Morar em Malta: por que não?
Minha história se assemelha à de milhares de outras mulheres inquietas e que acreditam que podem, sim, voar, mesmo que seja através das asas de um avião. Autêntica e corajosa desde o primeiro tombo, não podia acreditar que o mundo pudesse se restringir a uma pequena cidade do interior de São Paulo com 230 mil habitantes. Foi então que decidi saltar pela primeira vez, e olha que comecei alto: aos 17 anos de idade, caí na capital. E foi um salto perfeito! Desalinhado, diverso e enérgico.
Em 20 anos de São Paulo, passei por muitas mudanças: trabalho, carreira, apartamentos, relacionamentos e amigos. Para alguém que não se satisfaz com o óbvio, nada mais previsível. Na sua imensidão cinzenta e cheia de ruídos, buscava abrigo pelo mundo.
Foi então que realizei a minha primeira viagem internacional aos 20 anos de idade e desde então não mais parei. As férias não se faziam dignas sem aquele mergulho no Caribe, ou um “mochilaço” na Europa, ou mesmo nos deliciosos tours de vinho pela América do Sul.
Ensaiei muito, degustando países e continentes inteiros para enfim, aos 38 anos, com carreira sólida e estável, e com um treino massivo de desprendimento, largar tudo e me aventurar de vez.
Sou neuropsicóloga e perdidamente apaixonada pela profissão, com muito estudo e experiência na área, aprendi ouvindo milhares de jogadores, que o melhor momento de parar (ou descansar) é quando se está no auge do reconhecimento. Verdade ou não, aqui estou em Malta!
O que a maioria dos brasileiros sabem desse pequeno país, com apenas 316 km² e aproximadamente 450 mil habitantes é que, quando temos a sorte de o encontrar em algum mapa, é apenas um pontinho ao sul da Itália. Justamente isso – quase nada. Lamentavelmente, os poucos que arriscam um palpite sempre iniciam com um: “fica na Itália, né?”.
Não, senhores, Malta é um país independente, localizado no magnífico e colorido mar Mediterrâneo e que ao longo de sua história foi governado por diferentes países e culturas até que, em 1964, se tornou independente do Reino Unido, vindo a se tornar república 10 anos depois. Ou seja, trata-se de um país relativamente novo, mas com uma história de vida longínqua e robusta.
Já que é assim tão minúsculo, porque foi essa a minha escolha? Primeiro, pelo continente; sou uma fã incondicional do Velho Mundo. Depois, pela língua; apesar de o oficial ser o maltês, que mistura o árabe, o latim e o italiano, o país mantém o inglês como co-língua oficial; e por fim, pelo agradável clima, sol, mar, brisa e invernos não tão rígidos.
Estou aqui há 5 meses e posso garantir que já conheço uma grande parte da ilha, até porque podemos ir de uma extremidade a outra em um pouco mais de 2 horas. É surreal para alguém que levava o mesmo tempo para ir ao trabalho percorrendo uma distância de 20 km.
Malta é formada por três ilhas: Gozo, Comino e Malta, sendo esta a maior e mais populosa. A ilha de Malta está habitada desde cerca de 5.200 a.C., sendo seus primeiros achados arqueológicos datados de 3.500 a.C.. Por ser um ponto estratégico para o comércio intercontinental, o país carrega em seu DNA genes das mais diversas nacionalidades.
Seu legado histórico, único no Mediterrâneo, se reflete na arquitetura e coleções nacionais do país. Existem muitas áreas de patrimônio e da cultura a ser exploradas na ilha: O Grand Master’s Palace, com obras primas datadas do século 15; a Sacra Infermeria, que atualmente abriga um centro de conferências totalmente equipado; e o St. James Centre for Criativity, uma fortificação soberbamente restaurada, onde obras de arte contemporânea estão expostas, são alguns exemplos. Nesses edifícios, passado e presente se misturam em uma lição duradoura e admirável na arte de viver.
País extremamente católico, onde é possível visitar uma igreja/capela por dia (conta-se em torno de 365), preserva integralmente as festas religiosas que, por sinal, são o diferencial da ilha. Toda semana é possível admirar as luzes, as procissões, os símbolos sacros e, é claro, os fogos de artifício, outra paixão e especialidade maltesa.
