Final de ano é um tempo de reflexão no qual avaliamos nosso percurso, os sucessos, os obstáculos e as lições a serem aprendidas. É tempo de se frustrar por (ainda) não entrar naquele vestido, ou de escolher desencanar e ser feliz. É tempo de questionar por que você (eu) contribui generosamente para uma academia que não frequenta, porque ainda guarda aquela echarpe cara mas horrorosa no armário, ou porque ainda não se livrou de lembranças que não acrescentam ao que você é hoje. De qualquer modo, o final do ano é uma época de indagações, cobranças e acertos de rumo. No meu caso, costumo rumar para uma boa loja de vinhos.
Neste espírito de reflexão, achei que seria oportuno compartilhar com vocês as maiores lições que a vida na Dinamarca me ensinou ao longo destes dois anos e pouco, 3 empregos, casamento, mudança, reforma da casa, aulas de dinamarquês e a tentativa de retomar a vida em outras terras. Espero em breve ler os comentários de vocês contando o que vocês aprenderam nessa vida nórdica, ou o que vocês acharam desses aspectos da vida aqui!
- A vida aqui é contada em semanas
Se você vier para a Dinamarca, prepare-se para ouvir frases como “vamos marcar um café na semana 27?”, ou “estarei disponível para a reunião na metade da semana 39”. Os dinamarqueses – e especialmente os dinamarqueses com filhos – se acostumaram a contar o tempo em semanas e o hábito é tão propagado que eles creem de pés juntos que o mundo todo funciona assim. Ver um dinamarquês tentando marcar um compromisso com um estrangeiro é algo entre hilário e desesperador, especialmente quando eles tentam aplicar este sistema fora da Dinamarca. Além disso, todo mundo sabe de cor e salteado que as semanas 7 ou 8 são de férias escolares, assim como a semana 42, ocasionando um êxodo de dinamarqueses para terras de climas mais agradáveis, esvaziando escritórios e encurtando meu tempo de direção até o trabalho pela metade.
- Serviços são caros, e cada um faz um pouco de tudo
A Cristiane já falou por aqui sobre a cultura do faça você mesmo, algo que tem a ver com os altíssimos preços praticados por todo o setor de serviços, o que me fez encarar uma realidade nova e desafiadora em todas as esferas da minha vida aqui. No Brasil, meu eficiente secretário fazia as cópias do material para a aula e entregava na minha mesa, enquanto um técnico de imagem ajustava meu computador ao projetor para a aula e um funcionário vinha trazer um cafezinho, lembrando sempre de recolher minha xícara no intervalo da aula. Já aqui, se acabou o toner da impressora, é você mesma quem tem que trocar, como é você mesma que lava sua xícara de café no local de trabalho, que prepara o equipamento para vídeo conferências, que faz cópias e que vai buscar os sanduíches do lanche da empresa, que reserva seus hotéis e passagens para viagens de trabalho, e que faz todas as declarações de despesas. Funções de secretaria e de apoio são raras pois representam um grande ônus financeiro para as empresas, e na seara doméstica a coisa não muda de figura: faxineiras, eletricistas, pedreiros e demais profissionais da área custam o suficiente para você (eu) se aventurar a pintar todas as paredes de casa sozinha, instalar o piso, quebrar azulejos antigos, tentar reformar o banheiro (e se frustrar), montar guarda-roupa e remover a mais insistente das gorduras de dentro do forno. Arruinam-se as unhas, salva-se o bolso.
