Parece que foi ontem, mas já fez um ano. A música do Ira reflete muito de tudo isso. Apenas um ano e parece que envelheci tanto… Amadureci?
Pouco mais de trezentos e sessenta e cinco dias que enfiei tudo que tinha num container de navio e parti de volta para o Brasil.
No princípio me senti sufocada, traída pela vida e muito amendrontada. Não porque não quisesse voltar ou porque não amasse o meu país. Eu sou louca pelo Brasil. Super me identifico com um desses “teasers” do Facebook que diz: Eu não escolhi nascer no Brasil, eu tive esse privilégio!
É isso mesmo, o Brasil é um país lindo, de gente generosa e de uma riqueza cultural de fazer qualquer outra potência do mundo morrer de inveja. O problema é que eu não estava pronta.
Os planos eram de ficar pela Ásia por mais uns 4 anos e depois mais um ano na Europa e por fim a África. Com isso eu teria tempo de aprender francês, aperfeiçoar meu inglês e defender a minha tese. Teria também um tempo mais para contemplar a vida, já que para mim tudo foi tão rápido e intenso que eu não tive a oportunidade de vivenciar diversas coisas que pra alguns são tão comuns e para mim sempre foram tão distantes.
Comecei a trabalhar com uns 14 anos, e também sempre estudei feito louca – Aos 17 estudava magistério de manhã, fazia estágio à tarde e faculdade de educação artística de noite. Eu ainda tive uma vida louca de militância e mais à dedicação à dança que nunca me deixaram ter tempo para uma vida mais tranquila. Até morar fora eu nunca tinha tido tempo para viajar, pintar, curtir com as amigas.
A Ásia tem uma outra velocidade, um outro tempo de viver. E se no começo isso me deixava enervada – estamos falando de uma autêntica garota paulistana – com o tempo eu aprendi que há diversas maneiras de encarar a vida, e contemplar os dias apesar do corre corre da vida, é uma forma de viver tão legítima como qualquer outra. Hoje sinto falta dessa contemplação.
De um modo ou de outro, há um sentimento esquizofrênico dentro de mim, e tenho observado que quanto mais convivo com mulheres expatriadas como eu, mas percebo como essa sensação de querer estar “dentro e fora da água” é comum a todas nós.
Longe de casa eu sentia falta de tudo daqui, da comida, da paisagem, do povo, e agora que estou aqui sinto falta da comida, da paisagem e do povo da Ásia. É como se não houvesse mais um porto, a viagem e o destino se fundissem em uma coisa só.
É fato que muitos dos meus medos não se concretizaram. Fiz amigos rapidamente, arranjei um trabalho que amo, a Khadija está feliz na escola e eu confesso que me adaptei mais rápido do que imaginava, mas por outro lado é como se houvesse um luto, uma perda, uma sensação de tristeza de algo que não voltará.
Ao chegar ao Brasil prometi a mim mesma que em seis meses visitaria meus amigos em Hanoi, depois extendi esses planos para um ano e agora para um ano e meio. E sabe? Tanta gente está partindo que tenho medo de ao chegar lá não encontrar mais nada do que deixei para trás.
Exatamente como aconteceu com o Brasil… “nada ficou no lugar” eu poderia cantar.
O fato é que você nunca se banha no mesmo rio duas vezes, as águas correm e o rio é outro.
Não encontrei o mesmo Brasil, que deixei e tremo a pensar que a “minha” Ásia talvez não esteja mais lá quando eu voltar. Mas o que mais me amedronta de tudo é a possibilidade de nunca mais cruzar os mares em busca de outros sonhos.
Confesso que tenho sentimentos difusos e confusos. Tenho hoje a maior vontade de me fixar, de criar raízes e abraçar o Brasil com a força de quem nunca mais partirá, mas ao mesmo tempo, tenho a bendita síndrome do eterno viajante.