A capital, Valeta, é um capítulo à parte. Entre muros e fortes, abriga cultura, arte, arquitetura e muita história entre seus edifícios barrocos, lojas, belos restaurantes e bares, sem contar os jardins. Arrisco dizer que é meu lugar favorito na ilhota.
Reduto dos jovens italianos e espanhóis, sem contar os turcos e russos, Malta honra o estilo “vida loca”. A vida noturna, que começa por volta da 24 horas, literalmente ferve. Onde? Paceville! Shots e mais shots, música latina, sensualidade e muita “azaração” escadaria afora (e adentro).
As demais principais ilhas do arquipélago são ainda mais fabulosas, tendo servido de cenário para vários filmes e séries como A lagoa azul (Blue Lagoon); Comino e Azure Window, em Gozo, são pontos obrigatórios.
Por fim, as belas e paradisíacas praias maltesas, ou melhor, o chamariz (suspiro!). É indescritível a transparência dessas águas. Só por isso, já valeu a pena a minha escolha dessa nova vida.
Os nomes das praias já se traduzem: Paradise Bay, Pretty Bay, Golden Bay… Seja a praia de rocha, pedra artificial ou areia, aqui você certamente encontrará o seu mar ideal.
Aos que ainda me perguntam “por que Malta”, respondo: recentemente a ilha foi eleita o segundo melhor país para um estrangeiro viver, segundo pesquisa recente feita pelo Internations, rede de expatriados internacional.
26 Comments
Parabéns Ma , adorei a matéria muito esclarecedora só de ler da muita vontade de conhecer este paraíso!!! Bjss
Parabéns pela matéria! Como expatriada também, me identifiquei muito com o texto! Desapego, coragem e resiliência são fundamentais para construir. Uma vida fora de seu país!
Que interessante lugar pra se viver, nunca tinha pensado em Malta !! Parabéns pelo texto, Malta parece ser um lugar único, e lendo a respeito me surgiu uma dúvida … pra se viver aí, as possibilidades são as mesmas das dos outros países, que seria através de um visto de trabalho, cônjuge, estudante etc ?
Olá Isabela, muito obrigada pelo positivo comentário. Sobre seu questionamento, Malta se assemelha a alguns outros países da Europa no quesito trabalho legal. Aqui, diferente da Irlanda por exemplo, os brasileiros, sem passaporte europeu, apenas podem trabalhar legalmente com o Work Permit da empresa. Sinceramente, não é algo fácil de se obter. Além de ser burocrático, sendo necessário uma forte alegação da empresa para contratar o funcionário estrangeiro, o valor anual a ser pago ao Governo Maltes é alto. Assim, apenas grandes companhias se arriscam a emitir o Work Permit. Agora, se você possui passaporte europeu, além de melhores e maiores oportunidades, não há muitas exigências legais.
Espero ter esclarecido. Qualquer duvida, estou a disposição.
Parabéns Marcela!! Adorei seu texto, aula de história e muita sensibilidade para escrever. Felicito-a também pela coragem e ousadia.
Abraços
Parabéns pela matêria. Eu ja fui a Malta a dois anos, mas tive o azar de pegar uma semana de chuva e mar revolto, onde não pude sequer fazer passeios de barco. Foi muito frustante. Final de novembro vou fazer a travessia italia/brasil e a primeira parada sera em Malta????????No segundo semestre de 2017 quero fazer um curso de ingles e assim, poder realmente curtir esse pequeno país tao lindo❤️❤️❤️
Marcela, parabéns por tudo! Pelo teu relato, pelo teu lindo texto, pela escolha de Malta. Pretendo passar um tempo aí no ano que vem. Ajudeste a minimizar alguns temores de ir sozinha. Felicidades e Gratidão. Quem sabe de vejo aí em 2017.
Parabéns pelo belo texto, você tem o dom de colocar em palavras a energia e particularidade de cada lugar que visita, espero próximas matérias para conseguir viajar ao lugares com as suas palavras!!
Ola Marcela, td bem?
Adorei a materia! Estou querendo ir morar em Malta em 2017, jah morei na Irlanda e Italia. Serah que podemos nos falar melhor para eu tirar umas duvidas com vc sobre Malta? Facebook ou whatsapp?