- Tudo aqui é do jeito que tem que ser
Dinamarqueses são extremamente apegados à tradição em todos os setores de duas vidas, e sair um milímetro do âmbito das expectativas deles causa confusão e desconforto. É comum que os colegas de trabalho tomem café da manhã juntos na sexta-feira, o que significa o mesmo tipo de pão, o mesmo tipo de queijo e NADA de variedade ou de possibilidade de provar algo diferente. Convencer meus colegas de trabalho a provar pão de queijo no café da manhã quase requereu o uso de um oficial de justiça e, da mesma forma, nunca esquecerei o turbilhão de emoções contraditórias que os olhos do meu marido expressaram quando meus amigos estrangeiros sugeriram fazer um almoço de Natal no espírito de “cada um traz um prato de seu país” em vez do tradicional julefrokost com cardápio centenário dinamarquês. Conta uma amiga minha que, depois de muita insistência, conseguiu convencer o cozinheiro reponsável pelo menu do seu casamento a acrescentar um ingrediente diferente no coquetel de camarão, mas que o chef rebatizou o prato de “coquetel exótico”, salvando assim as almas dinamarquesas desavisadas da chocante experiência de provar algo novo. Pense num povo que assiste o mesmo filme (Dinner for One, de 1963) no Ano-Novo TODOS os anos, e repetem juntos a icônica frase “same procedure as last year, Miss Sophie?”. Acho que o dia que a TV local parar de exibir a famigerada película os dinamarqueses não aceitarão o início do novo ano.
- Não é pessoal: a “sinceridade desmedida” e a falta de gentileza são generalizadas
Dinamarqueses costumam ter a sensibilidade, o tato e o traquejo social de um rinoceronte com dor de dente. Eles são um povo naturalmente introvertido, e que desconhece certas convenções universais de gentileza, como segurar portas para mães carregadas de sacolas (e de crianças) no transporte público, ou como expressar certas opiniões de maneira não ofensiva. Se eles não gostarem de algo, dirão em alto e bom som, doa a quem doer. Se eles pensarem no Brasil de acordo com todos os estereótipos rasos propagados pela mídia, não terão vergonha de perguntar se é verdade que todo mundo lá usa drogas. Aliás, se eles chegarem a perguntar, você ainda terá a chance de explicar, porque a maioria nem sequer pergunta, e sim já parte para o julgamento infundado. Opiniões polêmicas sobre “esses estrangeiros” também não escolhem hora nem lugar, mas não leve isso para o lado pessoal, pois eles costumam tratar uns aos outros da mesma maneira, respeitadas as circunstâncias, e muitas vezes estão apenas testando o quanto podem falar com você. Respire fundo, mentalize férias no Nordeste e não se deixe contagiar.
- Não assuma: pegunte e tente entender
A esmagadora maioria dos problemas que vivemos ocorrem por má comunicação. Imagine, então, tentar se comunicar com um povo diferente, em uma língua diferente, e com expectativas sociais que costumam ser diametralmente opostas, e aí está a receita para o desentendimento.
Um dia, uma senhora iraniana me contou que veio para cá morar com a filha e que se dava muito bem com uma vizinha dinamarquesa, cujo pai veio a falecer. A senhora iraniana, ao ficar sabendo do falecimento, foi até a casa da família para prestar condolências e dar suporte emocional, e não só foi recebida friamente como passou a ser evitada pela então amiga. Meses depois, a senhora iraniana encontrou a dinamarquesa por acaso, não se conteve e perguntou se tinha feito algo de errado, e descobriu que a família dinamarquesa considerou a visita um ato extremamente rude, uma instrusão, pois para eles, aquele era um momento só para a família mais próxima. Este episódio, somado às minhas incontáveis gafes, me ensinaram que é melhor esclarecer as coisas antes, sendo humilde e simplesmente dizendo: eu sou de outro país e não sei o que é adequado, pois lá as coisas são diferentes. Em regra, os dinamarqueses se mostrarão compreensivos e prestativos se você demostrar interesse em saber mais, e esse é um processo de duas vias: já perdi a conta de quantas vezes expliquei aos meus colegas de trabalho que, em boa parte do mundo, “brincando se diz a verdade”, e por isso se deve ter cuidado com o uso do peculiar senso de humor dinamarquês, tão intragável para os estrangeiros como o patê de fígado de porco daqui.