Recentemente assisti a um vídeo que trata do assunto e pude me ver ali escancarada no relato da espanhola que viaja pelo mundo e não consegue parar, mas me senti ainda mais representada nas palavras de minha amiga Izis, uma ex-expatriada como eu (isso existe?) que disse que depois de dois anos parada no Brasil sente-se como tivesse âncoras nos pés.
Creio que esse seja o desafio emocional-espiritual que nenhum divã do mundo poderá solucionar. A luta interior entre o desejo de criar raízes e a vontade de ganhar o mundo.
68 Comments
Adorei seu texto, Fabi! E acho que a frase que vc escreveu, “nunca se banha no mesmo rio duas vezes” deveria ser lembrada por nos todos os dias…..em tudo….nos lugares que vivemos, nos momentos que passam e que nao poderao mais ser revisitados um dia! Nao da mesma forma! Mas na loucura do momento, nao nos damos conta…..acho que ando na crise da “meia idade” pois fico querendo “slow down” cada momento vivido! Beijos!
Querida, acho que a necessidade de slow down vai além da crise de meia idade…rs é uma necessidade da humanidade que anda correndo mais do que deve 🙂
Obrigada pelo carinho bjs
Que lindo, Fabi. Adorei o texto, você conseguiu expressar muito bem esse sentimento de ex-expatriada.
Beijos
que bom, que você se identificou…essa coisa de exílio acaba nos unindo em sentiment e alma, né?
bjs
Oi! Adorei o teu texto, a tua resumida história (porque com certeza a tua história é maior do que a publicada aqui). Eu também vivo este dilema, o de querer viajar e ao mesmo tempo criar raízes. São dois desejos tão antagônicos que a cabeça e o coração chegam a doer. A diferença é que ainda não fiz a viagem definitiva de volta – e ainda não sei se a farei. Continuo na Europa, e já são 10 anos fora da Terra Brasilis. Com quantos anos tu foste pra Ásia? Já estive em Hanói e adorei! O que tu fazias lá?
Um abraço.
Cíntia
Oi querida, meu marido trabalhava na ONU e por isso passamos algum tempo na Ásia. Indonésia, Filipinas e Vietnam. Não se preocupe que a vida preparará sua volta com muito carinho. Complicado é aprender a desapegar do espírito de aventureira rs
bjs e obrigada por comentar
Compartilho do mesmo sentimento, costumo dizer que depois que saímos do Brasil pra viver em qualquer lugar do mundo, perdemos nossa sensação de “aqui é meu lugar” .Vivo a sete anos nos estados unidos,quando estou aqui sinto falta do Brasil, quando estou no Brasil sinto falta de tudo aqui.Penso que hoje se me mudasse pra França ou Japão ,África ou Groenlândia, não importa onde, teria dentro de mim o mesmo sentimento de já não pertenço a lugar nenhum e lugar algum me pertence…
Eu diria que no meu íntimo , o que sinto é que eu não pertenço a lugar nenhum, mas todos os lugares me pertencem rs…de qualquer modo você tem razão. Esse sentimento nunca sairá de nós…Imagino que o céu seja um lugar onde eu possa flanar de um lugar a outro na velocidade do pensamento 🙂
obrigada por comentar, querida, bjs
Ah meu amor, engraçado como eu me identifico e não me identifico com os seus sentimentos. Nunca tive vontade de voltar a morar no Brasil. Sinto saudade das pessoas, gosto de visita-las, mas sei que meu lugar é na estrada.
Esse “banzo’ eu sinto pelo oriente Médio. Terra que ganhou meu coração. Mas também tenho medo de voltar, mesmo que a passeio, por que sei que a Terra que deixei para trás não é a mesma que trago no coração. e que uma semana, um mês, não vão trazer de volta o que eu mais sinto saudade – o meu dia a dia em Bahrain.
Das pessoas que eu deixei por lá, poucas ficaram. Uma está na Malásia, outra na Armenia, várias se espalharam pela Europa e algumas foram para Dubai. A vida de expatriado é assim, você se solta ao vento e sabe que esse vendaval vai causar incriveis encontros e dolosoras separações na sua vida.
