Quando o assunto é vegetarianismo, sempre tem alguém que revira os olhos dizendo: “- Lá vem esse papo hippie de vamos proteger nossos animais!”. Mas eu lhes asseguro, minha cara e meu caro leitor, que o intuito deste artigo é outro.
É notório que vivemos um momento em que a preocupação com a origem dos nossos alimentos e com a boa utilização dos recurssos naturais está totalmente em voga. Isso tem impulsionado uma parte da população a aderir à dieta vegetariana/vegana e as outras tantas categorias, que incluem um regime alimentar que reduz ou suprime totalmente o consumo de produtos de origem animal (carne, leite, ovos, mel, dentre outros).
Seguindo a tendência mundial, o vegetarianismo tem conquistado na França, país da alta gastronomia, cada vez mais adeptos. Apesar disso, essa expansão ainda é bem pequena. Segundo uma pesquisa realizada em 2016 pela Terra Eco, estima-se que 3% da população seja vegetariana, um número bem inferior se comparado aos 9% da querida vizinha Alemanha, bem conhecida pela sua culinária rica em salsichas e linguiças.
Entre esses novos adeptos encontramos os flexitarianos, se assim podemos chamar. Essa parte da população consome cada vez menos carne e procura alternativas na alimentação vegetariana para manter uma alimentação rica em nutrientes e equilibrada. Isso explica porque, durante os últimos 47 anos, desde 1970, os franceses diminuem a cada ano o consumo de carne, segundo um estudo do CREDOC.
Antes de vir morar em Paris eu fui vegetariana por 4 anos, mais exatamente durante os últimos anos que precederam à minha vinda. A decisão de voltar à dieta onívora foi pessoal e não teve nenhuma relação com o lado gustativo, até porque nunca fui muito fã de carne, mas enfim, isso já é uma outra história. Eu sabia que em um primeiro momento teria que me adaptar à uma série de novos hábitos, tanto sociais como alimentares, e ainda mais morando com familiares. Além disso, tem o fato de que a culinária francesa não dá muito espaço para o vegetarianismo, pois a grande parte dos pratos incluem carne na sua preparação e de todos os tipos (pato, coelho, pombo, rã, escargot, porco, boi, galinha). É uma “festa” na fazenda e às vezes eu penso que estou morando na China! Então, comer fora pode se tornar um desafio se você ainda não tem “as manhas”.
Depois de um périodo de adaptação e, novamente, por uma necessidade pessoal, eu decidi retomar a dieta vegetariana. Foi aí que eu conheci, por meio de uma amiga, a Associação Vegetariana da França (AVF) e o programa Desafio vegetariano. A AVF promove com frequência ateliers, encontros e palestras com o intuito, é claro, de expandir o conhecimento sobre esse modo de vida.
Com o desafio vegetariano acabei descobrindo ótimas opções de restaurantes, mercados, lojas especializadas etc, que compartilho aqui com o objetivo de ajudar uma alma vegetariana perdida em Paris ou, simplesmente, para as pessoas que têm curiosidade em conhecer novas opções alimentares por essas bandas do globo.
Apresentando, primeiramente, o Desafio Vegetariano, que se trata de um programa de 3 semanas que inclui: um ciclo de palestras, serviço de coaching, ateliers de cozinha e visitas a restaurantes e lojas dedicados à alimentação vegetariana/vegana. Para quem tem interesse em conhecer, o programa acontece duas vezes ao ano e eu super recomendo. Ele é também uma opção para quem quer apenas reduzir o consumo de produtos animais no dia-a-dia e está meio perdido sem saber como.
Un Monde Vegan – mercado vegano com uma varidade grande de produtos: queijos veganos, suplementos, livros, cosméticos.
Vegan Mania – loja de cosméticos orgânicos e vegan.
Vegan Folie’s – se você é como eu, metade humana metade formiga, essa confeitaria é pra você.
Le Myrha – acordou tarde no final de semana e está afim de um brunch (super café da manhã que até substitui o almoço)? Esse restaurante com ambiente de cantina oferece um cardápio completamente vegano e sem gluten.
É claro que é possível encontrar várias opções com apenas alguns cliques no Google, mas essas dicas são de lugares que eu conheci e testei, então me sinto à vontade para indicar.
Por ser considerada como um patrimônio cultural imaterial, em função dos seus rituais de preparação e de apresentação super elaborada, a gastronomia francesa é praticamente intocavél! Ou seja, retirar da mesa a carne, a sagrada manteiga e o creme de leite fresco é considerado um sacrilégio.
Ao contrário de outras grandes cidades como os Nova Iorque, Berlin ou mesmo Londres, que oferecem uma lista longa de restaurantes, lojas e de produtos especializados, Paris ainda está se adaptando a esse público, mas a tendência é se tornar uma cidade cada vez mais démocrática, considerando que as opções de restaurantes e de produtos estão aumentando, assim também comos os preços estão se tornando mais acessíveis.
2 Comments
Oi Amy, adorei teu post!!!
Sou vegetariana há alguns anos e e meu noivo tb, ele é francês e eu sou brasileira. Fomos para a França em um casamento em maio e não pudemos comer os aperitivos, somente no jantar (pois os noivos colocaram opção veg). Agora vamos no natal e já estou louca pra visitar esses lugares que tu sugeriu!!
Obrigada pelas dicas!!
Beijos!!
Oi Helena, que bom ques as dicas foram úteis pra você! Fico feliz, sei como é difícil achar opções vegetarianas e acima de tudo, boas!
Obrigada por acompanhar o BPM 🙂
Beijos