Bem, meus caros e caras, a minha vida na Dinamarca acabou sendo muito diferente do que eu imaginara há anos atrás, quando tomei a decisão de vir para cá de mala e cuia, mas por mais diferentes que sejamos uns dos outros, há uma humanidade essencial que nos une a todos, e estar aberto para compreender estas diferenças sem perder de vista as semelhanças foi, sem dúvidas, a maior lição que aprendi aqui.
Abraços, feliz Ano-Novo e até a próxima. E, para quem está na Dinamarca na virada do ano, same procedure as last year.
26 Comments
Adorei!!! Ri litros porque super me identifiquei!! Parabéns pelo artigo!!!
Oi Andreia! Obrigada pelo seu comentário, e fico feliz em saber que não estou sozinha em minhas desventuras em série 🙂 Beijos
A regra geral é “same procedure as last year!”, aprendeu isso, então vivd-se perfeitamente bem por aqui!????????????????
Oi Marcele 🙂
Sim, exatamente! É aquele Control C + Control V pra todo início de ano 🙂 Beijos
Camila do céu! Que situações!!! Kkk
Obrigada por mais um texto legal!!!
Coitada dessa senhora iraniana!!! Mas isso é realmente muito comum ou alguns (principalmente os mais idosos) são assim?
Quanto ao sensor de humor dinamarquês – tem que rir pra não chorar, né?! Sugiro você falar disso depois, por favor!! Ahhh, pode falar também sobre coisas que os estrangeiros mais fazem que os dinamarqueses odeiam?
Concluo que o povo dinamarquês é muito muito muito diferente de nós mas podemos aprender muito com eles! Como é bom essa diversidade cultural. Já pensou se fosse todo mundo igual?
Oi Priscila, tudo bem? Então, também me solidarizei com a senhora iraniana, e isso é comum mesmo entre os mais jovens. Aqui eles têm uma outra ideia sobre amizade e relacionamentos, e é importante termos isso em mente.
Adorei a sua ideia e vou escrever sobre o senso de humor dinamarquês 🙂 Eles são um povo bem diferente, mas como você disse, temos que apreciar a diversidade cultural. Beijos
Oiii!!!! Tudo e você?
É cada coisa, hein?!!
Ebaaa!!!
Vou aguardar então esse texto!
Aproveito pra sugerir também o que você acabou de mencionar: amizade e relacionamentos na Dinamarca.
Eu li aqui um texto da Cris sobre os dinamarqueses e o amor mas não lembro se tem mais algum sobre isso (vou até conferir).
Beijos
Oi Priscila, tudo bem? Adorei as dicas e vou anotar tudo no meu caderninho de futuros temas 🙂 Ainda não escrevi sobre isso, mas agora me inspirei 🙂 Beijos
Olá! Tudo bem comigo e com você?!
Anota sim pois toda vez que venho aqui tenho mais dúvidas e ideias pra você! kkkk
Beijos
OBS: O comentário de Magda foi uma poesia.
Oi Priscila! Que maravilha! Eu adoro receber sugestões e comentários de todas vocês! Muito obrigada por ser parte desse trabalho 🙂 Beijos
Camila, a minha espera por um post novo é muito semelhante a espera daquelas adolescentes dos anos 90 pela próxima Revista Capricho. E o meu contentamento um novo post também pode ser equiparado ao daquelas garotas. Isto se deve ao fato de gostar de saber como o mundo ai funciona e ao mesmo tempo por adorar o seu jogo de palavras. Li seu post sábado e até agora estou pensando em como se conta o ano em semanas…. confesso, que a minha cabeça brasileira não consegue compreender. Fiquei extremamente curiosa para saber como isso funciona, especialmente por entender como se organiza a vida financeira num lugar que se conta a vida em semanas hehehe. Estou aqui pensando como é o salário, o aluguel, uma compra a prazo. Se isso tudo é pago em semanas, etc. Enfim, minha cabeça está dando um nó e acho que passaria um dia inteiro aqui te questionando como é uma vida em semanas. Engraçado né, logo ali do outro lado do mundo e ao mesmo tempo outro mundo!
