Visite Lisboa como um local.
Para aqueles que já ticaram da lista de visitas o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém, fizeram o mini cruzeiro pelo Tejo, visitaram a Feira da Ladra, foram ao Aquário e, após alguma espera, conseguiram sentar-se no banquinho em frente à Brasileira, no Chiado, e tirar foto com a estátua de Pessoa, ou apenas para os que estão cansados dos sítios mais aglomerados, este artigo veio em bom tempo.
Sigam-me que eu mostro como conhecer monumentos e, o melhor de qualquer viagem, sentir certo gostinho da vida local sem ter que pegar filas ou encontrar gente dos quatro cantos do mundo, porém, além do guia, nenhum português.
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A primeira dica é uma bem simples, aliás, duas:
Acorde cedo, durma tarde
Em cidades abarrotadas por turistas, quanto mais fora do horário de pico, melhor. Por isso, como Deus ajuda quem cedo madruga, acorde cedo e aproveite a calma dos quarteirões mais agitados do Rossio, Chiado, Cais do Sodré. Tome o “pequeno almoço” numa padaria de bairro com a gente que está de passagem a caminho do trabalho. Espreite as brechas do Tejo entre as perspectivas das ruas, sinta o sol quentinho e rume para alguma atração concorrida, afinal, quanto mais cedo, menos gente.
A minha favorita para essas incursões matinais é a Pastelaria Recife, no pé da Rua do Alecrim. Como opção e ao lado, tem também a Pastelaria Brasília.
E já que acordou cedo e isso são férias e não acampamento militar, gosto da ideia de uma siesta bem no meio da tarde, quando a absoluta maioria de todo mundo está se acotovelando para tirar fotos do túmulo de Camões. Relaxe e volte às ruas no começo da noite. É verão e o sol se põe às 21:00. Essa, talvez, seja a melhor hora para perambular por Alfama e sentir um pouco da sua vida boêmia, entrar numa tasca ao acaso e ouvir um fado. No final, não deixe de provar o copinho de Ginginha oferecido por alguma senhorinhas com bandejas espalhadas pelas calçadas.
Saia das ruas principais
Outra dica simples, mas de grande resultado, é aquela de virar à esquerda, à direita, e sair do foco de interesse geral. Tente fazer isso ao cruzar a Rua Garrett, a Príncipe Real ou mesmo a Liberdade. Além das ruas famosas, com comércio disputado, o atrás delas costuma presentear-nos com pouca gente e muita tranquilidade. Vai se surpreender com fachadas bonitas, moradores num vai e vem rotineiro, Cafés onde é possível encontrar uma mesa para tomar um vinho verde, descansar, e assim montar o seu próprio roteiro de viagem.
Feitas estas sugestões, agora vamos a programas mais consistentes. Que tal inscrever-se num tour frequentado 100% por portugueses?
Lisboa Cultural
Nem me lembro mais como foi que descobri essa joia, mas tem me ajudado a conhecer a capital portuguesa do ponto de vista da sua história e arquitetura. O Lisboa Cultural é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa organizando percursos e visitas sempre guiados por um historiador ou alguém com conhecimento relacionado ao tema, onde aprendemos sobre determinado bairro, segmento do comércio que já teve ou tem importância na cidade, episódios da História portuguesa, e assim por diante.
Os tours são mensais, frequentados por lisboetas que terminam sempre complementando alguma informação ou, olha só como valem a pena: guias de turismo em busca de mais conhecimento.
É possível checar a programação neste link: Itinerários de Lisboa. Custa 3,69 € por pessoa e a reserva pode ser feita pelo seguinte e-mail: lisboa.cultural@cm-lisboa.pt.
Sessões de leitura
Para quem é leitor ávido, a Biblioteca Camões, linda, linda, no Largo do Calhariz, promove mensalmente o Ler Ler, que são leituras guiadas em grupo, com tema especifico. Por lá, só encontrará locais ou residentes estrangeiros e faladores de português, de língua nativa ou não, que não dispensam um bom papo e leitura.
A biblioteca está instalada no Palácio Camões e o prédio é bem bonito. Nas ruas de trás, está o concorrido Miradouro de Santa Catarina (padroeira dos livreiros!), com a sua bela vista para o Tejo, sempre recheado pela “malta” que lá se junta para ver o sol se pôr. Ao lado do prédio, o longo e pitoresco caminho do Elevador da Bica. Acho imperdível.
A entrada é livre, mas sujeita à inscrição prévia por este e-mail: info@escreverescrever.com. E o calendário de temas, você encontra aqui.
Palácios – quase – só para você
Um das boas maneiras de conhecer um prédio histórico é quando temos a oportunidade de vivenciar por lá alguma experiência que nos leve além da visita turística. O ano inteiro há programas de concertos, ballets e apresentações em alguns dos palácios de Lisboa e cidades próximas.
Não, nestas ocasiões, não visitamos tudo, mas, pessoalmente, não troco uma noite bem acomodada em uma sala bonita do século XVII, ouvindo boa música ou assistindo a algum espetáculo, na companhia de gente que sabe fazer silêncio, por horas em pé, num corpo a corpo alvoroçado e barulhento para passar uma vista em tudo, tirar umas fotos e partir entre a exaustão e o alívio.
Para isso, basta olhar a programação do Palácio Nacional da Ajuda, Palácio Nacional de Queluz e dos Palácios e parques de Sintra, entre outros.
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Essas são algumas ideias para sair dos roteiros tradicionais. Que possam conduzi-lo pela cidade, proporcionando uma experiência mais pessoal. Boa estada!