O primeiro post que escrevi no blog falava sobre o sistema de votações na Espanha. Como no mês passado também houve eleições para Presidente por aqui, resolvi dedicar este texto à propaganda política.
A propaganda política nos meios de comunicação convencionais, como rádios e TVs, não toma muito o nosso tempo. Nos meios impressos (jornais e revistas), não prejudica o conteúdo das notícias nem as informações úteis. Também não produzem tanto material gráfico que afete a limpeza da cidade. A persuasão se dá de uma maneira muito mais discreta e sustentável.
Ainda que eu seja da área das comunicações e entenda bastante a importância dos principais meios de comunicação (todos os que citei acima), prefiro a pessoal e direta à comunicação impessoal e indireta. Por esta razão, vou centralizar o post de hoje nessa direção.
Andando pelas ruas, pude verificar que os cartazes dos candidatos de vários partidos estão distribuídos de maneira ordenada, em cada parte da cidade, sem que coincidam uns com os outros.
Há dois tipos de cartazes: aqueles grandes, que ficam pendurados nos postes de luz, sem que possamos tocá-los, e aqueles que são colados nas paredes e estão à altura dos nossos olhos e ao nosso alcance, em tamanho um pouco menor que os anteriores. Classifico esse tipo de publicidade como passiva. À medida em que vamos caminhando pela cidade, observamos os cartazes, assim como os nomes dos candidatos e dos partidos políticos a que pertencem.
Outra estratégia que os partidos utilizam é montar um pequeno estande em algumas esquinas ou na saída de parques durante os finais de semana. No estande, eles proporcionam material informativo (folders) dos candidatos e as suas principais propostas, além de alguns brindes aos possíveis eleitores, que podem variar desde canetas, balas ou bolas de bexigas para as crianças. Considero o estande uma publicidade receptiva, já que poucas vezes os promotores saem do local para abordar as pessoas. O que acontece é justamente o contrário: os eleitores que simpatizam com o partido se aproximam.
Normalmente, há sempre algum político por perto. Eles aproveitam esse momento para conversar com as pessoas, fazer algumas fotos com o público e ganhar mais visibilidade através das redes sociais.
A atual prefeita de Madri, que ganhou as eleições em maio deste ano, apoiou muito sua campanha eleitoral nas redes sociais e o resultado, como vimos, foi positivo. Acredito que todos os candidatos são conscientes do poder das redes sociais neste momento de eleição.
A terceira variação da propaganda política que classifico é a interativa. Ela pode se dar através do material promocional próprio da campanha ou com material que os estandes distribuem às pessoas.
Nestas eleições, houve duas atuações que chamaram muito a minha atenção. Na primeira, havia cinco ou seis pessoas com camisetas de um partido (uniformizados) de bicicleta, dispostos um atrás do outro, em uma avenida movimentada da cidade. Eles tinham um balão grande do partido amarrado na cintura. No momento em que o semáforo fechou, eles permaneceram cada um no seu lugar, entre os carros, e começaram a cumprimentar as pessoas que estavam nas calçadas. Algumas pessoas retribuíram os cumprimentos. Ao abrir o semáforo, o grupo continuou seu caminho.
E a segunda, foi usar bolas de bexigas personalizadas. O estande estava localizado dentro de um parque aberto e distribuía o brinde às crianças. A bexiga vinha amarrada em um palito, onde se podia segurar o presente (brinquedo). Todas as bexigas tinham as cores e o logotipo do partido. As famílias que tinham crianças recebiam o brinde e quando se dirigiam a outro lugar, as crianças levavam a bexiga, chamando a atenção dos eleitores.
Pode ser que a publicidade direta não tenha o mesmo alcance que a publicidade indireta, mas acredito que seja mais eficiente. Nada substitui o contato pessoal com outras pessoas e, certamente, a interação das redes sociais completa o impacto da publicidade nos nossos dias.
O que nos resta fazer é desejar que o candidato eleito seja capaz de oferecer a todos, nos próximos 4 anos, um bom governo.