Oi Madga,
Nossa, muito obrigada pelo seu comentário! Iluminou meus cinzentos dias de inverno dinamarquês 🙂
Bem, eu ainda tenho dificuldade com a contagem em semanas, mas basicamente eles dividem o ano em 52 semanas, e sabem de cor e salteado que dia cai quando, então marcam compromissos, viagens, etc, de acordo com esse sistema. Se nós dizemos “estou pensando em viajar em outubro”, eles costumam dizer “estou pensando em viajar na semana 42”,e por aí vai. Ainda bem que as contas, salários, etc, ainda funcionam no mesmo sistema que o nosso, por mês, embora alguns trabalhadores recebam por semana. Compras a prazo/parceladas são praticamente inexistentes aqui, sendo uma prática bastante limitada. Em regra, eles só trabalham com débito, salvo dívidas maiores, como financiamento de carro e casa, mas fora isso, ou se tem o dinheiro pra comprar algo, ou não se tem. O que algumas pessoas fazem é pedir um limite maior pro banco em alguns meses específicos, ou para uma compra em especial (móveis para casa, etc).
Por vezes eu me perco nessa questão das semanas, e tenho sempre um calendário dinamarquês à mão.
Espero que você continue questionando esse e outros mundos: a vida é um eterno aprender 🙂 Beijos e obrigada 🙂
Que bacana Camila, obrigada por partilhar!
Agora fiquei com outra dúvida hehehe, e os aniversários, como é que se conta para outra pessoa a data!?
Oi Magda, tudo bem?
De nada 🙂 É um prazer partilhar um pouco da minha vida de aprendiz de viking.
Os aniversários funcionam como no Brasil na questão da contagem da data, mas a festa é bem diferente. Aqui, eles decoram tudo com a bandeira da Dinamarca em aniversários, e o “parabéns a você” é distinto do nosso, incluindo uma versão na qual todos os convidados imitam o som de 3 instrumentos musicais. Aqui vão duas versões de músicas cantadas em aniversários pra você conferir: https://www.youtube.com/watch?v=VmhC_bqcGLE e https://www.youtube.com/watch?v=zMMV4c5r3H4
Espero que você goste 🙂 Beijos
Adorei e curti cada historia! Parabéns Camila.
Oi Ana! Muito obrigada pelo seu comentário! Que bom que você curtiu o texto! Beijos
Olá Priscila!
vc tem toda razão, as pessoas precisam saber sobre a cultura de um país, ler mais pra não tentar escorregar. mas gostei da sua declaração, gostaria de saber mais alem que os dinamarqueses comem e principalmente no que vc disse; sobre amizade e relacionamentos, acho interessante e o que vc puder contar. meu avo era dinamarques, copenhagem, meu pai correspondia suas cartas vindo daí. mas nunca tive acesso. só soube através de minha mãe quando já era maior, dizem que meu sobrenome kjaer é como um silva aqui no brasil. tem algo a dizer sobre isso? ou quem sabe até eu poder descobrir algo importante. dizem que a dinamarca está restrito para estrangeiro. gde bj. feliz novo ano pra vc. onde vc estiver.
Oi Axel, tudo bem?
Você tem um nome bem dinamarquês mesmo 🙂 O sobrenome Kjaer (aqui pronuncia-se “Kérr”) é bem popular, mas não chega a ser um “Silva” (acho que Hansen ou Nielsen seriam os mais comuns)…..eu diria que é um “Fernandes”, “Rodrigues” ou “Camargo” em termos de popularidade 🙂
No dia-a-dia, os dinamarqueses tipicamente comem porco com batatas em todas as suas variedades, além do smørrebrød, um sanduíche aberto feito de pão preto (eu já escrevi sobre comidas dinamarquesas aqui no blog também, aqui: https://brasileiraspelomundo.com/dinamarca-do-carrinho-de-cachorro-quente-a-um-dos-melhores-restaurantes-do-mundo-571834281).