Obrigada por você ter vindo como uma brisa suave na minha vida, e ter ficado por tanto tempo! Amo você, irmãzinha.
Eu só queria um lugar onde a gente pudesse abrir a porta e se reencontrar sempre que quisesse. O negócio é pensar nos incríveis encontros e relativizar as dolorosas separações
Te amo demais
Lindo lindo! O texto e as fotos! Que fofa a Dija com o Elmo! Amei! Um beijao enorme pra vcs!
Saudade querida, quando você passa pelo Brasil? ou Vou ter que ir aí pra beijar os meus sobrinhos?
bjs flor
Lindo texto Fabi. Que bom que está de volta. O Brasil mudou, você mudou e eu também. Estamos bem melhores!!! Quero te ver antes de mais uma crise da tal síndrome do eterno viajante, hein? Bj cheio de saudade!! 😉
Certamente mudamos, mas o que me fez ficar encantada por você, pelo jeito segue grudado na sua alma inquieta e rebelde. Uma das coisas boas de voltar pra casa é reencontrar gente querida…até breve, se Deus quiser! bjs
Quase chorei, saudade da Ásia e de vc tb! Lindo texto, tem vezes que a âncora vai vencer, mas há esperança enquanto houver asas e fadas tem asas 🙂
Suas duas linhas foram suficientes para me deixar em prantos, né?
É preciso um esforço diário quase hercúleo, para que eu não me esqueça de que ainda tenho as tais asas.
As âncoras não podem vencer, e você quando voará pra cá?
que lindo fabi, adorei..!! bjs
Terima Kasih Baniak Ibu Ilah! Aku cinta Asia sekali karena ada orang orang sepertimu 🙂
Que lindo, Fabi! Fico honrada em fazer parte da tua história! Eu sinto absolutamente a mesma coisa em relação aos lugares que já morei, principalmente Hanói, por ser tão distante da nossa realidade, tão diferente e encantador, em todos os aspectos; e olha que foram apenas 6 meses! Achei que fosse a única com este sentimento indefinido de não querer sair do Brasil e, ao mesmo tempo, com uma vontade louca de voltar a viver do outro lado do planeta! Que loucura, né? Realmente, como descrevestes tão bem, a sensação é de luto, de perda, de uma saudade que fere nossa alma… O lado bom é que as amizades verdadeiras não morrem, não perecem! No nosso caso, o que nasceu no Vietnã veio pro Brasil conosco: o carinho e a admiração profunda que temos uma pela outra! Te adoro, minha amiga! Obrigada por lembrar de mim ao publicar algo tão belo e verdadeiro!
Como não lembrar de alguém tão doce?
Muito obrigada pelo carinho e por ainda fazer parte da minha vida, ainda que à distância 🙂
Muito lindo o texto e as fotos! Amei!! Qta saudades!
saudade também! quando nos encontraremos de novo?
Que máximo amiga!! Amei seu texto. E entendo muito as suas questões. mas tenho certeza mais que absoluta que tudo acontece por uma razão maior e melhor. De repente pq a Baby Dija precisa criar essa raiz com o Brasil, de repente pq algo melhor e maior surgirá como fruto de alguns anos no Brasil, não sabemos ao certo a razão. Mas a certeza eu tenho. Vc ainda viajará muitooo esse mundo é achará muitos cantinhos do qual sentirá falta.
É meu amor…os frutos eu até já enxergo, mas a alma rebelde às vezes é um pouco egoísta rs…saudade master! LOuca pra te rever! bjs bjs
Delícia de texto! E acredite, ainda há muito a ser feito. bjs.
Muito obrigada querido, pra falar a verdade, rebeldias à parte, creio que há muito a ser feito sim e isso é o que dá esperança 🙂
UaaauuU!! =D Que fotos!!! QUe aventura!
