Não é à toa que a francofônica Lausanne, quinta cidade da Suíça com seus modestos 140 mil habitantes, transpira esportes. É em Lausanne que a Sede do Comitê Olímpico Internacional, assim como a maioria das sedes das federações internacionais de esportes, fica.
O organizado calendário de Lausanne lista competições famosas e, mundialmente conhecidas, como Maratona de Lausanne e Athletíssima, entre outras. Uma das principais atrações turísticas da cidade é o Museu Olímpico, que atualmente traz uma exposição sobre o Brasil. Muitos habitantes, direta ou indiretamente, trabalham na indústria de esportes. Em Ouchy, o ponto turístico onde tudo acontece, foi construído um monumento enorme que até pouco tempo atrás fazia a contagem regressiva para os jogos Rio 2016.
Tudo isso para dizer que meia Lausanne foi para o nosso Rio, em Agosto. E eu também fui. E foi no Rio que testemunhei o que já desconfiava: o Suíço, com seu jeito discreto, brilhou na Rio 2016.
Não me refiro somente a presença de 114 atletas, competindo em 21 esportes diferentes, e nem às 7 medalhas conquistadas, mas sim pela maneira única com que interagiu com o carioca.
O romance carioca-suíço começou há dois anos, na Copa do Mundo, quando diversos países montaram suas “casas de hospitalidade”, que nada mais é que uma ferramenta de marketing para divulgar a cultura do país, receber atletas e autoridades e promover eventos, geralmente, privados.
Para a Copa, a Suíça montou seu cantinho na Lagoa e, diferente da maioria dos países, resolveu abrir suas portas para o público, sem nenhuma discriminação. O sucesso foi tanto que a Suíça foi reconhecida por ter a Casa de Hospitalidade mais bacana dos jogos. E não parou aí, não. Os cariocas carinhosamente apelidaram a Casa Suíça de “Baixo” Suíça, uma gíria local que designa lugares badalados, descolados e bem frequentados. O “tem que ir”.
Claro que depois da experiência da Copa, as expectativas da presença Suíça nas Olimpíadas aumentou à beça. Eles então decidiram investir, fizeram um mega projeto e não decepcionaram. Pelo contrário! A Casa Suíça da Rio 2016 escolheu novamente a Lagoa como ponto, mas desta vez aventurou-se em um terreno de 4.100 m2 com três grandes construções e diversas atrações.
O projeto das Olimpíadas consiste em mostrar que a Suíça e o Rio têm muito mais coisa em comum do que se imagina. Experiências como patinar no gelo em uma pista a céu aberto, andar de trem, simular neve artificial e curtir os terraços do Lago Genebra são algumas das atrações oferecidas, gratuitamente, ao público. Rodeada por montanhas e nas margens da lagoa, o público pode fechar os olhos e se sentir na Suíça. Nada mal.
A culinária suíça também está presente, com o famoso salsichão de vitela preparado na brasa, que quem já experimentou sabe do que eu estou falando, e outras delícias servidas no charmoso food truck, além do fantástico vinho da região de Lavaux, recentemente descoberto pelo mundo.
É a Suíça no Rio! Uma oportunidade para quem quer conhecer mais deste país sem viajar horas de avião.
A programação da casa é diversa e divertida. Degustações de vinhos, DJs, discussões com atletas e até alguns eventos privados acontecem por lá.
Cada uma das medalhas conquistas por atletas suíços foram comemoradas “à la Suíça”, tocando sinos e fazendo uma algazarra, algo que não se imagina tanto do suíço. A festa no Baixo Suíça tem sido enorme e diária. Filas para as atrações comprovam a aceitação e curiosidade do carioca em explorar e conhecer um pouquinho mais desta cultura. O brasileiro se sentiu em casa por lá. Quem sabe o suíço não vai perder seu estereótipo de fechadão e sério depois da baderna que aprontou na Lagoa?
Mas o melhor é que, depois de fechar as portas aos cariocas, no dia 18 de Setembro, a área utilizada pelo Baixo Suíço será revitalizada e entregue a cidade do Rio de Janeiro, mostrando a responsabilidade e o compromisso tão característicos do povo suíço.
Eu visitei a casa e participei de eventos por lá. Como conheço e adoro este povo, arrisco dizer que a revitalização do Campo de Basebol do Cantagalo é também um presente de agradecimento para a cidade do Rio por todo o carinho e atenção recebidos nos dois maiores eventos de esporte do mundo.
Obrigada, Rio.
Obrigada, Suíça.