dos aeroportos.
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Como viajar para fora da Argentina desde Corrientes?
Do mesmo modo que Corrientes é a capital da província, é também ainda uma cidade pequena. Até tem aeroporto, aqui, mas como o fluxo de passageiros é baixo, só saem voos para Córdoba e Buenos Aires.
Então, o melhor seria voar para Buenos e daí para o destino final?
Eu não recomendo. Dessa forma, aumentaríamos a distância e o tempo total de viagem.
A cidade de Corrientes está geograficamente mais ao norte do que Buenos e quando a viagem é nessa direção, melhor continuar adiante do que ir para o sul para depois voltar, não é mesmo?
Por isso, o comum daqui é ir de carro ou de ônibus até o aeroporto internacional Assunção, no Paraguai, que fica a 300 km.
Viajar para fora da Argentina de carro . . .
Então, ir de carro deve ser mais tranquilo, mas não sei bem como é, pois ainda não fui. Quando descobrir, prometo contar como foi.
. . . e de ônibus
Desde já acho importante deixar as informações úteis.
- Existem três empresas que fazem o trajeto Corrientes – Assunção. Crucero del Norte, El Pulqui e Nuestra Señora de la Asunción (NSA).
- A passagem pode ser comprada pela internet ou diretamente no guichê.
- Só a Nuestra Señora de la Asunción tem parada no aeroporto. Com as outras é preciso pegar um táxi da rodoviária até o aeroporto.
- Os ônibus param, também, nas cidades argentinas de Resistência e Formosa. Por isso, a viagem é mais demorada.
- Para passar pela fronteira é necessário apresentar o passaporte.
- Os preços de cada passagem custam em torno de AR$ 800 (aproximadamente R$ 85,00).
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E como tem sido a minha experiência?
Em suma, desde novembro, foram quatro viagens, duas com El Pulqui, uma com NSA e uma com Crucero del Norte, em dias e horários diferentes.
Portanto, aqui vão minhas recomendações:
- Se possível, viaje durante a semana, melhor ainda se for de segunda a quinta.
- Vá durante as primeiras ou últimas horas do dia, quando a fronteira costuma estar mais tranquila.
- El Pulqui foi a única empresa a servir comida. Por isso, se for com outra, pode preparar a lancheira.
- NSA é a única com parada no aeroporto, ótimo para quando os horários de ônibus e voo se encaixam!
- As poltronas são confortáveis e reclinam bem, muito melhor que em avião.
- Cuidado com as compras, pois as malas serão medidas e pesadas quando forem muito grandes.
- Evite usar táxi do aeroporto. Uber sai por quase a metade do preço.
- Será necessário ter alguns poucos guaranis na carteira. Melhor trocar em lugar confiável, o que não é o caso dos cambistas que aparecem na fronteira.
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Mas agregar uma viagem de ônibus não cansa?
Cansa, e como! São mais de seis horas de estrada, paradas e fronteira. Sem contar que às vezes é preciso fazer hora até o momento de embarcar.
Mas vou fazer o quê?
Tenho sangue aventureiro; parte da minha ascendência vem de imigrantes que, por diversos motivos, deixaram suas terras de origem e descobriram uma nova vida por aqui.
É só eu voltar para casa cansada, com dor nas costas e morrendo de sono (não durmo em avião, muito menos em ônibus) e começar a desfazer as malas que já penso: “mas, quando vamos viajar de novo?”