Tomara que a próxima Aventura a gente possa fazer juntos! Vou te levar pra tomar cerveja em Hoam Kien hahahah
Lindo texto, deu pra sentir sua emoção do início ao fim…Em qualquer lugar do mundo vc estará sempre inspirando gente e levando sua forma única de enxergar o mundo e ajudar o povo. bjs no coração
Ah querida, muito obrigada pelo carinho de sempre
é um conforto ter alguém como você “por perto” :))
bjs
Nossa Fabi, me vi nessas tuas palavras, me sinto exatamente assim, e olha que fiquei só ano e mio na Ásia.
Mauritani, tempo é uma coisa tão relativa, certamente você ficou por lá tempo suficiente para ser tocada né?
Ah Fabi, quanto orgulho de ti! Em pensar que pouco antes da tua partida, você esteve na mira de minhas lentes… Conheci uma Fabi despojada e linda… e acho que cheia de sonhos à concretizar. Lembro ainda quando me destes a notícia que iria ajudar pessoas que estavam precisando, pois um Tsunami acabará com a vida de muitos, e muitos ficaram orfãs, e os que restaram, precisavam de uma alma digna, pura, gentil, carinhosa, solidária… E eu fiquei a imaginar, como seria EU no seu lugar?… Aguentaria ver o que você presenciou? Conseguiria EU, ficar longe dos meus, para cuidar de quem nunca meus olhos pousaram?…
Quanto desprendimento minha querida… e hoje lendo esse texto maravilhoso, bem redigido, escrito em alinhamento perfeito entre corpo, alma e espírito, tudo em harmonia… Sim, pode ser que leve mais que ano e meio à voltar, porém, quando lá retornar, pode ser que nem encontre tudo como deixastes, mas lá estará cravado em todos os cantos da Ásia momentos inesquecíveis e inexplicáveis, pois só DEUS pra nos provar o verdadeiro sentido que nos leva a tomar decisões que nossa razão desconhece. Parabéns minha amiga, mesmo de longe você sempre se preocupou em dar uma palavrinha ou um cafuné distante, que tocava nossos corações. Sou Feliz e Agradeço à ELE por colocar pessoas humanas, sensatas para colaborar um pouquinho que seja com o bem de todos nós. Afinal somos todos irmãos! Você é simplesmente, Sensacional! Saudade!!! Bjs Angel
DEvia tyer orgulho de você mesma, porque suas lentes ajudaram a revelar e libertar tudo isso. Carinho eterno por você! bjs
Adorei a descrição. Muito verdade, estou de volta depois de 30 anos fora e não consigo me adaptar, mesmo depois de quatro anos, mas, ao mesmo tempo não me vejo na mesma vida que tive na Inglaterra porque seria uma vida diferente. Ao mesmo tempo, não me vejo no Brasil a longo termo. Uma vez ex patriada, sempre ex patriada. Todo lugar te pertence e nenhum te pertence’
Meu Deus! Não consigo me imaginar voltando depois de 30 anos. O fato é que você tem 100% de razão. Uma vez expatriada sempre expatriada, é um exílio que carregamos pra sempre
Adorei! Me sinto exatamente igual… E depois de 1 ano na Australia, voltei pro Brasil (SP) por 3 anos e meio e em Janeiro estou de partida novamente… É vida que segue, é a sindrome do viajante que graças a Deus nao nos deixa!
Boa sorte de volta no Brasil!
Bjs 😉
Ai que inveja!! Tá indo pra onde?? Tomara que pra mim também não passe de 3 anos!! Rodinha nos pés! rs :)))
Pois é, Fabi, esse negócio de querer viver dentro e fora d’água é mesmo complicado! Recomendo (mil vezes) o livro “The Global Soul”, do Pico Iyer. 🙂
Vou tentar achar o livro, você não é a primeira que fala sobre ele. Mas e aí? quando vem ao Brasil?
Lindo texto realmente creio que todos expatriados compartem o mesmo sentimento que você soube expressar da melhor maneira. Parabéns!
Lindo querida! Vou mostrar pro Meu filho Gustavo. Acho que ele vai se identificar com seus sentimentos .
Muito bem colocado Fabi! Somos como diz meu marido, “displaced person”.