Obrigada!
Juliana
Olá Juliana, tudo bem e você? Meu facebook é Marcela Bueno. Me manda uma mensagem inbox que iniciamos uma conversa, com certeza. Obrigada! Abraços
Parabéns Irmanzinha, magnifico texto! que venham outros tantos, pois é sempre muito bom poder ouvir e ou ler suas aventuras e experiências!! Parabéns e Sucesso sempre!! Beijão
Marcela, qual é o melhor lugar para morar em Malta? Super tkss!
Olá Juliana,
Isto depende muito dos seus objetivos na ilha. Se for para estudar ou ficar em uma região mais badalada e com os maiores e melhores comércios, sigo ST. Julians ou Sliema. Swieqi também é próximo a essas duas cidades e bem centralizada, porém mais familiar e tranquila, o que me agrada mais. Agora, se quer um custo mais barato vá a Gzira ou Msida, caso praia próximo seja essencial, ou a cidades mais no interior da ilha. Ao norte também há cidades agradáveis e com um custo menor, porém mais distantes dos “grandes” polos, como St.Paul, Bugibba ou Mehliha.
Olá Marcela,
Eu sou um português a viver no Brasil. Estou casado com uma brasileira e tenho uma hamburgueria.
Nós estamos a querer voltar para a europa para que eu fique mais perto dos meus filhotes. Recentemente fomos alertados para Malta.
Estamos a investigar um pouco mas tenho tido dificuldades para encontrar uma visão de malta sobre o ponto de vista comercial/restaurante/hamburgaria.
Como você vive aí e por certo já saiu várias vezes para comer à noite, o que me diz sobre esses tipos de restaurante? Tem consumidores? Mais ao almoço ou ao jantar? mais ao fim de semana ou durante toda a semana? São estrangeiros (turistas) que consomem ou os locais também? O poder de compra do Maltês é razoável? qual o point para abrir uma hamburgueria que vc acha seria melhor?
sinta-se confortável para fazer qualquer sugestão. Eu agradecia muito o seu ponto de vista.
Olá Pedro, tudo bem?
Malta, por ser um pais totalmente turístico durante todo o ano, abrange uma grande quantidade de restaurante, principalmente nas cidades mais populares como St. Julians e Sliema. Sobre hamburgueria mais especificamente, há as grandes redes americanas (Mc Donalds e Burguer King), além de duas outras bem famosas como NY e Hugos Burguer, além de outras menores e espaldas pelo pais.
Quanto aos horários, creo que não há muita diferença entre almoço e jantar, ainda mais se os restaurantes se encontram próximos ao comércio, cinemas e lojas, e também cerca das escolas de idiomas, que claro, se concentram em St. Julians (Paceville).
Demanda para isso acredito que existe, e não so para estrangeiros, porque os malteses apreciam “fast foods”e se há um diferencial, perfeito, até porque não há tanta diversidade.
Agora, antes disso, sugiro que de uma olhada nas regulações para abrir um restaurante em Malta, porque pelo que sei, não é muito simples.
Qualquer informação suplementar, estou a disposição.
Boa sorte. Abraços,
Marcela
Olá Marcela parabéns pelo blog adorei.eu e meu marido estamos planejando ficar 2 meses em Malta, só por experiência não vamos trabalhar gostaria de alugar um apto de 1 quarto, com possi fazer pq pelos sites de temporada fica muito caro pq é diária, não consigo achar nada na internet. Obrigada Martha
Olá Martha, obrigada!
Realmente sites de temporada não é a melhor opção para prazos de estadia mais longos…
Há um grupo de Brasileiros em Malta no facebook que pode te ajudar, assim como outros grupos de rent a house/room também. Foi onde encontrei quartos para alugar.
Exemplos: rent a home in Malta; rent in Malta; shared accomodation in Malta, etc
É confiável, mas qualquer dúvida, estou a disposição.
Abraços
Oi Marcela! Acabei de ler seu post e adorei! Tb sou psicóloga e estou me mudando para a Europa semana que vem 🙂 acho que nós psicólogas temos um certo comichão né?! Rs
Já coloquei Malta na minha lista de destinos a serem desgraçados!
Beijos!
Olá Julia, tudo bem?