Em breve vou escrever mais sobre relacionamentos e amizades, mas você com certeza pode encontrar muita coisa interessante nos textos que a Cristiane e eu escrevemos aqui sobre a Dinamarca 🙂
A Dinamarca realmente está restrita para quem quer se mudar pra cá, mas se você quiser vir pra visitar a terra dos seus antepassados como turista, é super tranquilo.
Obrigada pelo comentário e feliz ano novo!!!!
Eu GARGALHEI com o “Respire fundo, mentalize férias no Nordeste e não se deixe contagiar.”. Acabei de chegar ontem de férias no Brasil, moro em Paris faz 5 anos e desde que eu pisei de volta em casa, o mantra de “Fernando, se imagina na praia, com uma caipirinha de maracuja” fica repetindo na minha cabeça.
Inverno europeu é TENSO. Se aqui em Paris ja é desesperador, eu imagino ai no Norte. 🙂
Oi Fernando!
Muito obrigada pelo seu comentário, e desculpe pela demora em responder, mas eu estava de férias da Dinamarca 🙂
Vou adotar seu mantra da Caipirinha de Maracujá!
Beijos
Olá, Camila, desde já peço desculpas por quaisquer problemas e se eu estiver fazendo perguntas já respondidas por você em outros posts, mas acabei de encontrar esse site e ainda estou fazendo uma limpa nele para absorver o máximo de informações possíveis. T
enho 22 anos (prestes a fazer 23) e no momento, estou escrevendo minha monografia para o curso de Psicologia para, com sorte, suor, lágrimas e esforço, me formar ainda esse ano. Estou lhe contando tudo isso, pois preciso de alguém que já tenha certa experiência em morar no exterior para me dar uns conselhos, pois quando estamos nos formando é inevitável não pensar no que fazer no futuro.
No meu caso, estive pensando seriamente em sair do país (Brasil, apenas para esclarecer) para morar em outro lugar. Não necessariamente na Dinamarca, admito. Mas eu gostaria de saber como está o mercado de trabalho para psicólogos recém-formados e não sei, como você soube que era a hora certa para se mudar? Como você se sentiu no decorrer das semanas – ou meses – com o choque cultural e/ou desemprego? É dificil arranjar emprego ou lugar para morar para alguém que está indo para ficar que possui pouca (nenhuma praticamente) experiência e provavelmente com pouco dinheiro? Como é o recebimento dos dinamarqueses com brasileiras especificamente falando? Eles costumam tratar as mulheres de forma diferente? E como eles estão sendo afetados pelos acontecimentos que estão ocorrendo pela Europa? Essa última pergunta, precisei fazer, pois é necessário saber como anda a situação política do país que você está pensando em morar. Por isso que já comecei o texto pedindo desculpas.
Provavelmente tenho mais perguntas, no entanto, não consigo lembrar de mais nenhuma no momento, então ficarei por aqui. Continuarei minha pesquisa, mas gostaria de saber se você estaria disposta a responder ou indicar sites e/ou pessoas confiáveis para conversar mais profundamente para quando voltar (e voltarei) com mais questões.
Obrigada pela atenção.
Oi Lara, tudo bem?
Muito obrigada pelo seu comentário 🙂
Bem, vamos por partes: sobre exercer a psicologia aqui: você precisaria validar seu diploma e ter certeza de que o curso atende aos requisitos dos cursos dinamarqueses (tenho uma amiga que infelizmente não conseguiu completar esse processo e não pode atuar). Além disso, existe a questão do idioma: se você domina o inglês, é um bom início, mas penso que para clinicar aqui, o dinamarquês se torna quase imprescindível (mas se você vier legalmente, pode fazer o curso de idiomas aqui, grátis – o importante é estar preparada pra isso).
Em janeiro eu escrevi sobre as possibilidades de visto pra cá, e seria legal se você pudesse dar uma olhada para esclarecer suas dúvidas.