Há de se ter talento para tanto. Vivemos tão intensamente cada lugar onde estamos, que eh como se pertenccessemos ali. Por outro lado sofremos da síndrome das raízes. Temos medo de ficar para sempre.
Precisamos descobrir e buscar novos desafios. Faz parte da natureza de gente como a gente.
Beijos
Parabéns pelo texto, Fabi. Eu não saberia descrever tão bem em palavras esse sentimento de ir-e-vir.
Ai Fabi que texto mais lindo!!
Sabe quando você fala que se prometeu visitar os amigos em 6 meses, eu te entendo perfeitamente, e dá medo mesmo de voltar e nada estar no lugar, nada ser como antes, dói demais, né?! Acho que por isso temos sempre que aproveitar ao máximo,dizer as pessoas que as amamos, porque daqui a pouco…já passou!
Bisous!!
Ai, Fabi… deve ser um sentimento muito estranho, mesmo. Angustiante até pra quem te lê (eu)!
Mas prefiro focar nas fotos tãaaaaaao lindas que você escolheu pra ilustrar o post. Elas revelam sua memória, e suas experiências. Ouso dizer: dê um passo de cada vez. Não se angustie pelo futuro… e se jogue numa terapia (inda que auto-terapia – isso existe?) para conviver com asas e âncoras!!!
Beijo enorme, querida!!!
Adorei seu texto. Imagino como sejam esses sentimentos contraditórios. Eu os sinto. Estou na Itália há 4 anos e meio com data de volta programada pro Brasil, sem ter a mínima vontade, na real. Por conta da realização do meu sonho em me doutorar, tenho a obrigação de voltar para o Brasil ao me formar, por ser financiada por um projeto brasileiro. Ainda tenho tanta coisa a fazer aqui, conhecer, explorar, viver, que fico com medo do tempo passar rápido demais. O medo também não é só esse. É chegar num Brasil que não conheço mais, amigos que não são mais os mesmos, vida que não será mais a mesma. Mas o que posso fazer é enfrentar com otimismo, e enquanto isso, ir vivendo um dia de cada vez. Beijo.
Texto de boa qualidade e expressão. Parabens eterna vizinha. Muitas saudades de vocês. Bjss
Que interessante, Fabi… Essa questão da identidade…. Ecletismo…. Metamorfose….movimento….por que a angústia, se a alma é nômade, com interesses plurais, identificações múltiplas? Me lembra uma frase do Oswald de Andrade que foi meu mantra muito tempo: “sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta”… O percurso é esse: sua Pátria, Fabi, pelo que te conheço, é o AMOR. Se geopoliticamente ele está na Ásia, nas Américas, é detalhe. Seu entusiasmo (Deus dentro de si) e força escomunais carimbam seu passaporte como “VIP do mundo”. Seu lugar e suas raízes estão… No Globo… E tudo muda, porque o seu olhar muda todo o tempo…. Beijo!!!!