Obrigada por acompanhar nosso blog. Dividir nossas histórias é uma forma de inspirar a outros brasileiros a desbravarem o mundo.
Concordo contigo: os psicólogos tem uma curiosidade e uma vontade de sempre conhecer novos lugares, culturas e pessoas e explorar, explorar e explorar…
Para que país está se mudando?
Beijos,
Marcela
Pingback: Morar em Malta. Por quê não? – Caminhamente
Ola Marcela, meu nome é Marcelo e moro no Brasil (Santos), assim como muitos brasileiros infelizmente estou sem esperanças por aqui e comecei a pesquisar numa mudança radical para minha familia (mulher e filha de 9 anos). Voce saberia me dizer como posso obter informações para uma pesquisa mais aprofundada de como abrir um negocio em Malta voltado para pousada ou hostel?
Olá Marcelo, tudo bem?
Infelizmente não conheço o processo de abertura de empresas em Malta, mas pelo que andei lendo, não parece muito complicado. Conheço dois brasileiros que estão há anos na ilha e são proprietários de empresas de serviço, porém ambos são casados com maltesas (talvez isso facilite). Há um grupo no facebook (link abaixo) apenas com brasileiros em moram na ilha, sendo que alguns tem seus próprios negócios. Acredito ser um bom ponto de partida. Também encontrei três sites com mais informações (links abaixo).
Pessoas de referência: Eduardo do Nascimento Bizu (proprietário do Hotel Spinola); Paulo Adriano Silva (proprietário do Buteco Bar Lounge).
Abraços,
Marcela
http://conexaomaltabrasil.blogspot.com.es/p/negocios.html
https://www.companyincorporationmalta.com/open-a-hotel-in-malta
https://www.lawyersmalta.eu/establish-a-hotel-in-malta
https://www.facebook.com/BrasileirosEmMalta/
Gata, Acho muito legal ser positiva que nem você, mas confesso que estou odiando Malta… Estou ha 5 meses, e no verão ok… é legal… Mas depois você percebe que não tem muito o que fazer aqui… Tudo é um parto… ir no mercado (desde não achar produtos até ser completamente ignorada no caixa por minutos) o transporte é um parto… Voce quer ir trabalhar, passa 1 onibus a cada 10 minutos, e sempre lotado, portanto não param, e voce nao consegue chegar no horario a nao ser que saia com 1 hr de antecedencia. Ah e quando param, voce tem que lidar com a grosseria da maioria dos motoristas que dizem que nao tem troco para uma nota de 5 euros…. Nunca tem eventos,e quando tem, não tem transporte publico, e mal se acha taxi também. Tudo lota e fica impossível de relaxar e curtir. Maltês é mal educado, racista, e não perdem a chance de falar: ¨volta pro seu país¨. Sinto falta de leis trabalhistas. Aqui vc faz hora extra, e só falta seu chefe te dizer “não fez mais do que a obrigação” você raramente recebe por horas extras, e quando recebe, seu chefe também acha que você tem a obrigação de ficar trabalhando ate 11 da noite e que não tem mais vida fora do trabalho. Comprar carro aqui é caro, e você é facilmente enganado… Aqui é terra sem lei. Não gostou? Volta pro seu país… Sei la… Cansei daqui… a Ilha é linda sim, mas o país é uma mini versão do Brasil, a unica diferença que vejo é a segurança… disso não posso reclamar… Malta é muuuuuito segura!!!
Olá Taty,
Não vivo mais em Malta, apenas volto à passeio e visitar os amigos. Ouço opiniões extremamente divergentes sobre a Ilha, há os que amam e não querem outro lugar para morar, mas também há os que não se adaptam e se vão. Escrevo um pouco sobre isso em posts posteriores.
Mas sou sempre a favor de experimentar.
Obrigada pelo seu comentário.
Abraços
Marcela, boa tarde.
Tive uma proposta para trabalhar em Malta e lendo seu texto gostaria de saber se voce poderia me ajudar.
Tentei te achar no facebook e não encontrei seu perfil.
Como faço?
Obrigada
Olá Luana,
Meu endereço no facebook é https://www.facebook.com/marcela.bueno.10236.
Se preferir meu email é: mapsico77@gmail.com.
Abraços,
Marcela