Sobre a parte mais subjetiva, eu entendo bem as suas incertezas e dúvidas. No meu caso, eu sempre tive “um pé que é um leque”, sempre gostei de viajar e, no fundo, sempre soube que ia morar em lugares diferentes, mas isso tem um custo financeiro e emocional que são altos: se estabelecer em outro país é caro, e a distância da família e dos amigos é cruel, especialmente em sociedades fechadas, como a dinamarquesa.
Lara, se você nunca morou fora, eu acho a Dinamarca um pouco complicada, pois como eu disse, a sociedade é muito fechada, o idioma muito diferente, um inverno de 9 meses, etc. Talvez fosse bom iniciar em um país um pouco mais receptivo e amigável, como Portugal ou Espanha, e aos poucos ir planejando a vinda pro Norte, se você visitar e gostar. Falando nisso, a minha primeira dica é: venha passar uns 2 meses aqui, em janeiro/fevereiro (inverno) pra ver como você se sente, se gosta, se acha muito complicado, etc., porque, por experiência própria, te digo que subestimei as dificuldades de se adaptar a essa terra.
Aqui não é fácil arranjar emprego, mas se você vier legalmente e estiver disposta a trabalhar em outras áreas, é sempre possível. Eu mesma tive que mudar de área para conseguir emprego.
Sobre os homens, eles são muito respeitosos, muito reservados e muito diferentes: são ótimos companheiros, mas poucos são aqueles que sabem ser românticos, porque eles são muito práticos aqui. É preciso conversar e tentar entender o outro lado.
Os acontecimentos da Europa afetaram a Dinamarca, que ficou ainda mais fechada.
Se você me permite dar minha opinião, até porque tenho uma irmã da sua idade, e com quem me preocupo muito, eu sugeriria que você fizesse um plano de médio prazo, incluindo procurar bolsas de mestrado em diferentes países da Europa para ter uma experiência aqui. Pense em vir para conferências aqui, dentro de um programa de pós, e vá fazendo contatos, para aos poucos dedicir e ter uma boa base de apoio. Sei que esta é uma fase de muito questionamento, mas planejando com calma, tudo é possível.
Sinta-se à vontade para me escrever, e boa sorte com a monografia. Beijos
Agora,
Antes de começar, gostaria de dizer que havia respondido seu comentário na caixa de diálogo errada, mas quando enviei, a página atualizou e sabe Deus como, o comentário não foi computado, então se aparecer por aí, pelo amor de Deus, deleta. Até fiz umas mudanças nessa resposta aqui porque a outra tinha umas partes meio estranhas. Geralmente, sou mais bem atenta que isso, mas a pressa em responder atrapalhou. kkkk
Enfim, obrigada pelas dicas. Você me deu uma visão mais ampla de planejamento porque como sou 8 ou 80, já queria ir logo de “mala e cuia”. Sua resposta convidou a presença da cautela e da paciência nos meus planos. kkkkkkkk
A dica de começar em um país mais receptivo e depois ir se mudando para países mais frios foi interessante e algo que eu mesma deveria ter pensado. kkkkkkkk
Obrigada pela atenção e sigo acompanhando o site ávida por novas informações.
Abraços.
Oi Lara, fico feliz por poder ajudar 🙂 Beijos e boa sorte!
Camila, você ainda mora por aí?! Como faço pra entrar em contato com voce?! Estou indo para Billund e Aarhus e não manjo naaaaada do país.. kkkk
Oi. Desculpe eu atravessar, mas como vi que vem para os lados de onde eu moro (também sou colunista da Dinamarca) e a Camila mora em Copenhague… Tem muitos brasileiros morando nessa região, principalmente em Aarhus. Entre em contato com os brasileiros procurando-os nos grupos de brasileiros na Dinamarca, brasileiros em Aarhus etc. no Facebook. Aproveite e leia mais sobre a Dinamarca, tem muitos textos bacanas sobre transporte, saúde, relações interpessoais, religião, política, comida, emprego etc…