Exatamente no dia em que completávamos um ano morando em Sydney, o maridão e eu estávamos no saguão do Aeroporto Internacional da nossa nova cidade. O destino? Nosso amado Brasil, nossa amada cidade natal, Rio de Janeiro.
Como meus textos anteriores já mostraram, a vida fora do seu país de origem é uma montanha-russa de emoções. Dias de luta, dias de glória, já dizia o Chorão, e vamos aprendendo a lidar com todos esses altos e baixos.
As semanas que antecederam minha viagem, entretanto, foram de muita calmaria para mim. Não sei se pelo fato de minha mãe ter me visitado um mês e meio antes, se pelo fato de meu subconsciente saber que, em breve, eu estaria em casa, não sei… Só sei que eu estava bem de boas por aqui, até pensando que, talvez, devesse ter programado uma viagem para a Europa em vez de ir pro Brasil.
Até que veio a viagem e os 30 dias mais intensos de 2018, sem dúvidas. Chegar ao Brasil, rever (quase) todas as pessoas que tanto importam para mim, comer a melhor culinária do mundo sem moderação (peço desculpas às demais culturas, mas no quesito comida sou uma patriota ferrenha: não há melhor sabor que o do tempero brasileiro), andar na rua e saber onde estou, dirigir do lado esquerdo, entrar no shopping e conhecer todas as marcas… Nossa, é uma lista sem fim de pontos positivos de estar no Brasil. E aí, é claro, o nó se instalou pela milésima vez, e a melô do imigrante voltou a martelar na minha cabeça: should I stay or should I go (tradução: devo ficar ou devo ir)?
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Brincadeiras à parte, ficar não chegou a ser uma opção real naquele momento. Por mais que tudo estivesse sendo maravilhoso, parte de mim sabia que passar férias em algum lugar é diferente de morar naquele lugar. E minha história na Austrália ainda não estava finalizada. Mas a tal calmaria pré-viagem, com certeza, se foi no momento em que pisei no Galeão (Aeroporto Internacional do Rio), e algumas lágrimas rolaram quando dei aquele abraço de até breve (sem saber quanto tempo exatamente será esse breve) nos meus pais no aeroporto. E, vejam só, as mesmas lágrimas estão rolando agora, tempos depois, enquanto escrevo esse texto.
Mas vamos deixar claro, são lágrimas de alegria. Foi tão bom voltar e ver que os amigos continuam seus amigos, apesar do tempo e da distância (a família, a gente sabe, é sempre família, então não preciso pontuar). Claro que a vida continua e não dá para esperar que as pessoas parem tudo o que estão fazendo para te darem atenção exclusiva, apesar de admitir que parte da gente quer que seja assim, sim.
Em princípio, achei que era um pouco de ego da minha parte, mas depois entendi que para quem parte é mais profundo que para quem fica, ainda que se pense o contrário. Temos a novidade da “vida nova” (que após um ano já não é mais tão nova assim), enquanto quem fica pode pensar que tudo continua o mesmo.
Mas entenda: é exatamente esse “mesmo” que faz tanta falta no dia-a-dia: almoço de fim de semana na casa dos pais (ou familiares), marcar um encontro despretensioso na casa de um amigo, sair do trabalho e partir para um happy hour, almoçar diariamente com os amigos do trabalho, ver os filhos das amigas crescerem… É este cotidiano que escolhemos perder e é isto que queremos aproveitar ao máximo durante os 30 ou seja lá quantos dias que passaremos em casa.
Mas como acabei de pontuar, eu E-S-C-O-L-H-I estar aqui, longe, e escolhi abrir mão do convívio diário com as pessoas amadas para vivenciar outras experiências, testar outros caminhos. Citando novamente o Chorão (adolescência feelings), “cada escolha, uma renúncia, isso é a vida”, então foca no positivo e bola para frente! A verdade é que foi incrível ter programação para cada um dos 30 dias que estive no Rio e foi incrível conseguir ver/estar com algumas pessoas mais de uma vez. E, se por algum minuto, eu considerei Europa em vez do Rio, eu “tava era doida”, porque essa viagem era tudo o que eu estava precisando e mais um pouco!
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E essa coisa de energia positiva atrair coisas boas é tão real, que voltar para a Austrália me trouxe um montão de alegrias: consegui um emprego na área que vinha tentando desde que cheguei aqui (trabalhar com intercâmbio!!!), o verão chegou e eu fiquei bronzeada como há muito, muito tempo não ficava (hahaha), conheci Gold Coast, a região mais surfista da Austrália e simplesmente maravilhosa (!!!), voltei para a academia… É a vida se encaixando novamente e tomando seu rumo.
Então, a moral da história é: viva cada dia intensamente, entenda que suas escolhas implicarão em algumas perdas, mas também em muitas vitórias! E saiba que, no fim, tudo dá sempre certo, e o fim também significa sempre um novo começo!
4 Comments
Opa! Acho que rolou uma lágrima. Vc descreve muito bem esse sentimento ambíguo. Ótimos motivos para sorrir e viver sempre.
=oD
Amei o texto Lívia, é isso aí, viver um dia de cada vez, tudo isso vale a pena, tenho certeza. ????
Obrigada, Sil! Vale muito a pena mesmo!
Beijo!