Fabi que lindo o texto. Sua descrição da vida, das dúvidas, de tudo que sente falta… Me identifiquei em vários trechos e senti sua emoção. Realmente é como você escreveu a gente” nunca se banha no mesmo rio duas vezes, as águas correm e o rio é outro.” Isso é marcante, amedrontador e também uma oportunidade linda… Toda vez que volto para uma terra que deixei parta da minha história, me sinto feliz por retornar e triste por não reencontrar as mesmas coisas e até pessoas… Parece que a vida é um constante adeus… Porém, também uma nova chance… Você é um ser iluminado! A Khadija está linda e você deslumbrante. Beijos
“li, reli, tornei a ler e ainda lerei vezes mais…. incrível… é simplesmente uma sínteze de tudo o que eu queria ter escrito ou dito um dia, mas com toda a certeza eu nunca teria tido a capacidade de expressar com tanta maestria como você expressou a construção de um sonho, do seu sonho e das tuas experiências, e que, também [de certa forma] estes teus sonhos fundiram-se aos meus sonhos… mas sei que tua experiência na Ásia é incomparavelmente e gigantescamente mais intensa do que a experiência que eu tive… (e experiência esta que ainda ouso a ter) digo “ouso” pois, também com as minhas enormes dificuldades e barreiras fui obrigado a guardar a Ásia (mais precisamente o Vietnã) dentro de mim. e pobre de mim, todos os dias eu abro esta “caixa de pandora” onde guardo este meu mais terno sonho e viajo sem sair do lugar… [tristeza comparável à de Colombo na sua impossibilidade de retornar às Américas]… e com um certo esforço ao fechar os meus olhos ainda consigo e tento vislumbrar os campos de arroz [vastos], ou a agitação e os cheiros de Saigon, suas praças, seu povo, sua música e também UM AMOR… [triste]…por vezes penso que morri exatamente naquele momento em que pisei no aeroporto Tan Son Nhat em Saigon em um triste e solitário domingo de abril [e lá pensei]: será esta a última vez André ? será ?… cheguei na conexão em Dubai sem alma… só lágrimas…e ainda as tenho… ! mas este fantasma ainda guarda os sonhos em uma caixa e ele a abre todos os dias, e assim tenta [mesmo que em pequenos vislumbres] continuar sonhando …. e eu espero que uma pequena palavra sirva pra resumir tudo o que eu quero dizer, e esta palavra é: muito obrigado por tuas linhas Fabi, obrigado por de certa forma ter transformado tudo aquilo que eu queria e gostaria de ter escrito ou dito, mas não o fiz. As tuas linhas são como um mapa, a tradução [também] dos meus sonhos…obrigado, eternamente por compartilhar !”
Sentimento partilhado sim, Fabiana. “Mas por outro lado é como se houvesse um luto, uma perda, uma sensação de tristeza de algo que não voltará”, essa frase me chamou atencao pois foi assim que me senti por muito tempo. Somente acalmei minha alma quando finalmente percebi e aceitei que nenhuma experiencia passada e’ uma perda, muito pelo contrario, esta viva dentro de nos e se manifesta todos os dias. Isso e’ motivo de alegria! Saudades sim, tristeza nao, porque sempre havera novas oportunidades nas nossas vidas, nao importa onde estejamos. E que os sonhos nunca acabem! beijos!
Que texto lindo:’/… e que bom ler tuas palvras Regina!! Transmitindo, ou melhor lidando com positividade essa ” dura” e estranha sensaçao de ser uma expatriada,, 10 anos morei na Italia, e esse ano foi meu primeiro de volta a terra brasilis,,, nao estava preparada… e o que passou..passou …ruim è a gde distancia q nos separam de um lugar ao outro e de se reencontrar totalmente mudada … !!
Parabéns, Fabi!!! Tudo o que você escreveu, ou melhor dito traduziu, sobre sentimentos e sensações em forma de palavras é algo ímpar. A começos de 79, com a volta dos exilados ao Brasil no início da abertura, fui ao Tuca (PUC/SP) em Sampa, assistir uma palestra do grande Paulo Freire. Ovacionado e com o auditório “cheio até a tampa”, ele disse que não falaria sobre questões outras e sim sobre o que sentiu, durante tantos anos, fora do pais. Paulo Freire discursou durante uma hora aproximadamente, como ele mesmo afirmou, sobre a saudade que sentiu do cheiro, da comida, das pessoas, dos sentimentos e da forma, nossa, de ver o mundo. Foi maravilhoso!!! Do mesmo jeito que aconteceu quando li tudo o que você escreveu. Ninguém nasce sensível; A sensibilidade é produto da carga de informação que a gente carrega consigo. Sem exagero algum, você é profundamente sensível porque consegue enxergar e interpretar o mundo a partir de visões diferentes; visões essas que fazem com que o nosso planeta exista e gire. Isso é uma profunda e singular sensibilidade que você possui. Ou, como diria Pablo Neruda, “confieso que he vivido”. Um beijo grande e meu afeto para todos os teus
Que lindo Fabi !!! fiquei muito emocionada ao ler seu texto, porque assim como vc meus 3 filhos ganharam o mundo em busca de conhecimento, oportunidades, vivencia, aventura e principalmente do desconhecido, afinal isso que nos move todos os dias. Estou me preparando para ir tambem, e lendo seu texto consigo imaginar todas as emoções pelas quais passarei quando me for. Estou muito curiosa de saber a maneira que vou enfrentar todas elas , e acredito que só vivenciando-as me conhecerei um pouco mais, sempre abrindo minha alma para o aprendizado que isso me trará. Não sei como será deixar meu Brasil, mas vou com o coração aberto e a certeza que poderei voltar sim um dia …. quem sabe…..
Como sempre Fabi vc escreve lindamente….sentimentos compartilhados. Bjs
Lindo e emocionante seu “desabafo” minha querida Fabi Mesquita…me identifico em algumas colocações, com as devidas proporções,meu expatriamento é regional……e o tempo passa….tudo muda….tem voltas que não voltam….e assim vamos caminhando..deixando nossas marcas para poder voltar….bj querida 🙂
Fabi Mesquita quando nasci já nasci idosa, por tantas coisas que passei desde meus quatro anos. Mas não reclamo de nada, só tenho a agradecer ter ficado mais idosa ainda pois assim eu sei que vou ultrapassando meus anos para chegar as minhas outras metas futuras. Amo voce e todo o seu trabalho.
Tão lindo esse texto
Fabi Mesquita, esse artigo é muito ilustrativo do que sinto desde que voltei da Ásia.Uma saudade só!!Gostei muito do que você escreveu, das fotos. Que intensidade de vida você teve na Ásia, né?
Fabi, fico imaginando as lembranças e sensações que vc carrega na cabeça e no coração. Ter duas pátrias tão ricas de cultura e de povo, cada uma à sua maneira, deve dar muita saudade e muita felicidade, hehe. Saudades suas! Beijão
Teu texto é cosmopolitana e contemporâneo!!!! Só entende isso quem enxerga o mundo como uma extensão do próprio lar, sem as fronteiras impostas pela sociedade “moderna”. Só entende isso quem considera todos os povos como irmãos. Diferentes, mas irmãos… Parabéns!!!!
Obrigada querido, é exatamente isso, o mundo todo é nossa casa…como diria maiakowski
que a familia se transforme: que o pai, seja pelo menos o universe, e a mãe, seja no mínimo a Terrra
Pois é….todos temos os nossos tempos. Se você voltou ao Brasil é porque a continuação da tua missão é nesse país maravilhoso que tanto precisa de gente assim, com outra velocidade, com outros valores…
Sei o que é sair, entrar, encaixotar, minimizar a saudade, compreender e aceitar as diferenças, conviver com a distância dos que nos foram queridos e amados mas que já não estão nesta terra..sem conseguirmos nos despedir como queríamos..
Mas temos um caminho importante a percorrer, o caminho da bondade, da doação, da sabedoria e do conhecimento, do amor incondicional ao ser humano,
Agradeço ter- te reencontrado querida Fabi, conhecer e acompanhar o teu percurso de vida tem sido
maravilhoso!
O crescimento espiritual não é passível de dor, mas é tão maravilhosamente recompensado que vale muito a pena….continue a trilhar seu caminho!
Com amor
Gláucia
Fabi Mesquita, fiquei tocada com as suas palavras. Pareciam roubadas da minha própria garganta. Pareciam conhecer o meu coração cheio de saudade de tudo que vivi na Ásia, mas que não há como recuperar, pelo menos não do mesmo modo. O mais importante é recriar o que havia de importante, como a contemplação, por exemplo, e trazê-la para nosso dia-a-dia. Sigo assim, conectada às minhas memórias por meio da pintura, das músicas, dos cheiros, da gastronomia, do meu indonésio já tão enferrujado… das amigas, que como você, fazem-nos sentir tão iguais.
O fato é que nessas hgoras, a arte nos salva, né amiga?
Cada texto melhor que outro… Mais e mais plsssssss
Que saudade, comandante! Precisamos escrevfer mais algumas histórias juntos! rs